De animal e animau
Diário da Manhã
Publicado em 12 de setembro de 2018 às 00:32 | Atualizado há 6 anos“Não te envergonhes se, às vezes, animais estejam mais próximos de ti que pessoas. Eles também são teus irmãos.” São Francisco de Assis.
Dias atrás, ouvide um conhecido,seu relato sobre um crimebárbaro em seu bairro.Falava alto, indignado:
_O criminoso foi um animal, um A-Nimal!
Preocupada com o que ouvia, dando-lhe razão quanto a sua indignação, pergunto ao prezado leitor:
– Será certo usar o termo Animal para nominar esse homem e sua triste ação? Será que um animal comumente tortura e mata seu semelhante como fez o homem? Ou,é comum o animal praticaras barbaridades com o seu próximo como vemos,rotineiramente, o homem fazernos jornais da cidade?
Pensando bem, acho que o emprego do termo “animal” precisa ser revisto. Considero muito levechamaraquele homem de animal. Daria a ele outro nome de “uma besta humana”ou “monstro ”.
A palavra Animal é recente, data de poucos séculos atrás. Etimologicamente a palavra animal vem do Latim “animalis” e significa ser que respira. Vem do Latim também a palavra “anima” que se refere a alma, vida, sentimento. Pensando assim, o homem e o animal se igualam, ambos respiram, tem vida e sentimento. Entretanto, o homem tem mais, ele é racional, tem inteligência e razão, pensa e age de forma coordenada. Qualidade que o animal não foi agraciado.
Hoje é sabidoque osanimais, mesmo as feras, demonstram muita lealdade, carinho e sentimentode amor entre eles próprios ou com seu dono. Mesmo em sua irracionalidade eles se reconhecem e se respeitam. São incapazes de matarseu semelhante, somente por uma boa causa,e sempre em legítima defesa.Chamamos de “animal” todos os bichos, sejam eles selvagens ou os domésticos.
Com o desenvolver da civilização e da sociedade, os animais têm se aproximado tanto do homeme vice versa que muitos, considerados por nós selvagens, hoje parecem que não são tão selvagens.
Sabemos que no Circo o leão, a onça, o tigre, elefante, macaco, girafa,golfinho e até a baleia e outros mais demonstram uma certa capacidade compreensão e inteligência ao serem domesticados. Aceitam cooperar com o homem que lhes da comida, carinho, e lhes fala com doçura e amor. Muitos aceitam serem domesticados e conseguem entender a fala do homem, dividem o carinho, conseguindo se expressarem, cada um a seu jeito.
Desde que o mundo é mundo, a relação do homem com o animal vem se evoluindo. Hoje é comum veranimais fazendo parte de famílias em casa ou apartamento.A importância de um cão ou gato no contexto familiar é grande e tem sido aconselhado por psicólogos, não apenas paraa companhia de crianças ou idosos. Ele entra como auxiliar na formação socioeducativa e psicológica de crianças,jovens, adultos e idosos. Doar amor, carinho, dividi-los com um animal é encher de alegria o lare a família.
Há séculoseles servem o homem:na medicina, em laboratórios, no trabalho da fazenda, no campo, na cidade como vigia, policiais, guia de cegos, na terapia psicológica e física, e muito mais. Por isso, e pelo muito que eles podem nos proporcionar, temos procurado entende-los, dar-lhes nosso carinho, afeição e bem estar pois sabemos que teremos a reciprocidade que nos comove e encanta.
Voltando ao início do texto, como concordar com o uso da expressão animal referindo-se ao assassino, pessoa fria, calculista, totalmente sem carinho e emoção.
Considero que a palavra Animal é hoje símbolo de entendimento, compreensão, carinho, amor e doação.Deles, os animais, só podemos pensar em ações de alegria e carinho.
Enquanto a relação do homem com os animais cresce em qualidade e amor a do homem com seu semelhante atravessa fase de regressão. Para mim o “besta humano” do início desta história deve ser chamado de Animau, assim mesmo, com a letra “u” para não sujar esta classe tão querida de todos nós, nosso fiel amigo e companheiro de todas as horas. E você?!!! Concorda?!!!
(Maria Elizabeth F. Teixeira, pedagoga, escritora, pertence à Academia Feminina de Letras – Aflag, Academia Trindadense de Letras, Ciências e Artes – Atleca e sócia correspondente da Academia Belavistense de Letras, Artes e Ciência – Ablac)
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