Dê destino certo às embalagens vazias de defensivos agrícolas
Diário da Manhã
Publicado em 4 de setembro de 2018 às 00:16 | Atualizado há 6 anosO meio rural, ao contrário do que imagina muita gente dos centros urbanos, tem aprimorado gradual e rapidamente os cuidados com as questões ambientais. Não tenho certeza se o cidadão urbano tem os mesmos cuidados.
Atualmente, o esgoto gerado por 45% de toda a população brasileira não recebe qualquer tipo de tratamento. Essa condição aumenta os riscos de poluição e contaminação de rios, lagos e outros mananciais onde os rejeitos são lançados.
Diariamente, 5,5 mil toneladas de esgoto não tratado chegam principalmente aos rios, mas também vão parar em reservatórios de água, mananciais e lagos do País. Mas, na hora de criticar, o homem do campo sofre as conseqüências da má fé ou da falta de informação.
O Dia Nacional do Campo Limpo, em 18 de agosto, mereceu celebração. Participaram um milhão de pessoas em todo o País. E entidades ligadas à questão comemoram resultados positivos. Ênfase para a logística reversa de embalagens vazias. Mais de cem unidades de recebimento de 22 estados brasileiros promoveram ações especiais.
Em Goiás, a iniciativa tem apoio da Aprosoja. A Emater, com méritos de sobra para o extensionista Oriçanga de Bastos Júnior, liderou um dia de campo sobre recolhimento das embalagens de agrotóxicos em Terezópolis. Leo Lince é também um batalhador incansável na área preservacionista, mas com o tutano no lugar.
As micro-bacias, em especial o João Leite, que banha a Grande Goiânia ou uma população superior a dois milhões de pessoas, merecem atenção especial. O Brasil é referência mundial na destinação ambientalmente correta do material, encaminhando 94% das embalagens plásticas primárias para reciclagem ou incineração.
Apenas, o Sistema Campo Limpo possibilitou a correta destinação de mais de 23 mil toneladas de embalagens vazias de defensivos agrícolas nos primeiros seis meses deste ano. Em 16 anos de atuação, o SCL já retirou dos campos mais de 480 mil toneladas do material. No País, 94% das embalagens plásticas primárias são devolvidas pelos produtores, contribuindo com a sustentabilidade do agronegócio brasileiro.
Mato Grosso foi o Estado que encaminhou corretamente a maior quantidade de embalagens vazias de defensivos agrícolas, com 5.529 toneladas. O Paraná foi responsável por destinar cerca de três mil toneladas. O Rio Grande do Sul devolveu até junho 2.720 toneladas. Já os agricultores paulistas, devolveram 2.595 toneladas de embalagens. Em Goiás, o número atingiu até meados do ano 2.254 toneladas.
Segundo o IBGE, o Brasil é líder mundial na destinação ambientalmente adequada de embalagens de defensivos agrícolas utilizadas em 76 milhões de hectares de terras cultivadas. Conforme o Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (Inpev), alçar este posto “foi possível graças ao programa brasileiro de logística reversa, denominado Sistema Campo Limpo, que recebe e destina 94% das embalagens plásticas primárias e tornou-se referência mundial”.
A iniciativa foi estabelecida pela Lei Federal 9.974-00. O programa instituiu o conceito de responsabilidade compartilhada. Ele determina obrigações para cada elo da cadeia produtiva agrícola. Envolve desde fabricantes e distribuidores até os produtores rurais com o apoio do poder público. Essa divisão de tarefas resulta em um programa com índices considerados referenciais mundiais.
(Wandell Seixas, jornalista voltado para o agro. Edita às segundas-feiras a página de Agroindústria do Diário da Manhã)
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