Opinião

Exames pré comissionais e provas de aptidão para candidatos políticos

Diário da Manhã

Publicado em 18 de outubro de 2018 às 03:51 | Atualizado há 6 anos

Fa­lar e co­men­tar so­bre po­lí­ti­ca no sen­ti­do de ci­ên­cia é de fa­to uma mis­são pa­ra es­pe­cia­lis­tas, pa­ra ad­mi­nis­tra­do­res (vi­de taylo­ris­mo); en­fim, pa­ra os ci­en­tis­tas po­lí­ti­cos. Por is­so há es­sas cá­te­dras nas uni­ver­si­da­des, uma for­ma­ção de ní­vel su­pe­ri­or. O mo­des­to es­cri­ba que aqui opi­na sem­pre foi de pa­re­cer (te­se) de que to­do ad­mi­nis­tra­dor pú­bli­co, não im­por­ta o car­go, a hi­e­rar­quia, de­ve­ria ter uma for­ma­ção com­pa­tí­vel com a fun­ção exer­ci­da. Co­mo exem­plos des­sa for­ma­ção téc­ni­ca; ges­tão pú­bli­ca, ad­mi­nis­tra­ção ou mes­mo ci­ên­cias po­lí­ti­cas. Ou se­ja, não im­por­ta­ria se ve­re­a­dor, pre­fei­to, de­pu­ta­do es­ta­du­al ou fe­de­ral, go­ver­na­dor ou pre­si­den­te.

Do can­di­da­to a es­ses car­gos ele­ti­vos ti­nham que ser exi­gi­dos, não só uma for­ma­ção es­pe­cí­fi­ca, mas, um con­cur­so. E nes­se cer­ta­me se­le­ti­vo pro­vas oral e es­cri­ta por uma co­mis­são isen­ta que ava­li­as­se o su­jei­to (ho­mem ou mu­lher) em vá­rios que­si­tos. A co­me­çar pe­lo cur­ri­cu­lum vi­tae. Ali­ás, faz-se bem aqui um aden­do. O ver­be­te can­di­da­to, já traz im­plí­ci­ta a ideia de pu­re­za, vem de can­du­ra (can­di­du­ra), al­vu­ra, tran­spa­rên­cia. E afi­nal com to­da a ra­zão, por­que o ges­tor pú­bli­co vai cu­i­dar dos bens al­hei­os, do po­vo, da co­mu­ni­da­de, da mu­ni­ci­pa­li­da­de, do Es­ta­do, da na­ção.

O cur­rí­cu­lo, co­mo de do­mí­nio po­pu­lar é a tra­je­tó­ria de vi­da da pes­soa, seus da­dos ci­vis, sua pro­fis­são, o que ele faz, su­as ap­ti­dões, e no te­ma aqui sua for­ma­ção es­co­lar. No ca­so es­tri­to do po­lí­ti­co, sua fo­lha cor­ri­da. De for­ma mui­to co­e­ren­te e ra­ci­o­nal foi cri­a­da e pro­mul­ga­da uma lei de no­me pe­cu­li­ar, a lei da fi­cha lim­pa. Es­ta, do­ra­van­te é pre­mis­sa fun­da­men­tal. Pa­ra se bus­car um car­go ele­ti­vo (vo­to po­pu­lar) os in­di­ví­duos têm que no mí­ni­mo pa­re­cer, se com­por­tar e de­mons­trar ser por­ta­dor de ho­nes­ti­da­de, hon­ra­dez e dig­ni­da­de pa­ra o car­go pre­ten­di­do. Ve­jam que trí­a­de al­ta­men­te qua­li­fi­ca­do­ra=  apa­rên­cia, de­mons­tra­ção e con­cre­tu­de. Ali­ás, tal trin­ca pa­ra tu­do na vi­da=  pa­re­cer, de­mons­trar e de fa­to ser.

Ho­nes­ti­da­de, pro­bi­da­de e dig­ni­da­de, têm si­do vir­tu­des em fal­ta na ad­mi­nis­tra­ção pú­bli­ca de nos­so pa­ís.

Des­sa for­ma uma vez vis­to es­se pri­mei­ro pas­so, o da fo­lha cor­ri­da, ou fi­cha lim­pa, o ins­cri­to ao car­go ele­ti­vo so­fre­ria uma sa­ba­ti­na, por uma ban­ca exa­mi­na­do­ra sem vín­cu­lo ou ide­o­lo­gia par­ti­dá­ria. A exem­plo da sa­ba­ti­na a que pas­sam os ju­í­zes (mi­nis­tros ) de tri­bu­nais su­pe­ri­o­res. Se­ria uma pro­va oral téc­ni­ca da sua for­ma­ção na­que­la fun­ção plei­te­a­da. Pre­fei­to, de­pu­ta­do, se­na­dor, pre­si­den­te da re­pú­bli­ca. Co­mo eta­pa fi­nal, a pro­va es­cri­ta. Aí, sim, se­ria a ce­re­ja do bo­lo. O to­que fi­nal.

Tal exi­gên­cia, nos mol­des aqui pro­pos­tos não bei­ra nem a uto­pia, nem a dis­to­pia. Bas­ta fa­zer um pa­ra­le­lo com o que se ti­nha há 20 anos e o que vi­go­ra ho­je. An­tes não ha­via exi­gên­cia de ba­cha­re­la­to em di­rei­to pa­ra ser de­le­ga­do de po­lí­cia. Ho­je é re­qui­si­to fun­da­men­tal. E não só es­se car­go . Há um con­cur­so de pro­va te­ó­ri­ca e prá­ti­ca. Há que se de­mons­trar for­ma­ção su­pe­ri­or em di­rei­to, ap­ti­dão téc­ni­ca, in­clu­si­ve com tes­tes de ap­ti­dão fí­si­ca. Nos exa­mes mé­di­cos pré ad­mis­sio­nais fa­zem-se in­clu­si­ve pes­qui­sa atu­al e an­te­ri­or do uso (de­pen­dên­cia, adic­ção) de dro­gas ilí­ci­tas. Não exi­gir tal com­pro­va­ção dos can­di­da­tos a car­gos ele­ti­vos, soa co­mo dis­cri­mi­na­ti­vo, co­mo uma fla­gran­te de­si­gual­da­de de di­rei­tos.  Por que exi­gir de um po­li­ci­al, um de­le­ga­do tais exa­mes e de um de­pu­ta­do, se­na­dor, go­ver­na­dor  , não ?

Exi­ge-se que o can­di­da­to se­ja fi­cha-lim­pa, ele não po­de ter an­te­ce­den­tes cri­mi­nais. To­me um ou­tro exem­plo, o egres­so do cur­so de di­rei­to e “can­di­da­to” a ser ad­vo­ga­do. Aque­le pro­fis­si­o­nal ope­ra­dor do di­rei­to, das leis, dos di­rei­tos e de­ve­res de qual­quer ci­da­dão. De­le é exi­gi­do o mes­mo aqui pro­pos­to ao po­lí­ti­co. Há pa­ra ele a co­nhe­ci­da pro­va da OAB. A or­dem dos ad­vo­ga­dos do Bra­sil (OAB) ; tem em seu es­ta­tu­to es­se exi­gên­cia. São cláu­su­las pé­tre­as, pa­ra o exer­cí­cio da ad­vo­ca­cia fa­zem-se, além do di­plo­ma, du­as pro­vas, uma prá­ti­ca e uma es­cri­ta, de al­to grau de di­fi­cul­da­de. Em al­guns es­ta­dos tem um ín­di­ce de re­pro­va­ção de qua­se 90 %. Tal cons­ta­ta­ção de­mons­tra a qua­li­fi­ca­ção dos for­man­dos e dos cur­sos de di­rei­to que exis­tem no pa­ís. Por­que es­co­las de má qua­li­da­de é o que não fal­ta.

A pro­pó­si­to é opor­tu­no in­for­mar que exis­te uma pro­pos­ta do con­se­lho Fe­de­ral de Me­di­ci­na pa­ra que ha­ja uma pro­va pa­ra os for­man­dos em me­di­ci­na. O que é mui­to lou­vá­vel e sa­lu­tar. Não bas­ta o in­di­ví­duo ter gra­du­a­ção e di­plo­ma. É ne­ces­sá­rio de­mons­trar for­ma­ção e ap­ti­dão na pro­fis­são. Di­plo­ma de mé­di­co e de ad­vo­ga­do se con­se­gue em mui­tas re­pu­bli­que­tas por aí. Cu­ba, Ve­ne­zu­e­la, Bo­lí­via, Equa­dor. Ago­ra , ter su­fi­ci­ên­cia nes­sas for­ma­ções são ou­tros  qui­nhen­tos, ou­tra pe­ga­da. Pa­ra mé­di­cos for­ma­dos em ou­tros paí­ses, exis­te por exem­plo uma pro­va cha­ma­da Re­va­li­da. E com to­da jus­te­za.

Em se tra­tan­do de po­lí­ti­ca no Bra­sil, te­mos um ce­ná­rio dos mais te­ne­bro­sos. A qua­li­fi­ca­ção, as cre­den­ci­ais, a fo­lha cor­ri­da, a fi­cha, o cur­rí­cu­lo dos ins­cri­tos, di­tos “can­di­da­tos” a car­gos ele­ti­vos bei­ram a um te­a­tro de hor­ro­res.

Va­mos ima­gi­nar a se­guin­te pre­vi­são=  há cer­ca de 10 anos, um pro­fe­ta dis­se en­tão no ano 2000 ou 2008. Che­ga­rá um ano aqui no Bra­sil, ano de 2018, tem­po de elei­ções ge­ra­is, em que a mai­o­ria dos “can­di­da­tos” além de fi­chas na­da abo­na­do­ras e dig­nas, res­pon­dem a in­qué­ri­tos e pro­ces­sos ju­di­ci­ais. Não se es­con­ju­re e nem per­sig­ne. Ha­ve­rá can­di­da­to na con­di­ção de réu  e pre­so, lu­tan­do, de­bla­te­ran­do e vo­ci­fe­ran­do aos qua­tro ven­tos que quer go­ver­nar o pa­ís. É es­ta re­a­li­da­de te­ne­bro­sa em que vi­ve­mos . Pre­si­di­á­rios, e réus, sen­do re­e­lei­tos, e ou­tros in­di­ci­a­dos , en­ca­la­cra­dos com a Jus­ti­ça, bri­gan­do pa­ra as­su­mir al­gu­ma fun­ção pú­bli­ca.

Por res­to a re­co­men­da­ção, va­mos es­co­lher e vo­tar no me­nos ru­im. Se­ria o mí­ni­mo que ca­da vo­ta­dor , ca­da elei­tor, ca­da es­co­lhe­dor de nos­sos go­ver­nan­tes , se im­bui no de­ver, mais que di­rei­to de fa­zer. Va­mos nes­sa ?     OU­TRU­BRO/2018.

 

(Jo­ão Jo­a­quim – mé­di­co – ar­ti­cu­lis­ta DM   fa­ce­bo­ok/ jo­ão jo­a­quim de oli­vei­ra  www.drjo­ao­jo­a­quim.blog­spot.com – What­sApp (62)98224-8810)

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