Opinião

Fala sério, mãe!

Diário da Manhã

Publicado em 27 de dezembro de 2017 às 22:28 | Atualizado há 1 semana

Comédia tem sido um gê­nero difícil nos últimos anos. Principalmente no cinema brasileiro, onde tornou­-se hábito produzir filmes sem muito esforço, com cara de tele­visão e sem muitos cuidados téc­nicos. Quando fui chamado para assistir Fala Sério, Mãe!, confes­so, estava esperando mais um filme desse padrão. Infelizmen­te, estava enganado e me surpre­endi com uma obra muito mais verdadeira em suas ambições e que foge de entregar um produto qualquer e sem coração.

Adaptado do livro homônimo da escritora Thalita Rebouças, o filme conta a história de ngela Maria (Ingrid Guimarães) desde o nascimento de sua primeira fi­lha, Maria de Lourdes, até o mo­mento em que a garota cresce e escolhe seguir os seus sonhos. ngela é aquela mãe super prote­tora, amorosa, que não se aquie­ta um minuto e sempre está em busca de algo para fazer. Seja trabalhar, lidar com o casamen­to, arrumar a casa e, claro, cui­dar dos filhos – além de Maria de Lourdes ela tem mais dois.

O que me surpreendeu em Fala Sério, Mãe! foi a sensibili­dade presente na narrativa ao conduzir a relação de mãe e fi­lha, mas, acima de tudo, ao se aprofundar na personagem de ngela tornando ela a força mo­triz de todo o longa. Sem diálo­gos cafonas ou cenários pobres com cara de estúdio de TV, o di­retor Pedro Vasconcelos valori­za o projeto e não deixa o filme cair na infantilidade ou melo­drama barato. Há muito com o que se identificar na obra.

E vamos falar de Ingrid Gui­marães. Há projetos por mais simples que sejam, ou banais que sejam, que encontram na força e carisma de um ator o seu lugar de conforto. No caso de Fala Sério, Mãe! tudo isso re­cai sobre Ingrid. Ela é a alma, o combustível, a pulsão que toma para si cada segundo de tela. Excelente na comédia, e mais ainda ao explorar a sensibilida­de e sentimentos de ngela, Fala Sério, Mãe! é um filme todo de Ingrid. Você sente por ela, sor­ri com ela e vive cada segundo querendo mais ngela no filme. As mães, principalmente, vão se identificar, sem dúvida, com alguma característica da perso­nagem. O filme sabe muito bem criar esta identificação com o público. Seja adultos, adoles­centes ou crianças, a persona­gem de Ingrid será a mais ama­da e querida da obra.

Não se engane, Fala Sé­rio, Mãe! passa longe daque­las obras banais e descartáveis que o nosso cinema popular, geralmente, produz. Realiza­do com carinho e um desejo honesto de contar uma histó­ria universal, o filme é delicio­samente divertido, sutilmente emocionante e encontra em In­grid Guimarães o seu maior fei­to. Um filme ótimo para se ver com toda a família.

(Matthew Vilela, jornalista e crítico de cinema do DM e do blog “Diário da Manhã”)

 

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