Opinião

Finados –  reflexão, saudade e esperança

Diário da Manhã

Publicado em 31 de outubro de 2015 às 22:04 | Atualizado há 9 anos

Nossa reflexão sobre o “Dia de Finados” tem tudo a ver com a vida, pois celebrar o Dia de Finados não pode ser apenas um sentimento de saudade, de lamento, é um dia para reflexão, um compromisso com a realidade concreta da vida. É lembrar-se dos que já se foram, como história, valorizando e agradecendo pelo que temos e somos ainda, que temos a cumprir cada dia. Nosso compromisso com a vida, não é apenas estarmos com os olhos abertos, com todos os mecanismos fisiológicos em perfeito funcionamento, mas a vida só tem sentido quando vivemos o contexto do mundo dos homens e de Deus.

Dessa forma, o clima de finados que tem a  conotação de sofrimento, de perda,  só é possível ser superada no contexto do mistério da fé. Escapa à nossa capacidade de compreensão, de  entendimento da realidade concreta da vida após a morte. No entanto a promessa de Jesus Cristo é a ressurreição, como fruto de conquista feita na vida terrena, porque está fundamentada no mistério da bondade e do amor de Deus em Jesus Cristo. É uma reflexão se fazer, mas é o que nos ensina o próprio Cristo, tendo em vista que  a morte é porta de entrada da vida, o acesso a uma realidade superior, a posse da plenitude. A referência maior de morte deve estar nas palavras de Jesus: “para que todos tenham vida e vida em plenitude” (Jo 10,10). Deus é defensor da vida, que deve ser administrada por nós, dando a ela o rumo certo – a morada definitiva, que só pode ser no seio eterno de Deus.

Ninguém gosta de falar em morte, preferimos viver como se a morte não existisse. Mas na sociedade atual a morte é também banalizada com as guerras, calamidades, aborto, acidentes, violentos assaltos. Mata-se até por amor.  Aí a vida perde o foco dos mistérios divinos. Se é difícil entender a dura realidade de  que a morte faz parte da vida, é o fim do curso vital, torna-se mais difícil entender o porquê de tantas vidas serem tiradas pelas ações desumanas e irracionais. Nossa vida é dom de Deus e só a ele cabe finalizar o seu ciclo terreno.

O Dia de Finados é comemorado desde o século XIII, como uma data reservada para que as pessoas rezem pelos seus parentes e amigos já falecidos. Neste dia, é comum ver pessoas lotando os cemitérios para rezar pelos seus conhecidos. No Brasil o O Dia de Finados é comemorado em 2 de novembro e é considerado um feriado. Finados evoca três realidades em todos nós. A primeira é o sentimento de saudade, porque cada um marca seu tempo e as pessoas com quem convive. A segunda é a esperança, principalmente por saber que a morte não tem a última palavra na vida das pessoas. Por último o compromisso que devemos assumir em nossa caminhada ainda no tempo que passa.

É neste contexto que experimento viver todas as situações de vida para que minha caminhada seja plena: no convívio harmonioso com minha família, na realização de minhas ações no trabalho que assumi como missão na comunidade que vivo, nos exemplos de honradez, no esforço físico e espiritual,  na luta contra as desigualdades sociais, na luta contra todo o todo tipo  de  discriminação, no empenho para a paz. Esse jeito de viver me dá o conforto de que minha vida tem um significado, porque sei que continuarei minha missão de plenitude quando partir da vida terrena. Assim reflito a vida que será eterna: a completude de meus atos na eternidade.  A morte, numa visão de fé, leva-nos a olhar para o acontecimento da cruz de Cristo, mostrando o rosto misericordioso de Deus. A verdadeira esperança não decepciona, porque está fundamentada no mistério da bondade e do amor de Deus em Jesus Cristo. Por fim, a morte tem um valor educativo: ensina o desapego da propriedade privada, iguala e nivela todas as classes sociais, relativiza a ambição e ganância, ensina a fraternidade universal na fragilidade da vida, convida à procriação para eternizar a vida biológica, rompe o apego,  leva ao supremo conhecimento de si e oportuniza aC compreender a vida.Para morrer bem, é preciso viver fazendo o bem: “levaremos a vida que levamos”.  O bem é o passaporte para a eternidade feliz e o irmão que ajudamos será o avalista de nossa glória no céu.

Entendo que o dia de finados, é dia de reflexão, de saudade e de esperança, desejo que neste dia, possamos, vivenciar a oportunidade de refletirmos os mistérios da morte e ressurreição, a exemplo de Jesus Cristo.

 

(Célia Valadão, cantora, bacharel em Direito e vereadora)

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