Opinião

Fraudes em urnas eletrônicas: o crime perfeito

Diário da Manhã

Publicado em 6 de outubro de 2018 às 00:03 | Atualizado há 6 anos

Re­cen­te­men­te,  o can­di­da­to Bol­sa­na­ro ,fez alu­sões aos re­sul­ta­dos das elei­ções pre­si­den­ci­ais,  pre­o­cu­pa­do com pos­sí­veis frau­des con­tra ele.Alki­mim cor­reu a di­zer que tais frau­des são im­pos­sí­veis e a mi­nis­tra Ro­sa We­ber,  re­tru­cou di­zen­do que em 22 anos de uso nun­ca fo­ram com­pro­va­das ne­nhu­ma frau­de nes­te tem­po.A ilus­tre mi­nis­tra, fa­lou o ób­vio, pois frau­des em ur­nas ele­tro­ni­cas de pri­mei­ra ge­ra­çao, não dei­xam ras­tros e po­de ser con­si­de­ra­do um cri­me per­fei­to. Es­te ti­po de ur­na é bas­tan­te ul­tra­pas­sa­do e é só usa­da pe­lo Bra­sil e Ve­ne­zu­e­la e após ge­rar uma se­rie  de pro­ble­mas em elei­ções ame­ri­ca­nas, foi pro­i­bi­da por lei o seu uso em so­lo ame­ri­ca­no.

Atu­al­men­te exis­tem ur­nas ele­trô­ni­cas ,mui­to mais mo­der­nas que as usa­das no Bra­sil.Há ur­nas que com um to­que na te­la abre-se as fo­tos de to­dos os can­di­da­tos e bas­ta o elei­tor to­car nu­ma fo­to e seu vo­to es­tá es­co­lhi­do. A mai­or par­te dos es­ta­dos dos EUA , usam ur­nas ele­trô­ni­cas de se­gun­da ou ter­cei­ra ge­ra­çao. É im­por­tan­te fri­sar que es­tas ur­nas mais mo­der­nas im­pri­mem em pa­pel os vo­tos da­dos pe­los elei­to­res con­fir­man­do a eles su­as re­ais es­co­lhas e tam­bém pos­si­bi­li­tan­do au­di­to­ria e re­con­ta­gem dos vo­tos , ca­so ne­ces­sá­rio. O que é im­pos­sí­vel de ser fei­to no sis­te­ma de vo­ta­ção atu­al do Bra­sil , pos­si­bi­li­tan­do frau­des que não dei­xam ras­tros.

As ur­nas de ter­cei­ra ge­ra­ção gra­vam os vo­tos , co­mo as que usa­mos atu­al­men­te,  e im­pri­mem em pa­pel os vo­tos da­dos.Os elei­to­res con­fe­rem seus vo­tos e os de­po­si­tam em ur­nas fi­si­cas pre­pa­ra­das pa­ra tal. Sim­ples e fun­cio­nais,  per­mi­tin­do au­di­to­ria,  re­con­ta­gem de vo­tos e ofe­re­cem a ga­ran­tia aos elei­to­res que seus vo­tos não fo­ram adul­te­ra­dos,  is­to é  frau­da­dos. Em 2016 , Bol­sa­na­ro fez apro­var uma lei que pre­via a uti­li­za­ção des­tas ur­nas ele­trô­ni­cas de  ter­cei­ra  ge­ra­ção nes­tas pró­xi­mas elei­ções. Ocor­re que o mi­nis­tro Gil­mar Men­des,  sem­pre ele, ale­gan­do fal­ta de di­nhei­ro , se re­cu­sou a bo­tar em prá­ti­ca a lei apro­va­da. O IME e o ITA se dis­pu­se­ram a aju­dar mas na­da de­mo­veu o mi­nis­tro. O im­bró­glio foi pa­rar no STF, que nu­ma de­ci­são equi­vo­ca­da ve­tou o uso das ur­nas.

Uma ur­na ele­trô­ni­ca é uma má­qui­na e co­mo tal faz a von­ta­de do ho­mem,  elas são pro­gra­ma­das por téc­ni­cos do TSE , mais de 100 pes­so­as são en­vol­vi­das nes­tas pro­gra­ma­ções e tem aces­so aos có­di­gos se­cre­tos que dão se­gu­ran­ça à pro­gra­ma­ção jus­ta e per­fei­ta. Com cer­te­za , é pos­sí­vel al­te­rar a pro­gra­ma­ção no tem­po da vo­ta­ção pri­vi­le­gi­an­do um ou  ou­tro can­di­da­to sem que se­ja per­ce­bi­do por to­dos.Pron­to a frau­de es­ta fei­ta sem dei­xar ras­tros e o ven­ce­dor não é o elei­to  pe­lo po­vo e sim o es­co­lhi­do  pe­los ad­mi­nis­tra­do­res do  pro­ces­so. A se­gu­ran­ça do nos­so pro­ces­so elei­to­ral de­pen­de da li­su­ra dos téc­ni­cos e dos ad­mi­nis­tra­do­res de to­do pro­ce­di­men­to. Im­pos­sí­vel ates­tar se­gu­ran­ça to­tal no pro­ces­so atu­al, não é ?

Por­tan­to ,va­mos fi­car aten­tos aos nos­sos vo­tos no dia das elei­ções, de acor­do com ins­ti­tu­i­ções in­ter­na­cio­nais a pro­ba­bi­li­da­de de ter ha­vi­do frau­des nas elei­ções de 2014 , são de cer­ca de 73%.

 

(Ar­thur Cor­né­lio Ot­to, pro­fes­sor,  en­ge­nhei­ro nu­cle­ar, mi­li­tan­te do PPS e co­la­bo­ra­dor do DM)

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