General Golbery
Diário da Manhã
Publicado em 10 de julho de 2017 às 23:55 | Atualizado há 8 anosPesquisador emérito, sempre querendo aprender mais, devorador de livros, Golbery do Couto e Silva era uma das maiores culturas da República, foi um dos fundadores do Serviço Nacional de Informações, o SNI, chefe do Gabinete Civil dos presidentes Ernesto Geisel e João Figueiredo, tendo sido, sem dúvida, um dos homens poderosos da história do Brasil. Bem-humorado, acessível, respeitado nas Forças Armadas, discreto, não aparecia em público; jamais oferecia aos seus aliados uma visão completa do plano que pretendia executar para defender o Regime Militar de 64.
Considerado uma das grandes inteligências do Brasil, ele guardava todos os papéis que lhe chegavam às mãos, os quais eram usados nos momentos oportunos, jamais jogava nada fora.
Nada acontecia neste País que Golbery do Couto Silva não soubesse; tinha, por outro lado, o poder nostradâmico de prever o futuro, preparando-se, com antecedência, para enfrentar situações que pudessem de alguma maneira obstacular os passos da Revolução de 31 de março de 1964, do qual foi um dos estrategistas.
Por discordar do general Costa e Silva para governar o País, caiu em desgraça, voltando triunfalmente, com o general João Figueiredo, depois de ter sido o homem forte de Ernesto Geisel.
Recolhido à sua fazenda de Luziânia, Goiás, Golbery do Couto e Silva levava uma vida modesta, sem luxo, dedicando-se à leitura, pois era intelectual, possuía mais de 15 mil livros, muitos autografados por figuras célebres da literatura brasileira, como Raquel de Queiroz, Rubem Fonseca, João Cabral de Melo. O general Golbery, mesmo afastado do poder, entretanto, jamais deixou de ser ouvido, aconselhando, montando estratégias, agindo nos bastidores da política.
Golbery do Couto e Silva, combatido por uns, elogiado por outros, paradoxalmente foi um dos mentores da moderna democracia brasileira. Morreria em 18 de setembro de 1987 aos 76 anos de idade.
(Luiz Alberto de Queiroz, escritor, autor de 22 livros, entre eles: O Velho Cacique (sobre Pedro Ludovico, 8ª edição), Marcas do Tempo (de Getúlio Vargas a Tancredo Neves), Olímpio Jayme – Política e Violência em Tempos de Chumbo, 1ª ed. – esgotado)
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