Hora do Supremo
Diário da Manhã
Publicado em 18 de junho de 2017 às 01:13 | Atualizado há 8 anosQuando encerou a sua palestra no evento Brasil Futuro, promovido pela Arko Advice e Consulting House em São Paulo, no início de junho, o ministro do STF, Luiz Fux afirmou que o Judiciário não faltará ao Brasil “nestes momentos de dor” e que “o Judiciário vai levar o Brasil ao porto, e, não, ao naufrágio”.
Ainda sob o calor da decisão do TSE em poupar o mandato de Michel Temer, a declaração de Fux se revestia de importância ainda maior. Sabia da imensa agenda que irá desabar sobre ele e seus colegas no STF no segundo semestre.
Imaginem, em meio a uma das mais graves crises políticas do país, como o STF irá agir a uma nova leva de denúncias contra importantes lideranças? Haverá pedidos de prisão? Parlamentares vão ser afastados do exercício do mandato? Quais desdobramentos irão ocorrer com as investigações que envolvem demais lideranças no Congresso? Prosseguirão em ritmo lento? Quem sobreviverá elegível para a disputa de 2018?
E a eventual denúncia de Janot contra Temer? Como será processada? Será consistente o suficiente para prosseguir e chegar à Câmara dos Deputados? As dúvidas sobre as circunstâncias da delação de Joesley Batista serão esclarecidas? Como as eventuais novas delações vão impactar o ambiente? Como conciliar o debate sobre as reformas em um ambiente tumultuado por denúncias?
São questões de mais e tempo de menos para serem respondidas de forma simples e direta. É certo considerar que o STF terá um papel crítico no segundo semestre e cujas repercussões serão intensas sobre a sucessão presidencial em 2018. A degradação da política impõe ao Judiciário um papel nunca antes visto em nosso país. E, por um bom tempo, será assim.
Murillo de Aragão, jornalista, advogado, cientista político
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