Insegurança pública
Diário da Manhã
Publicado em 25 de fevereiro de 2016 às 00:53 | Atualizado há 9 anosO cidadão está indignado e o policial exausto. A cada novo dia o pai de família experimenta novas apreensões e incertezas quanto ao seu bem patrimonial e sua integridade física. A cada novo dia de trabalho para o policial, serão as mesmas pressões e o mesmo inconformismo de lutar por justiça e se ver sempre injustiçado pelo sistema.
O povo reclama com a mais justa razão, pois não suporta mais conviver com a violência e observar que continuamente só cresce.
O policial entrou em tormenta, ao observar que suas prisões e seu combate efetivo tem se tornado inócuo diante do aumento dos alvarás de soltura e a enorme quantidade de menores, sujeitos ao mais amplo e incomodo direito de liberdade excessiva.
O homem de bem necessita trabalhar, ao sair de seu lar está mais angustiado, pois não possui a menor certeza de que estará protegido, e que seus entes queridos estarão em segurança.
O combatente nas ruas atravessa mais um dia de árduas lutas, e ao final inglórias conquistas, pois não basta a ronda e a prisão, a cobrança daquelas vitimas que não puderam ser atendidas afeta sua satisfação de dever cumprido.
Em vão a sociedade tem divulgado o execesso de insegurança, a sensação é que a prestação do serviço não está a contento, estão carentes de prestatividade e eficiência. A resposta de tantas reclamações está na administração pública, que prefere contabilizar números de ocorrência do que profissionais em crescimento.
O trabalhador da segurança anda desanimado, deprimido, necessita conviver com a frustação de não ter feito mais, resolvido mais, atuado mais, pois desdobra-se em três, quatro e ainda assim, termina o plantão com uma lista de atendimentos.
Os fatos já são notórios, as dificuldades cada dia mais evidenciada, a situação parece sem alento, longe de solução adequada, mas todos resistem bravamente. Enquanto isso os órgãos competentes por administrar a segurança pública continuam silente
O cidadão consegue entender que não basta ligar 190 ou 197 é preciso que tenha alguém para atender, e este, quem enviar. E esse cidadão nem se propõe mais a gastar este crédito, prefere ligar direto, já tem plano com a operadora da viatura e com a telefônica da Delegacia. Reconhece que o policial é bravo e resistente, mas fica transtornado com o descaso e a inercia do Estado.
O policial, guerreiro de formação, outros até de nascimento, está ilhado entre os marginais e o homem de bem. Sente-se aflito, teme também por si próprio e sua família. Amargamente tem realizado honras fúnebres a heróis anônimos, pois a avassaladora onda de incerteza já está nos arredores de sua casa, seu lazer e seu trabalho.
Indignação, sim. Quem não está embargado pela dor do crime?
Mas, temos homens valentes que lutam com afinco pelo cidadão inocente.
(Nataniel de Senna, cabo Senna é cabo da Polícia Militar do Estado de Goiás e diretor jurídico da União dos Policiais Militares do Estado de Goiás – Unimil)
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