Intervenção exige união de forças
Diário da Manhã
Publicado em 1 de março de 2018 às 22:32 | Atualizado há 7 anosO cerco às fronteiras estaduais do Rio de Janeiro é o primeiro sintoma de que algo está mudando no rumo de conter a guerra urbana vivida por aquela unidade da federação. A partir do momento em que impedir a chegada de novas armas e munições e dificultar a migração das quadrilhas com seu material para os estados vizinhos, as forças da intervenção tendem a controlar a situação. O controle das vias de acesso é algo que deveria existir regularmente e não apenas em caráter excepcional, assim como a operação integrada das polícias tanto em estados fronteiriços quanto nas esferas federal, estadual e municipal. Para isso, no entanto, torna-se necessária a coordenação dos entes envolvidos e todos voltados para o objetivo comum.
Embora a guerra seja mais aparente no Rio, devido a topografia da cidade e o grau de abandono, as autoridades precisam admitir que ela está presente em toda parte e nos mais diferentes formatos. Os cidadãos literalmente abatidos nas ruas de São Paulo, o roubo de cargas e o assalto a bancos, transportadoras de valores e caixas eletrônicos, praticados diariamente em território paulista, também representam o esgarçamento do tecido social e falta de ação objetiva e coordenada das forças de segurança. O mesmo se dá em Minas Gerais, Espírito Santo, Rio Grande do Norte e, em proporções e diferentes magnitudes, nas 27 unidades federativas.
Torcemos para que as palavras do ministro da Justiça, Torquato Jardim, se materializem quanto à ação integrada do governo em todos os pontos do país onde haja o descontrole na segurança pública. A população não pode continuar refém dos bandidos e as polícias ineficientes por falta de foco ou, pior ainda, por terem a ação tolhida por governantes sem coragem de agir e enfrentar as máquinas criminosas. Os Executivos federal, estaduais e até municipais precisam atuar integrados para que os recursos empregados na segurança cumpram sua finalidade. Não podemos continuar “enxugando gelo” e assistindo passivamente a escalada do crime. Espera-se, também que o Judiciário faça a sua parte aplicando as leis de forma contemporânea, de acordo com as necessidades desse tempo, e que os congressistas, apesar de estarem correndo atrás do voto de reeleição, produzam e votem leis devolvam o equilíbrio e, finalmente, demonstrem que o crime não compensa.
Sem o engajamento geral, não haverá intervenção que solucione o grave problema de insegurança que hoje aflige todos os brasileiros…
(Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves, dirigente da Aspomil (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) aspomilpm@terra.com.br)
]]>