Jesus faz a segunda predição de sua morte
Diário da Manhã
Publicado em 10 de abril de 2016 às 01:56 | Atualizado há 9 anosPartindo dali, caminhava através da Galileia, mas Jesus não queria que ninguém o soubesse. Todos estavam admirados com tudo o que Jesus fazia. Estando eles reunidos na Galileia, Jesus ensinava aos seus discípulos e dizia-lhes:
“Quanto a vós, abri bem os ouvidos às seguintes palavras: o Filho do Homem será entregue nas mãos dos homens e eles o matarão e, tendo morrido, depois de três dias ele ressuscitará”.
E eles ficaram profundamente entristecidos. No entanto, eles não compreendiam essa palavra; era-lhes velada para que não a entendessem. E tinham medo de interrogá-lo a este respeito. (Evangelhos de: Mateus, cap. 17, vv. 22 e 23 – Marcos, cap. 9, vv. 30 a 32 – Lucas, cap. 9, vv. 43b a 45).
Ao partir do sopé do Monte Tabor, localizado à sudeste de Nazaré, onde ocorreu a cura do jovem possesso, Jesus e seus discípulos caminhavam através da Galileia, cumprindo o roteiro de consolação e de fé, mas com discrição, conforme a recomendação do Mestre.
Por onde o Messias passava, causava admiração devido à inúmeras razões, principalmente por causa dos seus ensinos e suas curas inesquecíveis. No entanto, o aviso acerca do seu martírio causava tristeza aos seus apóstolos. Afinal, como evitar que as profecias se cumprissem? Como entender a justiça divina diante do sofrimento que aguardava o tão amado e puro Rabi? Para aqueles homens simples, eram perguntas sem respostas, somente teriam de aceitar a realidade revelada por meio da confidência amiga do Messias.
Restava aos discípulos de Jesus o consolo de que ele retornaria depois de três dias de ter sido torturado e morto pelos homens. Logo depois da tristeza do martírio e da morte do Mestre, a esperança da ressurreição. Todavia, como compreender esse processo de reaparecimento? Mais uma vez, a dúvida pairava, porém não ousavam questionar o Mestre porquanto lembravam que Pedro, ao duvidar, fora repreendido com energia.
Jesus sabia das dúvidas, das preocupações e das limitações espirituais de seus discípulos, mas não poderia deixar de avisá-los para que não fossem tomados de surpresa diante das agruras que sofreria. O tema era grave e Jesus necessitava prepará-los da melhor maneira possível. Sem esse preparo, o impacto da crucificação do Mestre, para alguns discípulos, seria ainda mais desastroso; basta lembrar o que ocorreu com Judas Iscariotes, Pedro e os demais apóstolos, com as devidas proporções. Jesus tomaria um cálice contendo um líquido que ninguém na Terra estaria em condições de provar. Também, Jesus não descia aos detalhes a respeito de sua morte, preferindo uma linguagem velada para um sofrimento antecipado.
Ao afirmar “quanto a vós, abri bem os ouvidos…”, ou seja, estejam atentos, o divino Amigo também adverte quanto à necessária prudência da confidencialidade.
Com esses avisos, Jesus nos ensina que devemos estar preparados para os momentos finais de nossas existências. Organizar as nossas vidas, tanto no plano moral quanto no aspecto material, e preparar os nossos entes queridos para essa separação. A qualquer momento, haveremos de ser chamados para o inevitável regresso a Pátria Espiritual. Nesse sentido, mais uma vez vale lembrar o que o Senhor mandou avisar ao rei Ezequias por meio do profeta Isaías: “Organiza a tua casa porque vais morrer” (Isaías, 38:1-8). Jesus estava “organizando” a sua casa, ou seja, preparando com antecedência os seus apóstolos para o futuro afastamento físico. Dessa maneira, o Mestre foi sincero, previdente, organizado, cauteloso e prudente. Ele sabia transitar nos dois planos da vida: era um ser divino que sabia se comportar como um ser humano.
O Filho da Evolução Humana beberia do fel das supremas angústias da alma, venceria a morte do corpo porquanto possuía poderes de materializar e de desmaterializar o seu corpo. No entanto, o seu sofrimento não foi um simulacro. Sentiu todas as dores do corpo. Também sentiu todas as dores morais de quem ama, as quais ele gostaria de ter afastado: o cálice do desastre moral da sua tão amada Humanidade. Ainda assim, respeitou o livre arbítrio e cumpriu o seu roteiro messiânico.
O nosso vínculo com Jesus é muito mais do que uma mera relação entre discípulos e Mestre. Jesus é o sol espiritual das nossas almas. Somos estrelas a orbitar em torno dessa estrela de primeiríssima grandeza. Ele é o grande diretor da nossa evolução espiritual e planetária. Quer se acredite ou não, essa é uma realidade inafastável. Somos mais do que seus discípulos, somos seus filhinhos espirituais para quem Deus, em Sua infinita misericórdia, entregou e espera receber-nos na plenitude da iluminação interior. As joias do Pai que foram lapidadas por seu Sublime e Amado Ourives. Por isso, ele disse numa mensagem realista ao esclarecer e consolar os apóstolos, segundo a narrativa de João (1-6):
“Não se turbe o vosso coração; crede em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar. E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também. Mesmo vós sabeis para onde vou, e conheceis o caminho. Disse-lhe Tomé: Senhor, nós não sabemos para onde vais; e como podemos saber o caminho? Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim”.
(Emídio Silva Falcão Brasileiro é autor da obra Sabedoria, membro da Academia Aparecidense de Letras).
]]>