Jesus não nasceu na noite de 24 para 25 de dezembro
Diário da Manhã
Publicado em 5 de janeiro de 2017 às 02:00 | Atualizado há 8 anosÉ muito gratificante conviver com pessoas que gostam e fazem literatura. No meu caso a referência é o Desembargador aposentado, Liberato Póvoa, primo e amigo, que além de me repassar seus conhecimentos, que não são poucos, de quando em vez nos presenteia com verdadeiras joias, dentre elas um livro, cuja primeira edição foi publicada no ano de 1958, onde, dentre outros interessantes estudos e comprovações confirmam, também, com base em pesquisas arqueológicas, a verdade histórica dos Livros Sagrados, dentre eles a do nascimento de Jesus.
Como eu havia referido em artigo anterior, publicado neste mesmo espaço, em cujo texto conclamava a todos para uma reflexão sobre o mês de dezembro que encerrava um ano tão tumultuado, referi-me ao conteúdo que trago, nesta oportunidade, ao prezado leitor.
Não tenho a menor intenção de mudar em nada a convicção de quem quer que seja, apenas trago para conhecimento de todos um fato que me chamou muito a atenção em vista da realidade de acontecimentos históricos quando analisados sob a ótica da ciência e da lógica.
Trago aqui a transcrição, com algumas inserções do autor deste artigo, como não poderia deixar de ser, de ocorrências que devem ser analisadas sob a visão e o sentimento despidos de preconceitos, conceitos e dogmas.
O mundo cristão comemora o nascimento de Jesus de 24 para 25 de dezembro. No entanto, os historiadores, os astrônomos e os teólogos concordam que essa data não coaduna com os fatos ocorridos quando do nascimento de Cristo. Nem o ano nem o dia. Como assim? Perguntarão muitos. É que alguns enganos e erros de cálculo escaparam ao monge que vivia em Roma e em 533d.C, recebeu a incumbência de esclarecer sobre o começo da nossa era. Ocorre que nos cálculos dele, não incluiu o Ano Zero, que deve ser inserido entre o Ano Um antes e o Ano Um depois de Cristo. Se isso não bastasse, ele não levou em conta um fator importantíssimo: os 4 anos que o imperador romano Augusto reinou com seu próprio nome de Otávio.
A tradição é clara quando afirma que “Tendo, pois, nascido Jesus em Belém de Judá, reinando o rei Herodes…(Mat. 2-1). Por numerosas fontes atuais, sabemos com certeza quem foi Herodes, quando viveu e reinou. Ele foi nomeado rei da Judéia pelo imperador de Roma no ano 40 a.C. O reinado terminou com sua morte no ano 4 a.C. Portanto, Jesus deve ter nascido antes do ano quatro. Não foi Herodes que lavou as mãos quando da condenação de Jesus?
O dia 25 de dezembro é mencionado pela primeira vez no ano de 354. Sob o reinado do imperador Justiniano (527 – 565 d.C.) a data foi reconhecida como dia de festa. Na escolha desta data, um velho dia de festa romana exerceu um papel fundamental. É que no dia 25 de dezembro era comemorado o “dies natalis invicti”, o “dia do nascimento do invicto”, solstício de inverno em Roma (solstício de inverno é um fenômeno astronômico usado para marcar o início do inverno. Ocorre normalmente por volta do dia 21 de Junho no hemisfério sul, onde está o Brasil e 22 de Dezembro no hemisfério norte, onde está a região onde Jesus nasceu. Naquela mesma data ocorria o último dia das “Saturnais”, que há muito havia se degenerado num carnaval desenfreado que durava uma semana, portanto, uma ocasião em que os cristãos podiam sentir-se mais seguros e não serem perseguidos.
Além dos historiadores e dos astrônomos, coube aos meteorologistas opinarem sobre a fixação da data do nascimento de Jesus. Segundo o Evangelho de Lucas (2-8), …”naquela mesma região havia uns pastores que velavam e fazem de noite a guarda ao seu rebanho”. Os meteorologistas fizeram medidas exatas das temperaturas em Hebron. Localizada no sul das montanhas de Judá, tem a mesma temperatura de Belém, que está muito próxima. A temperatura indica 3 meses de geada: Em dezembro 2,8º, em janeiro, 1,6º e em fevereiro, 0,1º centígrados abaixo de zero. Dezembro e janeiro têm, ao mesmo tempo, as maiores chuvas do ano. Segundo o resultado dos estudos realizados até hoje, o clima na Palestina não deve ter mudado consideravelmente, de modo que as precisas observações meteorológicas atuais podem servir de base irrefutável.
Na época do Natal há geadas em Belém, e com a temperatura abaixo de zero, não devia haver gado nos pastos na Terra Prometida. Esta constatação é reforçada por uma nota do Talmude, (que é em é um livro sagrado dos judeus, um registro das discussões rabínicas que pertencem à lei, ética, costumes e história do judaísmo. É um texto central para o judaísmo rabínico. O Talmude tem dois componentes: a Mishná, o primeiro compêndio escrito da Lei Oral judaica; e o Guemará, uma discussão da Mishná e dos escritos tanaíticos que frequentemente abordam outros tópicos. O Mishná foi redigido pelos mestres tanaítas (Tannaim), termo que deriva da palavra hebraica que significa “ensinar” ou “transmitir uma tradição”. Os tanaítas viveram entre o século I e o século III d.C. A primeira codificação é atribuída ao Rabi Akiva (50 d.C. – 130 d.C.), e uma segunda, ao Rabi Meir (entre 130 d.C. e 160 d.C.), ambas as versões tendo sido escritas no atual idioma aramaico, ainda em uso no interior da Síria).
Pois exatamente o Talmude afirma que naquela região os rebanhos eram levados para o campo em março e recolhidos no princípio de novembro. Os rebanhos ficavam quase 8 meses nos campos. Em nosso tempo, também, os animais na Palestina ficam no curral na época do Natal e com eles, os pastores.
A narrativa do Apóstolo Lucas, que foi médico, falava vários idiomas e chegou em Jerusalém um ano após a morte de Jesus, nos faz entender que o nascimento de Jesus teve lugar antes do começo do inverno e a descrição da estrela no Evangelho de S. Mateus, ocorreu no ano 7 antes de nossa era.
Apenas uma colocação histórica com base em fatos reais e lógicos, sob a ótica da ciência e que em nada muda, pelo menos para mim, o entendimento sobre a sublime missão que Jesus cumpriu, cumpre e cumprirá até o fim dos tempos para cada um de nós. Ele foi, é e será o Espírito de Luz mais evoluído que o planeta Terra já conheceu e por certo não deve ser por acaso que o famoso e internacionalmente conhecido psiquiatra Augusto Cury, um ateu convicto pelo menos até pouco tempo atrás, que se dedica ao estudo da mente humana, que se dobrou e considera Jesus o homem mais inteligente que a história da humanidade já conheceu.
Quem tem dúvidas aprofunde no estudo do Evangelho, em especial do Apóstolo Dr. Lucas.
(José Cândido Póvoa, poeta, escritor e advogado, membro fundador da Academia de Letras de Dianópolis (Go-To), autor do livro Cara a cara com João de Deus, dentre outros – [email protected])
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