Julho pode ser o mês do esgotamento de recursos naturais do nosso planeta
Diário da Manhã
Publicado em 29 de junho de 2017 às 22:55 | Atualizado há 8 anosOvershoot day, conhecido no Brasil como Dia da Sobrecarga da Terra, é o dia em que a humanidade consome mais recursos naturais do que o planeta é capaz de produzir em um ano. A biocapacidade mundial (quantidade de recursos que o planeta é capaz de produzir no ano) é dividida pela pegada ecológica mundial (demanda da humanidade no ano) e multiplicada por 365, número de dias no calendário anual. Assim se determina o dia em que a humanidade esgota os recursos naturais que tem disponíveis por um ano inteiro, sem contar com a necessidade das outras espécies.
Para fazer o cálculo são utilizados grandes conjuntos de dados nacionais agregados, por isso devemos considerar o overshoot day como um dado aproximado, de precisão limitada. De toda forma, ele demonstra que a demanda da humanidade sobre a natureza atingiu um nível insustentável. Em 2016, por exemplo, o overshoot day ocorreu em 8 de agosto, antes mesmo de o ano terminar. Ou seja, a demanda sobre a natureza está indo além da capacidade da Terra de se regenerar.
O cálculo da data é feito pela organização de pesquisa internacional Global Footing Network (GFN), que pretende mudar a forma como o mundo gerencia os recursos naturais, tornando os limites ecológicos fundamentais para a tomada de decisões. A GFN é uma organização sem fins lucrativos, fundada em 2003 com o objetivo de alcançar a sustentabilidade global.
Esse esgotamento dos recursos naturais acontece por vários fatores. Entre eles, pescas e colheitas são consumidas mais rapidamente do que o tempo que demoram para se reproduzir e crescer novamente; florestas são desmatadas em uma velocidade maior do que a necessária para se recuperarem; e, principalmente, a emissão de dióxido de carbono na atmosfera é maior do que a capacidade das florestas e dos oceanos de absorvê-lo. Segundo os dados da GFN, a emissão de CO2 no ambiente compõe mais da metade da demanda do ser humano sobre a natureza.
As consequências desse excesso ecológico são cada dia mais evidentes, com desequilíbrios como a extinção das espécies, a escassez de água doce, a erosão do solo, a perda de biodiversidade e o aquecimento global. Esse aumento da temperatura da Terra trouxe aos governos uma grande preocupação, e a prioridade de refletir sobre a adoção de medidas benéficas para o desempenho econômico e que, ao mesmo tempo, sejam positivas para a natureza.
A pegada de carbono (medida da quantidade total das emissões de gases do efeito estufa) também está ligada a outros fatores, como o uso de terras para agricultura e pecuária, a redução das florestas e a construção das cidades, atividades que ocupam grandes espaços e promovem desmatamento. Assim, com a remoção da vegetação nativa, muitas terras se tornam improdutivas para a absorção de carbono e o gás se acumula na atmosfera em vez de ser completamente absorvido.
No ano de 2000, a GFN começou a coletar dados das Nações Unidas, da Agência Internacional de Energia e da Organização Mundial do Comércio (OMC), além de registros governamentais de diversos países, que permitem à organização calcular o overshoot day. Os dados são claros: o Dia de Sobrecarga da Terra está chegando cada vez mais cedo. Do final de 5 de outubro, no ano 2000, o overshoot day passou para 8 de agosto em 2016.
De acordo com a Global Footing Network, para sustentar os padrões de consumo da humanidade, seria necessária 1,6 Terra. Se mantivermos esse ritmo de consumo, antes de 2050 vamos precisar de duas Terras. fonte. blog.waycarbon.com
(André Júnior, membro da UBE – União Brasileira de Escritores-Goiás. escritorliterario@yahoo.com.b)
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