Liberato Póvoa, um gigante da literatura regionalista nacional
Diário da Manhã
Publicado em 5 de setembro de 2018 às 22:59 | Atualizado há 6 anosMuitos conhecem o erudito articulista do Diário da Manhã, Dr. José Liberato Costa Póvoa. Aos que não, permitam-me apresentá-lo. É um ilustre escritor nascido em 12/04/1944, na então goiana Dianópolis, hoje no Estado de Tocantins. Filho da tradicional família Póvoa, composta de pessoas da melhor cepa, Liberato bacharelou-se em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Exerceu a advocacia e, por concurso público, ingressou na Magistratura, atuando como juiz, em Goiás. Com a criação do Tocantins, foi nomeado desembargador no Tribunal de Justiça do novo Estado, Corte da qual foi presidente, vice, corregedor geral, além de ocupar, também, a presidência de todas as suas comissões permanentes.
Por atribuição constitucional, ocupou por breve período o cargo de governador do Estado. Ali em sua terra e berço, teve atuação profícua e prolífica. Foi professor de Direito Internacional, na Fundação Universidade do Tocantins (Unitins); membro fundador da Academia de Letras Jurídicas do Estado do Tocantins e da Academia Tocantinense de Letras; presidente estadual do Instituto Brasileiro de Magistrados; membro correspondente da “Sociedad Peruana de Criminologia y Ciência Penitenciaria”, dentre outras funções. Acrescente-se a sua atuação como além de deputado federal e deputado constituinte junto à soberana Assembleia Federal Legislativa do Grande Oriente do Brasil.
Aposentado por tempo de serviço, o pai de família exemplar, exercidas todas essas atividades e com invejável bagagem cultural, o Dr. Liberato, dedica-se hoje a fazer o que mais gosta: maior tempo com a família e para ler e escrever, além, é claro, de advogar.
Com mais de três dezenas de obras publicadas e centenas de artigos publicados aqui no Diário da Manhã, sites, revistas e blogs, navegando pelos sete mares e andando pelo mundo afora, Liberato consagra-se como escritor de grande cultura, seja como cronista, contista, contador de “causos”, articulista, poeta e magistral regionalista.
Fala de justiça e política com conhecimento, propriedade e muita coragem, desafiando, com a sua mente preparada e visão aguçada, muitos poderosos encastelados. É um homem corajoso e independente, conquista de poucos. Na literal acepção: é um homem livre.
Liberato, como juiz, por ser independente e corajoso, principalmente quando passou pelo nosso Tribunal Regional Eleitoral, fez inimigos poderosos e implacáveis, que mais tarde iriam persegui-lo. Tais plutocratas jamais conseguiram derrubá-lo, pois a insídia, a calúnia e a difamação não se sustentam. Têm uma base empírica falsa, hipócrita, e covarde, frágeis ante a verdade e o tempo, este que é o melhor juiz (disso tratarei em outro artigo).
Fosse eu aqui falar de todas as obras e feitos de Liberato, encheria as páginas do jornal. Ainda assim, não conseguiria narrar tudo, tantos são os feitos e as muitas conquistas desse notável escritor e historiador. Escultor literato, que maneja a escrita com arte e perfeição. Ou um lapidador que faz do diamante bruto uma jóia de rara beleza.
O seu regionalismo nos encanta e transborda, quando escreve a beleza de sua cidade natal ou a cultura de seu Estado, narrando, em seus contos, a beleza de sua cultura. Nos transporta ao cenário, quando fala, com paixão, do local onde nasceu e passou os melhores anos de sua vida, tratando a sua Dianópolis pela sua denominação primeira: “Que saudade de São José do Duro!”
Nos conta a beleza da cultura local, detalhando sobre as cores das pedras e praças, as ruas, as águas cristalinas, os sons melodiosos dos pássaros, o perfume das flores. Fala das pessoas e de suas riquezas culturais, seus costumes e crenças. Dos doces da época, dos amigos que se formaram e se foram.
Quando fala do Duro, podemos sentir o cheiro do lugar e, voltando no tempo, nos teletransportamos para aquele ali como se fôssemos seus convidados especiais, tamanha a naturalidade e fidedignidade de suas narrativas, das suas descrições de um cenário familiar e alegre, de um passado que permanece vivo e que contagia a todos de muita alegria e satisfação.
Liberato, sem duvida, constrói, com os seus escritos e feitos, um extraordinário legado para os tocantinenses e, principalmente, para os cidadãos de São José do Duro, que ele chama carinhosamente de Duro, deixando-os orgulhosos de ver contada, em versos e prosas, a historia desse lugar que produziu e produzirá, ainda, muitos filhos ilustres como Liberato Póvoa o é.
Tivemos, no Brasil, grandes escritores consagrados, como Machado de Assis, José de Alencar, Bernardo Guimarães, José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Érico Veríssimo, Guimarães Rosa, Taunay, Franklin Távora, Euclides da Cunha etc., nomes, que nos deixaram um legado de beleza e maravilha de suas obras, muitas das quais transformadas em novelas e levadas às telas de cinema.
Em Goiás, temos regionalistas fantásticos, como Bariani Ortêncio, Bernardo Elis e Carmo Bernardes, homens que tive a honra de conhecer pessoalmente e os ler, em suas obras e crônicas, e aos quais junto os fantásticos Hugo de Carvalho Ramos e José J. Veiga, além de tantos outros mestres da escrita regionalista – e me desculpem por não citar todos.
Há dois escritores e poetas goianos que também conheci e não poderia deixar de mencioná-los aqui: Gilberto Mendonça Teles, goiano de Bela Vista, e a nossa querida poetisa Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, a Cora Coralina, mulher que extrapolou as fronteiras de Goiás e do país, com os seus poemas exaltando a força da mulher que viveu à frente de seu tempo.
Hoje, posso afirmar que José Liberato Costa Povoa tem o seu nome gravado na pedra fundamental da melhor cultura, entre os grandes nomes do regionalismo brasileiro, honrando o seu Estado e a sua cidade natal, para orgulho de todos nós que temos o privilégio de conhecê-lo, de conviver com ele e de ler os seus magníficos escritos, obras que nos remetem aos lugares em que o autor busca inspiração para compô-las, fazendo-nos sonhar acordados.
(Alex Neder, advogado criminalista, consultor jurídico e palestrante sobre temas jurídicos. Publicado no “Diário da Manhã” de 27/10/2017)
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