Opinião

Licitações e a dominação política

Diário da Manhã

Publicado em 24 de janeiro de 2017 às 01:13 | Atualizado há 8 anos

A privatização da Celg encerra um longo ciclo de mais de três décadas em cujo contexto a maior empresa estatal de Goiás só perdeu ativos.

Incomoda a muitos correlacionar esse ciclo de decadência com uma palavra muito comum nos noticiários e que tem levado empreiteiros de grosso calibre a passear de camburão nas dependências nem um pouco estreladas da Polícia Federal. É o pulsar da cidadania com o qual o país está pouco acostumado a ver e punir.

É em nome desse valor republicano que  o clamor da sociedade cobra por esclarecimentos colocando em discussão fatos históricos que levaram a empresa fundada pelo grande Juca Ludovico, literalmente, à falência. Quem ganhou com a falência da Celg? Quem ganhou não sei, mas que é necessário investigar, ah!, isso lá sei que é fundamental. Depois de lavadas as mãos da praga da corrupção, será possível construir nova ordem de valores. Cabe ao guardião da sociedade, o Ministério Público, e a Polícia Federal darem respostas às perguntas que hoje inquietam o cidadão goiano que vê sua maior empresa, literalmente, na lona.

Nesse sentido, a busca pela verdade cabe aos técnicos dessas duas instituições, que precisam avaliar a correlação existente entre obras licitadas e os sobreinvestimentos colocados no sistema Celg. Investimentos muito além da demanda requerida por esta são uma forma perversa de dominação política, pois, geralmente, alicerçam-se no falso discurso do “desenvolvimento”, assim, empobrecendo a sociedade. Quem ganhou licitações? Com que frequência? Como foram comandados os processos licitatórios?

E lógico, em nome da transparência, creio que ninguém se importará com a necessária investigação na sua  evolução patrimonial. Na condição de cidadãos, toda a sociedade clama por suas instituições. Separar o joio do trigo se faz necessário. Punir ou isentar é papel da justiça. Levar vantagem à custa do empobrecimento de todo um povo faz parte de um velho Brasil que clama por mudanças. Colocar possíveis espertalhões na cadeia faz parte dessa mudança.

P.S Um bom sinal para a sociedade: é sempre bom lembrar que uma empresa privatizada não necessita de licitações.

 

(Salatiel Soares Correia, engenheiro, bacharel em Administração de Empresas, mestre em Planejamento Energético. É autor, entre outras obras, de A Construção de Goiás)

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