Minha mansão é o inferno

Notícia que causou perplexidade a todos foi a agressão cometida pelo megaempresário Lírio Parisotto contra sua mulher, a modelo, atriz e socialite Luíza Brunet. O que parecia conto de fadas ruiu feito um castelo de areia. Lírio Parisotto foi denunciado à Justiça pelo Ministério Público de São Paulo e na denúncia os promotores narraram várias agressões, durante a última Luíza Brunet ficou com quatro costelas quebradas e um olho roxo, mas já teve também dois dedos das mãos quebrados, recebia chutes e tapas com frequência, etc.

Estupefata, a sociedade brasileira indagou: Nas classes mais abastadas também existe violência doméstica? Sim, existe, mas está numa caixa preta.

Estudos mostram que nas delegacias especializadas 90% das denúncias são de mulheres da classe baixa, contudo, vamos dizer assim, a hipocrisia reina na elite. Aqui, os fatores dinheiro e status social falam muito alto. Estudiosa do assunto, Graziela Pavez, assistente social da Casa Eliane de Grammond em São Paulo, ligada à prefeitura da cidade, diz que muitas mulheres evitam enfrentar o problema para não mudar seu padrão de vida. Têm receio de perder o carro, o apartamento, status e o conforto. Também nas classes mais altas é maioria o número de homens provedores do lar e quando confrontados punem as mulheres encerrando suas contas bancárias, vendendo seus carros, joias e até roupas. Ou seja, a mulher é intimidada pelo poder do homem.

A solução está na quebra desse silêncio, concomitantemente mostrando para essas mulheres que não há dinheiro ou status social que pague sua dignidade, felicidade e liberdade.

Que Luíza Brunet seja inspiração para milhares de mulheres que vivem situação idêntica. Esse modesto artigo está longe de querer esgotar assunto tão complexo.

(Roosevelt Santos Paiva, advogado militante, procurador municipal concursado em Aparecida de Goiânia, vice-presidente da subseção da OAB em Aparecida de Goiânia)