O 9 de julho de 32
Diário da Manhã
Publicado em 13 de julho de 2017 às 00:35 | Atualizado há 8 anosO Dia da Revolução Constitucionalista de 1932, lembrado todo dia nove de julho, comemorado essa semana, é marcado por homenagear o movimento contra o “Governo Provisório” de Getúlio Vargas, que tomou poder com a Revolução de 1930 e instalou no Brasil o governo ditatorial. A revolta ocorrida em São Paulo foi a mais importante do Estado, o último grande combate armado do Brasil e é um bom exemplo de como as manifestações mudaram desde então. 85 anos depois, se comparado aos tempos atuais, essa Revolução provoca reflexões.
Apesar de elogiável para alguns, por ter proclamado o estado de exceção (1937), declarado o Estado Novo e através dele, constituído direitos trabalhistas, diminuído a importância do setor primário na economia brasileira e dar chances de outros Estados intervirem na política nacional, o governo de Getúlio Vargas foi também, inegavelmente, fruto da ditadura populista com inspirações fascistas, responsáveis por criar um Estado intervencionista, paternalista e corporativista que ainda deixa traços nos atuais governos. Na época em que houve a Revolução Constitucionalista, não existiam eleições diretas, então quando Getúlio Vargas, tomou o governo, as elites paulistas almejavam reaver o domínio político que haviam perdido com a Revolução de 1930, que impediu a posse do então Presidente eleito Júlio Prestes. Ademais disso, sem o fim do governo de Getúlio Vargas e sem a convocação de uma Assembleia Constituinte, agravando a Revolução.
Durante três meses o governo nacional foi combatido pelas manifestações e protestos de São Paulo, mas o movimento fracassou e resultou no deporte e cassação dos direitos políticos de líderes da revolta. De qualquer forma o exemplo histórico está aí e mostra as mudanças políticas e sociais sofridas, e apresenta o sofrimento do povo brasileiro que historicamente clama por governos melhores, sem, contudo, sequer ser ouvido. No último biênio, a silente “Revolução” impediu a Presidenta Dilma Roussef de governar o país, prendeu mais de dez políticos, condenou mais de 50 pessoas por participarem de esquemas de corrupção em operações como a Lava Jato e ainda acredita na possibilidade de um segundo impeachment, o do Presidente Michel Temer. O fato é que seguimos lutando por profundas transformações na política, e o que move tudo isso, mesmo de modo bem diverso, é o mesmo que moveu em 1932: O Povo.
(Caio Cesar Mota, advogado e diretor da Comissão de Direito Imobiliário e Urbanístico da OAB de Goiânia)
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