O ciclo da violência
Diário da Manhã
Publicado em 8 de janeiro de 2016 às 23:10 | Atualizado há 9 anosObserva-se cada vez mais a intensificação da degradação moral do ser humano. Essa degeneração dos valores reflete diretamente nas relações sociais. Em visitação a todos os lugares de convivência humana, nota-se a presença exacerbada do individualismo e do egocentrismo, com a mira apontada para o auferimento de vantagem, a todo custo e a qualquer tanto.
Com a perda do respeito à pessoa humana, desde os menores atos, perde-se toda a sociedade, que se debate em meio à violência, corrupção e os mais variados desvios éticos, prevalecendo a mentira, a dissimulação, a avareza, a indiferença e a insensibilidade. É o que se vê hoje em dia, essa é a verdade e a realidade, sem eira nem beira!
Se há vantagem para o bolso, ou para ser atendido na frente do outro, ou para beneficiar o amigo ou o grupo a qual se pertence, pode-se tudo, permite-se tudo, dá-se um jeito em tudo.
Assim os grupos e as preferências se formam, depois de um individualismo adoecido, contaminado pela falta de aceitação do que é diferente, o que, em outros termos, chama-se desamor, que, por sua vez, deflagra a segregação, a falta de fraternidade, a violência travestida e manifestada de múltiplas formas. Então, o ciclo se fecha, os fatos se repetem, os anos passam e a vida continua.
Certa vez, Rui Barbosa, o autor da “oração aos moços”, vaticinou: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.”
Cora Coralina, por sua vez, no poema intitulado “aos moços”, sentenciou: “Creio numa força imanente que vai ligando a família humana numa corrente luminosa da fraternidade universal. Creio na solidariedade humana. Creio na superação dos erros e angústias do presente. Acredito nos moços. Exalto sua confiança, generosidade e idealismo. Creio nos milagres da ciência e na descoberta de uma profilaxia futura dos erros e violências do presente. Aprendi que mais vale lutar do que recolher dinheiro fácil. Antes acreditar do que duvidar.”
Há quem acredita, afinal, que tudo isso ainda tem jeito. Resta acreditar também, e esperar o futuro. Afinal das(de) contas, é preciso dar um jeito!
(Frederico Luis Domingues Bitencourt, advogado)
]]>