Opinião

O doutor Manoel e a medicina integrativa

Diário da Manhã

Publicado em 10 de novembro de 2016 às 01:48 | Atualizado há 8 anos

O caso a seguir é de um caidor que despencou da escada de mármore  de um edifício e, quando esparrachou no subsolo, já estava todo arrebentado por dentro. Dizem que velho morre de um entre três quês, um deles é queda. Daí começou a peregrinação aos médicos. No primeiro atendimento de emergência, após exame radiológico, foram receitados três medicamentos fortes: naprox (anti-inflamatório), cloridrato de ciclobenzaprina (relaxante muscular) e doriless (para dores). Do segundo para o terceiro dia, o paciente começou a inchar as pernas e os pés e, afinal sofreu uma retenção urinária que acabou com implantação de uma sonda num pronto socorro. Daí em diante nova peregrinação aos médicos urologistas. Cada um fazia um diagnóstico e o prognóstico de todos era inevitável cirurgia.

 

Haja paciência

O paciente (haja paciência!) quis ampliar o leque de consultas para ver se havia entre os médicos unanimidade de pareceres e de procedimentos (para não falar de protocolos). Ficou estarrecido. Partiu para a terceira peregrinação e teve a sorte de cair em mãos de um urologista ligado também à medicina integrativa, em Goiânia, que trata por métodos naturais evitando cirurgias de risco, partindo do combate às causas da doença e não aos seus sintomas, como sói praticar a medicina convencional. O médico apresentado nesta entrevista é o doutor Manoel Rocha Filho, CRM/GO 3677, urologista e professor na Faculdade de Medicina da UFG, que em sua clínica particular, Previna, conta também com o atendimento de um bioquímico e analista clínico, doutor Sélim Jorge e uma nutricionista funcional, doutora Mariana Jones, formando assim uma equipe de prevenção de doenças e promoção de saúde, que devolve às pessoas a energia vital e alegria de viver.

 

Medicina Integrativa

1 . Doutor Manoel, qual a diferença da medicina dita integrativa ou ortomolecular e a medicina tradicional?

– A medicina tradicional ou alopática é um dos ramos da ciência médica que trata das doenças já instaladas no organismo, valendo-se de terapias, fármacos e procedimentos que visam combater alterações patológicas agudas, bem como controlar doenças crônicas.

A medicina integrativa, por sua vez, visa restabelecer a homeostase, ou seja, o equilíbrio bioquímico do organismo, permitindo a recuperação natural das condições de saúde. Ambas as modalidades médicas deveriam atuar sinergisticamente e não em sentido antagônico. Numa diferenciação básica, a medicina tradicional trata, sobretudo, do sintoma quando o paciente se apresenta ao médico com suas respectivas queixas, sendo assim submetido a uma avaliação sintomática. Já a medicina, por assim dizer integrativa (incluindo a linha ortomolecular), procura verificar um desequilíbrio orgânico detectando as causas das possíveis doenças a serem combatidas.

2 . O senhor fala em causas e sintomas de doenças, numa relação de causa e efeito. A medicina tradicional trata dos sintomas e não das causas das moléstias. O que provoca as doenças?

– Nosso organismo possui um complexo sistema para manutenção do equilíbrio interno, chamado homeostase, realizado por vários órgãos, tais como, pulmões , rins, coração, fígado e sistema digestivo e imunológico. Quando este equilíbrio é mantido, dificilmente adoecemos. Quando há desequilíbrio da homeostase, ficamos vulneráveis às doenças. Esse desequilíbrio pode ser causado por substâncias tóxicas ambientais ou alimentares, por carências nutricionais e presença de germes no organismo (vírus, bactérias ou fungos), mesmo de forma incubada. Além desses fatores existem mais dois, relacionados ao estilo de vida moderno, que são o estresse e a poluição eletromagnética (toda essa parafernália de equipamentos eletroeletrônicos).

3 . Qual é a diferença da ciência médica inserida nas grades curriculares das faculdades de medicina e da ciência médica estudada numa visão holística, que supera os métodos convencionais?

– Em faculdades de medicina há uma priorização e incentivo ao uso de protocolos para diagnósticos e tratamento de doenças, com pouco incentivo ao uso da medicina preventiva, voltada à manutenção da saúde. O próprio médico tem dificuldade de fazer avaliações fora desse molde acadêmico. A complexidade das doenças instaladas, tanto no organismo do paciente quanto do seu próprio médico, às vezes leva o profissional da saúde a não cuidar-se de si mesmo. Numa visão holística, avalia-se que 80 por cento das doenças são curáveis na sua gênese, podendo ser evitado o sofrimento no trato com o paciente. Há uma distância abismal entre os centros de investigação científica e as possibilidades utilizadas pelo profissional médico que atua junto ao paciente, não lhe restando outra alternativa que não seja cumprir os protocolos convencionais.

4 . O senhor teve uma formação convencional e trabalha numa instituição oficial vinculada à área de saúde. Como consegue conciliar sua metodologia especial com os protocolos oficiais de tratamento exigidos dos médicos?

– Com o decurso de 35 anos de experiência profissional, conseguimos pesquisar e avaliar diversas áreas da medicina para deduzir o que achamos mais benéfico para os pacientes, destinatário primordial de nosso ofício. Observamos que dificilmente adoece o indivíduo equilibrado física e emocionalmente, com boa autoestima e bem nutrido. Quando eventualmente adoece, recupera-se com mais facilidade. Vale notar que os diversos métodos de tratamento (alopatia, homeopatia, ortomolecular e outros) podem ser utilizados complementarmente, porque não são antagônicos entre si.

5 .Todas as doenças têm cura, ou as curas são ocultadas em função da hegemonia da indústria farmacêutica sobre seus prepostos da classe médica?

– A maioria das doenças tem cura, embora tentem nos fazer crer que só podemos curar algumas e controlar as demais. A cura é possível, mas para tanto é fundamental o desejo e comprometimento do paciente ao buscar o tratamento, estando disposto a sair de sua zona de conforto, por vezes tendo que enfrentar mudanças de hábitos e de seu próprio estilo de vida. Um necessário sacrifício inicial será logo compensado em curto ou médio prazo. Temos vários pacientes restabelecidos de doenças ditas incuráveis, tais como lúpus, diabetes, artrose, doenças degenerativas e até câncer.

6 . A medicina ortomolecular ou integrativa está vinculada a uma linha da medicina oriental, chinesa, japonesa ou indiana?

– Não se trata propriamente de uma vinculação da medicina ocidental à medicina oriental, pois universalmente, a medicina como ciência persegue os mesmos objetivos. O que falta ainda, talvez seja uma maior interação das metodologias adotadas, tanto no ocidente quanto no oriente. No mundo ocidental somos mais ligados às tecnologias usadas na medicina, em função de tratamentos sintomáticos ou paliativos, para obtenção de resultados imediatos. Já no oriente a medicina está ligada milenarmente a uma filosofia de vida que vê o ser humano como parte de um todo universal e não apenas como um corpo físico suscetível de adoecimento  e, por isso, tratado fragmentadamente em virtude de doenças pontuais manifestadas em seus diversos órgãos. Mas já está havendo uma convergência de experiências quanto aos novos métodos utilizados na prática de curas. Para ilustrar, citemos um pesquisador americano, doutor Royal Raymond Rife, que já na década de 40 iniciou a técnica do tratamento eletromagnético que permite a cura de doenças que eram ainda tidas como incuráveis, conforme se vê de um livro que documenta tais experiências relatadas pelo PhD Nenah Sylver, sob o título “The Rife handbook off frequency therapy and holistic health” (O livro de terapias frequenciais e saúde holística), edição atualizada de 2011. Esperemos que com a globalização, na nossa “aldeia global”, no dizer de MecLuan, também possa a ciência médica integralizar seus conhecimentos numa visão mais ampla da própria vida humana.

Comentário à parte

Nem sempre os médicos conhecem seus pacientes, mas estes logo conhecem os médicos na primeira interlocução, pela forma como se falem e sejam ou não ouvidos. Geralmente os médicos acham que não têm tempo a perder e não vêem ou ouvem os consulentes por suas individualidades. É da primeira consulta que pode resultar ou não uma empatia ou antipatia na relação médico/paciente. Por que só o consulente tem que ter paciência contra a impaciência do médico?

Eis aí a grande diferença já no modo de interagir do nosso entrevistado, doutor Manoel de Araújo Rocha Filho, que ouve pacientemente seus consulentes sem medir o tempo da consulta, como geralmente o faz um psicólogo ou psicanalista, para depois se manifestar a respeito, dando uma verdadeira aula de medicina direcionada para o caso em foco, com atendimento individualizado para os fins do diagnóstico e do prognóstico a ser aplicado, com a conscientização, o consentimento e a confiança  de quem o procura em busca da prevenção da saúde, não propriamente em função dos aparentes sintomas da doença. Esse é o verdadeiro ato de amor de quem prestou o juramento de Hipócrates e escolheu a difícil missão de tornar-se apóstolo da medicina.

 

(Emílio Vieira, professor universitário, advogado e escritor, membro da Academia Goiana de Letras, da União Brasileira de Escritores de Goiás e da Associação Goiana de Imprensa. E-mail: [email protected])

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