O estupro e a palavra cultura
Diário da Manhã
Publicado em 10 de junho de 2016 às 02:37 | Atualizado há 9 anosO horroroso crime praticado no Rio de Janeiro, recentemente, com uma adolescente nos faz tentar entender a nossa sociedade como um todo. Especialistas de todos os naipes fazem os seus julgamentos, dão as suas opiniões, tentam compreender esse ato tão selvagem. Entretanto, dizer que esse crime faz parte da cultura do homem é, no mínimo, exagero.
A palavra cultura, no meu entendimento, refere-se a coisas boas, como tradição, costume de um povo, nação, bom comportamento e tudo que for “pra cima”, elevado. São coisas que aproximam as pessoas; que as identificam. Podemos dizer que são normas, ritos, que uma comunidade adota ou “copia” dos antepassados, mas que são aprovados e respeitados por todos. Alguns interpretam cultura no sentido de aprendizado: se o indivíduo não estudou nos bancos escolares, não tem cultura. O que pode ser engano, pois podemos ter uma pessoa que nunca frequentou nenhuma escola, mas que é antenada com o mundo, acompanha a evolução dos tempos, ou seja, tem sabedoria, conhecimento, portanto, pode ser considerada culta. Ainda existem outros significados para a palavra cultura: a cultura do milho, do trigo, etc.; a cultura de fungos e bactérias, e assim por diante.
Já a palavra estupro está ligada a algo forçado, não espontâneo, não aceito, não consentido, fato negativo. Expor uma pessoa indefesa, desacordada, a um vexame como esse é uma brutalidade sem tamanho. Se faz parte de mentes assassinas, diabólicas, sem nenhuma justificativa, não pode pertencer a nenhum tipo de cultura. É um gesto abominável e que não pode ser compreendido por ninguém.
Não se deve aceitar esse crime como sendo apenas mais um, porque senão esse também entrará para o rol das estatísticas e será tratado como uma coisa banal, comum. É necessária uma punição rigorosa a todos os envolvidos, para que sirva de exemplo e iniba a intenção de outros que queiram cometer o mesmo tipo de abuso.
(José Willian de Oliveira, médico do SUS. [email protected] / Rua R-2 nº 118 Apt. 302 – Setor Oeste – Goiânia – fone 3293-1975)
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