O Impacto da morte da ativista pelos direitos humanos Marielle Franco
Diário da Manhã
Publicado em 16 de março de 2018 às 23:03 | Atualizado há 7 anosEm uma movimentação inédita, membros do Parlamento Europeu se mobilizam para exigir um posicionamento da Comissão Européia, com sede em Bruxelas, no sentido de suspender as negociações comerciais entre a Europa e o Mercosul, até que haja o fim da violência e intimidação contra a oposição política ao governo de Michel Temer.
O pedido de suspensão partiu de um grupo de 52 deputados que formam a chamada Esquerda Européia Unida. Este grupo representa 10% dos 750 membros do Parlamento Europeu. A carta foi assinada pelo Deputado do Podemos, Miguel Urbán, deputado no Parlamento Europeu e porta-voz do grupo político, que o enviou a Federica Mogherini, Alta Representante para Assuntos Exteriores.
“Sendo o Brasil um país sócio da EU e observando que a Comissão está negociando atualmente um acordo comercial com o Mercosul, exigimos que as negociações comerciais sejam suspensas de forma imediata e seja manifestado seu compromisso com a defesa dos direitos humanos”, afirma Miguel Urbán.
Segundo a visão européia, como a de outros observadores estrangeiros e desprovida de interesses partidários, o assassinato da ativista feminista e defensora dos direitos humanos, se traduz em um crime que se produz no contexto do aumento da violência no Brasil, especificamente no Rio de Janeiro,mas que em Goiás também é retratada, fruto de uma crise social, política e econômica instalada no país propositalmente pelo Governo Michel Temer, e pelos governos que não priorizam os direitos humanos, tendo como objetivo principal amedrontar a oposição e as vozes críticas, defensoras dos oprimidos, com objetivo de influenciar a campanha eleitoral que só está começando.
A organização das Nações Unidas (ONU) também se pronunciou imediatamente à tragédia, e cobrou rapidez e transparência nas investigações do assassinato, através do seu Escritório de Direitos Humanos.
Liz Throssel, porta-voz da organização, classificou o crime como “profundamente chocante” e lembrou que a representante municipal do legislativo era defensora dos direitos humanos, das mulheres e dos negros e que atuava também contra a violência policial.
A conclusão é simples: a intervenção militar no Rio de Janeiro tem se mostrado inconveniente, indesejável, de eficácia duvidosa e de objetivos escusos.
A eficiência da operação militar se traduz em aumento da violência contra a população pobre e negra, que em um primeiro momento, apoiou a atitude do governo federal e que, após uma euforia momentânea, agora se vê amedrontada, presa e enganada. Diante dos fatos, se sente subjugada e quer sua liberdade de volta.
É imprescindível que uma investigação clara seja desenvolvida, vez que Marielle denunciava a existência de grupos de extermínio, os quais são na maioria, oriundos das corporações militares em atividade nesse país.
Se trata da violência nas periferias das cidades brasileiras, problema comum e real que tem ceifado principalmente a vida de milhares de jovens, que, à margem da sociedade, buscam outras fontes de renda, vez que a sociedade não lhes oportuniza.
O problema é gritante e as autoridades fazem vista grossa.
Mas o que é real é o sofrimento do povo pobre, que se traduz, principalmente, na violência das camadas mais humildes e contra a mulher.
Marielle Franco tem hoje o respeito da população mundial, e sua morte não foi em vão.
Fica aqui a minha solidariedade, deixando claro que não me furtarei à luta em favor de uma sociedade mais justa e igualitária, onde a mulher não corra riscos, pelo simples fato de ter nascido mulher.
A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, a CTB Goiás, da qual sou presidenta, é uma organização suprapartidária e que estará nas ruas sempre defendendo as mulheres e a classe trabalhadora. Somos, a maioria da população no Brasil. Represento também, os trabalhadores informais, cujo sindicato é filiado à CTB. Todos os dias estou na luta com diferentes categorias profissionais, tanto, mulheres, quanto homens, jovens empregados, no subemprego e desempregados. Defendo os trabalhadores no serviço público e da iniciativa privada. Temos muitos camponeses na CTB, onde vejo que as mulheres camponesas também sofrem mazelas da violência decorrente desta sociedade imperialista e que determina a profunda desigualdade que vivemos. Goiânia, precisa se levantar contra isso, sob pena de agravar ainda mais os altos índices de insegurança.
Enquanto mulher, mãe, professora e sindicalista conclamo os educadores a estarem na luta, pois, só com verdadeira unidade de ação, e grandes investimentos na educação pública, poderemos alterar o quadro vigente.
Conclamo a sociedade, trabalhadores, governantes e empresários a sentarem e planejarem ações conjuntas pela Paz no mundo.
A CTB é, e será parceira em defesa da vida em primeiro lugar.
(Ailma Maria Oliveira, conselheira do Conselho Estadual de Educação de Goiás e presidenta da CTB Goiás)
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