O legado da senadora Lúcia Vânia e Luis César Bueno para o Senado, em Goiás
Diário da Manhã
Publicado em 23 de agosto de 2018 às 00:12 | Atualizado há 6 anosHá décadas acompanho o trabalho da senadora Lúcia Vânia. No último pleito, fui sua eleitora. Sendo assistente social, pude ver de perto o trabalho da senadora junto à esta política pública, nos anos 90. Sempre atuante, mas discreta, sempre disciplinada, mas autêntica.
Claro que lhe tenho respeito. Entretanto, minha admiração vem se diluindo, após a queima dos 10 jovens vivos, recentemente, no CIA – Centro de Internação de Adolescentes, que funciona há décadas, em um batalhão da polícia militar.
Estive, há cerca de 3 anos, em um café da manhã suprapartidário, realizado em seu escritório. Sendo eu, trabalhadora da secretaria de politicas para mulheres da capital, sou pessoa estudiosa das questões relacionadas às Mulheres. Àquela época, já estávamos à frente, nos rankings nacionais dos números de casos de violência contra mulheres. Infelizmente, nada de sério fora feito e Goiás avança, nestes números.
Recentemente, mais exatamente, 5 dias antes da tragédia ocorrida no CIA e já citada aqui, soube que a senadora Lúcia Vânia e seu sobrinho, Deputado Marcos Abrão, indicaram o atual Secretário de “Cidadania”; sendo este, um jovem agrimensor, fiquei indignada. Papai era Agrimensor, tenho o maior respeito por esta profissão. Mas a Assistência Social exige profissionalismo. Reclamei ao Deputado, via twitter. Atencioso, o mesmo me dissera que tal Agrimensor merecia estar ali, pois se trata de pessoa idônea, sensível, um ex – Diretor de Regularização Fundiária da Agehab; o mesmo, sequer falou à imprensa sobre os fatos, que até hoje, não foram esclarecidos, meses após o ocorrido.
Entendi, então, que Lúcia Vânia não tem contribuído com nosso povo. Nem com os serviços da política de Assistência Social e nem com nossa categoria profissional. Ignora o Suas.
Outro dia, na rede social, falei com sua assessoria, sobre o fato de que, se ao invés de garantir verbas para as santas casas e outras “filantrópicas” e conveniadas, o poder público investisse no SUS, fortalecendo-o, conforme manda a Lei, teríamos mais qualidade e menos desvios de verbas, nos serviços de saúde.
A Senadora Lúcia Vânia votou a favor da cassação da presidente da república, Dilma Rousseff e a favor da PEC dos gastos públicos. Na votação da reforma trabalhista, se omitiu. Seu último projeto de lei aprovado, legalizou a isenção fiscal de estados à empresas, em votação expressiva e comemorada por senadores de todos estados, efusivamente, facilitando para que todos os governos do país, possam, legalmente, conceder subsídios para empresas, além de perdoar dívidas bilionárias. Sem preocupação com contrapartidas sociais, com a qualidade dos postos de trabalho ou a vocação e os interesses das cidades.
Os recursos do FDCO (maior legado da Senadora Lúcia Vânia, à Economia), garantem, por certo, a perpetuação dos comandos políticos e politiqueiros, a a continuidade da história entre “desfavorecidos” e famílias abastadas.
Refleti sobre a presença e a gestão do ex-marido da Senadora Lúcia Vânia e também de sua filha, no governo do Goiás. Filha competentíssima, por sinal, estudada nas melhores escolas do mundo. Mas, mais voltada para negócios e relações internacionais, menos tupiniquim. Concluo que estamos à deriva, no Senado. Lúcia Vânia, como todos nossos senadores goianos, representa a elite.
Foram muitos os retrocessos garantidos pelas nossas elites, nos últimos anos. Nos direitos humanos e políticas sociais, trabalhistas, no Meio Ambiente, na Saúde.
O assistencialismo e o primeiro damismo ainda regem a Assistência Social em Goiás, apesar da Reconceituação do Serviço Social, na década de 70, e até mesmo, da CF/88.
Há um grande prejuízo para os cofres públicos, que pagam por trabalhadores escalados sem competência, devido critérios politiqueiros, sem conhecimento do Serviço Social. Isto perpetua o clientelismo, o paternalismo, a ineficiência dos serviços. E nossas autoridades fecham olhos e tapam os ouvidos para isto, enquanto verborrageiam que são modernas e atuantes. Ninguém as informa.
Penso que novos quadros devem surgir e atuar mais efetivamente, em nosso parlamento. Goiás está na frente na violência contra mulheres e idosas, nas questões da mortalidade infantil, da rotatividade e precariedade salarial do mercado de trabalho, na insegurança, na violência policial… Há muita reincidência no crime, entre adolescentes, jovens e adultos, pouca recuperação. São muitos recém nascidos jogados fora, muitos casos de abuso sexual e violência contra crianças, acontecendo dentro do seio familiar. Muita destruição ambiental.
Desejosa de mudança, fiquei feliz com a possibilidade de termos, no Senado Federal, um parlamentar mais autêntico e combativo, ligado à transformação social e comprometido com a sociedade justa e fraterna sonhada. Foi quando vi o nome do Deputado Luis César Bueno. Mas em seguida, em visita às suas redes sociais, vi a falta de assessoria e o descomprometimento, no que diz respeito às propostas de políticas públicas no campo da seguridade social.
Li sobre um tal “Programa de Recuperação e Recolocação Profissional para Pessoas Portadoras de Doenças de Alcoolismo e Dependência Química”, e sobre um outro, colocando psicólogos nas escolas. Um que garante número telefônico para idosos em situação de depressão. Um acinte!
Isso é retrocesso para a Reforma Psiquiátrica. Nada disso atua nas causas, apenas repete o que já temos e até, o que combatemos. Proselitismo. Cadê o respeito ao Estatuto do Idoso, ao ECA? Cadê, nas escolas, comunidades, empresas e instituições, práticas que sensibilizem e provoquem a metanóia necessária diante das situações de degeneração humana e violência, que estamos vendo cada vez mais, na barbárie social que assola nossa qualidade de vida?
As propostas apresentadas por tal Deputado, oneram ainda mais os cofres do Estado e ignoram os serviços do SUS e do Suas, que já contam com psicólogos e assistentes sociais à disposição da Educação. Além da rede de Caps – assistência psicossocial, que oferece atendimentos alternativos para tratamentos em Saúde Mental, existem os CRAS, que devem oferecer serviços socioeducativos e de convivência social, para todos os membros das famílias, nas comunidades em que vivem. Nos CAIS também devem ser disponibilizados Psicólogos e Psiquiatras, bem como nos ambulatórios de saúde mental e nos serviços emergenciais de internação. Nos CREAS, deve haver o atendimento de serviço psicossocial especializado, para o acompanhamento de casos de violências diversas.
Assistência Social, Saúde e Educação têm que andar juntas, mas não se articulam como deveriam. E não são fiscalizadas preventivamente, neste sentido. As avaliações são meramente para cumprimento de burocracias administrativas.
O SUS e o Suas, com tais propostas, são desrespeitados! Profissionais efetivos, contratados e comissionados, em sua maioria, são ignorantes destas leis, bem como nossos gestores e parlamentares.
Os partidos políticos têm o dever de esclarecer seus parlamentares quanto às políticas que defendem e exigir coerência nas propostas feitas. Penso a Senadora e não a entendo em um partido socialista. Do mesmo modo, penso o deputado.
Socialistas e trabalhadores defendemos Educação de qualidade, SUS e Suas. Quem defende SUS, Suas e Educação, tem que saber que essas políticas públicas somente funcionarão efetivamente, em rede, uma apoiando a outra. Não precisamos de novas leis, mas sim, da efetivação das leis que temos. São muitos os gastos com planos e práticas que não se efetivam ou que são ineficazes. São muitos os gastos com tempo, espaços físicos, recursos humanos e materiais. Isto tem que ser visto e resolvido.
Às vezes acho que nossos candidatos subestimam a inteligência do eleitorado goiano. Goiás merece mais!
(Alexandra Machado Costa, assistente social, servidora pública)
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