O mundo “vai bem”, segundo Steven Pinker, na “Folha de S. Paulo”
Diário da Manhã
Publicado em 7 de setembro de 2018 às 22:53 | Atualizado há 6 anosA “Folha de S. Paulo” publicou, nesta segunda-feira, dia 3, na coluna “entrevista de 2.a” – não gosto da “chamada”, não poderia ser “entrevista de primeira?, brincadeirinha, – entrevista da jornalista Patrícia Campos Mello com o famosíssimo psicólogo e linguista canadense, Steven Pinker, que vive nos Estados Unidos – o por quê será que mudou-se do Canadá e, à propósito, será que a entrevistadora cometeu um “ato-falho” apresentando-o, lógico, no começo da “matéria”, como “canadense-americano”? – desculpem-me, mas, tenho que mencionar, até para que ela compreenda e desculpe-me, que em alguns artigos eu mencionei que nós, também, somos “americanos” e que os canadenses não estão gostando, nada-nada, dos jornalistas brasileiros, até âncoras de jornais e tevês, em horários nobres, referirem-se aos estadunidenses como “norte-americanos” pois, eles, os canadenses, também são “norte-americanos”, inclusive os mexicanos e, lógico, patriota que são, não querem ser confundidos, igualados aos vizinhos, por isto passei a referir-me, àqueles nossos irmãos e irmãs, de “estadunidenses” – credo, os meus amigos, os mais críticos, têm razão, haja paciência com este escrevinhador, obcecado por vírgulas, travessões, explicações com, lógico, inúmeras interrupções, tergiversações, o que disse, ou, não disse em outros artigos e, sempre com o tal de “desculpas” depois, como se isto engordasse nossas contas lá no banco, nos trouxesse, ao menos, mais um minuto de vida, como eu costumava falar, brincando com os meus filhos – mas, então, o título da entrevista: “Populismo se nutre da falsa ideia de que mundo (sic) vai mal, mas ele vai bem” é o título da entrevista abordando as suas ideias e o seu mais recente livro, lançado dia 6, quinta, no Brasil, pela Companhia das Letras com o elegante título: “O Novo Iluminismo – Em defesa da razão, da ciência e do humanismo”. Lógico, a primeira pergunta da Patrícia Campos Mello não poderia ser outra:
“Quando vemos o noticiário, parece que o mundo está cada vez pior. Mas o sr. argumenta que nunca estivemos tão bem. Por que há esse descolamento entre a nossa percepção e a realidade?”.
Steven Pinker:
“Isso decorre da natureza do noticiário e da mente humana. A mente humana avalia risco e perigo por meio de exemplos vívidos, imagens, narrativas. Não somos intuitivamente estatísticos. Se lemos uma reportagem marcante sobre alguém sendo mordido por um tubarão, um terrorista jogando o seu carro no meio das pessoas na calçada, ou um ataque numa guerra, isso nos faz pensar que esse tipo de incidente é extremamente comum”. Mais adiante Pinker discorre: “Já o noticiário tem como objetivo apresentar ao público eventos e incidentes. Se qualquer coisa ruim acontece em qualquer lugar do mundo, é garantido que estará no noticiário”.
O misericordioso leitor assíduo sabe – e, provavelmente até o eventual visto que vivo repetindo – que não compartilho, de modo algum, tal pensamento, aliás, para mim é o oposto, estamos inebriados com o consumismo que consome a natureza ao nosso redor, os rios, as florestas, os mares – em artigo recente mencionei que os cientistas afirmaram existirem 5.000.000.000.000 de objetos plásticos nos mares, copinhos, colherinhas, garrafas, sacolas, sacolinhas – o ar que respiramos, ar não, gases e toda esta devassidão está provocando cataclismos sem precedentes na história da humanidade e, lógico, para os cristãos isto significa a aproximação de uma imediata transformação, na forma de governo no planeta, entretanto, concordo com inúmeros argumentos que levaram Pinker, hoje com 63 anos à pensar assim. Eu também acredito que a humanidade tenha conquistado um grande progresso com a tecnologia, que o populismo é alimentado com fatalismos e que as políticas identitárias são inimigas dos valores iluministas, tanto, que não há como não transcrever, para o misericordioso leitor, mais dois trechinhos que achei espetaculares. Steven Pinker:
“Política identitária é uma teoria de que a humanidade é dividida em grupos baseados em raça, gênero e orientação sexual, qu sempre estão brigando por poder. É a teoria de que precisamos lutar para que um grupo tenha menos poder, para que o outro possa ter mais. Isso é contrário à ideia de que todos os humanos têm a possibilidade de prosperar e sofrer, e que podemos ser engenhosos descobrindo soluções que vão melhorar a vida de todo mundo, não só de determinados grupos”.
“A pobreza é um componente fundamental do bem estar, igualdade econômica não é. Em qualquer economia onde haja livre mercado é inevitável que haja desigualdade econômica. Como aconteceu com a revolução industrial do século 19, e agora, com a revolução eletrônica, é inevitável que algumas pessoas aproveitem melhor que outras as novas oportunidades econômicas”.
Não me contenho e, como é de práxis, volto para partilhar com o misericordioso leitor que, ao ler estas afirmações do psicólogo e linguista, lembrei-me da frase do mestre Jesus Cristo: “Os pobres sempre tereis”. Até.
(Henrique Gonçalves Dias, jornalista)
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