Opinião

O Natal e os costumes da época

Diário da Manhã

Publicado em 9 de dezembro de 2015 às 22:46 | Atualizado há 9 anos

O Natal acessível a todo ser humano deste planeta jamais perderá o brio de sua data comemorativa. Uns mais requintados e regados aos ingredientes de usos e costumes, outros mais simples, contanto que o Deus menino seja rememorado a cada ano. Nas últimas décadas esta modicidade da história tem perdido o fulgor de sua essência quando me lembro que em Goiânia, a partir do mês de setembro, as atividades comerciais que compõem o sustentáculo da economia local se ornamentavam a caráter de tal sorte que irradiavam a alegria e as esperanças nos corações de uma geração.

O tom festivo era latente em todos os recantos da grande Goiânia, mas, sobretudo, no sentimento natalino que animavam as pessoas ao visitar ou passar na frente das lojas centrais da Capital. O tradicional Café Central, Casas Hudersfields, Magazine Central depois Tremendão, Bazar Paulistinha, General Novilar, Lojas Spirandelli, Onogás, Óticas Mota, e muitas outras que enfeitavam o corredor da Avenida Anhanguera ao longo do seu percurso, incluindo-se aí o Setor Campinas, com sua característica própria. Era uma festa de valores onde as pessoas se renovavam com amabilidade o seu próximo, transmitindo calor humano, sentimento e mais que isso a fé no criador e as expectativas para as próximas gerações.

O Natal era uma celebração entre as famílias que em sintonia do mesmo propósito, brindavam o nascimento do menino Jesus. Daí, preparar-se para outro encontro festivo o badalado réveillon para brindar as orgias do novo ano. As movimentações se resumiam em preparar o tradicional traje a rigor e conseguir reservar mesa para a ceia da passagem de ano, especialmente os freqüentadores dos clubes da cidade.

A elite goianiense se centrava no Country Clube, Jóquei e Jaó. Aos demais cabiam o Ferreira Pacheco, Goiânia Tênis Clube e Oásis. Sinto-me que, com os passar dos tempos, esfriaram-se as comemorações acaloradas ao redor das pessoas e nos ambientes maiores. A tecnologia e os avanços da humanidade modularam esta faceta de comportamento.  Diante do desconforto e apatia do seguimento comercial onde as lojas, os shoppings pouco movimentados expressam o desanimo de um povo com os malfazejos de um tempo. A população brasileira extremamente endividada mais da metade inadimplentes face ao afrouxamento do crédito sem a resposta de uma economia saudável e desenvolvimentista. Mudou muito esta passagem da história. Os desarranjos proporcionados pelos últimos governantes da nação desmantelaram, de vez, as estruturas de produção e as riquezas do País.

Pois bem, voltando ao tempo, àquela juventude de outrora, tinha os hábitos conceituais dos fins de semana,  num passeio belo, respeitoso, puro, embora os flertes nascessem de leve, uns aos outros naqueles encontros, num espaço de tempo das 19 às 22 horas, de segunda a domingo ou feriados, rapazes e moças, nos calçadões da Avenida Anhanguera, num vai e vem, abalroavam o espaço desde o Cine Teatro Goiânia até a confluência da Avenida Araguaia na famosa casa de vitaminas Fonte do Paladar. Aqueles que compunham idade mais tenra enfeitavam o ambiente sentado apreciando as belezas daquela mocidade na disputada acomodação de assento no prédio do BEG da Praça do Bandeirante.

Que pena que os tempos mudaram radicalmente. Recordo-me da liberdade das pessoas e famílias quando as suas casas eram protegidas apenas pelas muretas e portão simples acessível a todos até a entrada principal. Não havia a tempestade dos assaltos, dos furtos e roubos, da matança dos dias de hoje onde enfrentamos uma insegurança descomunal. A página a que estamos convivendo agora é uma só, cada qual para si numa verdadeira falta de união entre os seres, tudo isso levado, sobretudo pela destruição da natureza e do próprio ser humano. Mas a vida continua e o Natal está aí, portanto, vamos brindá-lo, carregando a certeza de dias melhores para as famílias desta terra. Feliz Natal e próspero 2016!

 

(Davi Carlos Fagundes, cidadão goianiense, advogado especialista em direito público, membro da Comissão do Advogado Publicista  da OAB-GO e fundador do Comitê de Estudos de Contabilidade Pública do CRC-GO)

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