O Pai Nosso que estais no céu
Diário da Manhã
Publicado em 7 de julho de 2016 às 02:28 | Atualizado há 9 anosA propósito da intensa e covarde doutrinação que os habitantes do Planeta Terra exercem sobre as crianças, causando danos intelectuais irreversíveis, formando uma descomunal legião de aleijados mentais, induzidos ao procedimento de, não pensar e apenas crer, esbulhando os pequeninos em seu direito de ser individual e pensador, conforme conferiu a natureza ao dar-lhes a vida, enquanto seres humanos dotados de razão e soberana individualidade, é preciso entender que:
Ninguém tem o direito de impor a sua crença a quem quer que seja, primordialmente à uma criança, e principalmente sobre coisas imprecisas, improváveis e sem sustentação concreta – lendárias e místicas – no âmbito da realidade, sem nenhum e mínimo vestígio de existência, como por exemplo; O Pai Nosso que Estais no Céu, um ser absolutamente místico e lendário que nunca ninguém viu ou vai ver, e nem ouviu ou percebeu, mas que, insanamente, induzem as crianças a crerem nesse pai invisível, intocável e impercebível, sem dar-lhes nenhuma prova da existência do mito, e, pior ainda, ao recomendarem as crianças de não questionarem, e, apenas crerem naquilo que estão “ensinando”.
Chegará um dia que, a doutrinação estará tipificada como crime contra a pessoa. E, aí então, estaremos livres dos doutrinadores; principalmente as crianças, que sempre foram e ainda são as principais vítimas desses “vendedores de ilusão”, que, em muitas das vezes, eles próprios não acreditam no que pregam aos ouvidos dos ingênuos.
O “ensino” religioso nas escolas é um estupro intelectual, medonhamente praticado por gente pretensiosa e ignorante dos princípios morais, desrespeitadores dos direitos individuais das crianças, e, alienados da realidade universal, onde o que existe de concreto é: “Nós e o universo, numa relação constante, permanente e definitiva”, e, ao invés do “ensino” religioso, deveriam ensinar introdução à ciência, conhecimento do universo, respeito à vida e à natureza, princípios éticos e morais e amor ao próximo.
Entretanto, vemos, estarrecidos, os “representantes do povo” – vereadores – do município de Aparecida de Goiânia, aprovarem projeto de lei que introduz nas escolas municipais a obrigação do culto de oração ao Pai Nosso que Estais no Céu, em total desrespeito a individualidade dos alunos enquanto seres pensantes, obrigando a todos se sujeitarem a humilhante imposição legal, mas, ilegítima e castradora do livre pensar, uma aberração inadmissível ao conceito de modernidade, em qualquer comunidade tida como medianamente esclarecida, ao decorrer do primeiro centenário do terceiro milênio do nosso calendário. E o prefeito – Maguito Vilela – não há de sancionar essa proposta absurda, desmedida, despudorada e desrespeitosa, engendrada por quem tem pouco ou quase nada a fazer na vida.
“O Deus espiritual cultuado pela crença humana, não se encaixa na reflexão científica, por absoluta falta de sustentação. E a fé religiosa, invariavelmente, reprime a reflexão e aniquila o pensamento.”
(Durval Campos, escritor (poeta e prosador) residente em Goianira-GO – [email protected])
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