Opinião

O que seria do homem sem a mulher

Diário da Manhã

Publicado em 31 de março de 2018 às 23:16 | Atualizado há 7 anos

No dia in­ter­na­ci­o­nal da mu­lher mui­tas têm si­do as ho­me­na­gens a ela. Me­re­ci­da­men­te, por­que ima­gi­na não fos­se es­sa cri­a­tu­ra tão grá­cil, tão mei­ga, tão cui­da­do­ra e ma­ter­nal! O que se­ria dos ho­mens?

Ao se­xo ro­bus­to e for­te por­tan­to que é a mu­lher nos­sos pro­tes­tos, nos­so prei­to de es­ti­ma e al­ta con­si­de­ra­ção. Não sei de on­de veio es­sa lo­cu­ção de se­xo frá­gil. Res­sur­ge pe­dan­te e de­se­le­gan­te tal no­mi­na­ção. Pa­ra  re­ba­te de tal acin­te bas­ta ima­gi­nar o ho­mem grá­vi­do. Se­ria um óti­mo di­vi­sor de águas em sa­ber on­de pos­sa ter mais fra­gi­li­da­de, se o cor­po de uma mu­lher ou do ho­mem. Em gra­ci­o­si­da­de, em char­me e be­le­za, ob­via­men­te que a mu­lher dá de dez no ho­mem.

Ali­ás, já hou­ve até al­gu­mas ten­ta­ti­vas pon­tu­ais de al­gum ho­mem con­du­zir uma gra­vi­dez. Mas, no fi­nal res­ta­ram fra­cas­sos e la­men­ta­ções. Me­lhor en­tão en­cer­rar inú­til dis­cus­são.

Quan­do cri­an­ça, con­ta­ram-me que o ga­lo, uma vez na ter­cei­ra ida­de (ve­lho) é ca­paz de por ovos, co­mo as ga­li­nhas. Até ho­je na prá­ti­ca nun­ca po­de ave­ri­guar. A mi­to­lo­gia gre­ga tam­bém nos fa­la que de Jú­pi­ter , de sua co­xa mais pre­ci­sa­men­te, nas­ceu ba­co. São re­la­tos mí­ti­cos. Mi­ner­va nas­ceu da ca­be­ça de jú­pi­ter.

For­tes, frá­geis ou sen­sí­veis, o que im­por­ta é que os dois se­xos são com­ple­men­ta­res, in­ter­de­pen­den­tes e tan­to me­lhor quan­do vi­vem nu­ma sim­bi­o­se de dois em um, um em dois e nes­sa mú­tua tro­ca se for­ta­le­cem eter­na­men­te.

Nes­tes al­bo­res do sé­cu­lo XXI, ain­da vi­ve­mos mui­ta dis­cri­mi­na­ção con­tra as mu­lhe­res. Mui­to já se foi con­quis­ta­do em ma­té­ria de di­rei­tos hu­ma­nos e ca­pa­ci­da­de pro­fis­si­o­nal, mas ain­da fal­ta mui­ta coi­sa.

Bas­ta fa­zer uma re­tros­pec­ti­va da atu­a­ção da mu­lher na po­lí­ti­ca e em car­gos exe­cu­ti­vos e de ad­mi­nis­tra­ção de em­pre­sas e ór­gã­os pú­bli­cos. De exem­plos pon­tu­ais até fim do sé­cu­lo XX, a mu­lher vai aos pou­cos as­su­min­do fun­ções de re­le­vo, se­ja no âm­bi­to pri­va­do e em fun­ções pú­bli­cas e po­lí­ti­cas.

Bus­can­do in­for­ma­ções da his­tó­ria tem-se que a ONU ofi­ci­a­li­zou o dia da mu­lher em 1975 em aten­di­men­to a uma rei­vin­di­ca­ção da igual­da­de de gê­ne­ro. Em paí­ses da Eu­ro­pa e nos Es­ta­dos Uni­dos, des­de iní­cio do sé­cu­lo 20, mui­tas eram as rei­vin­di­ca­ções e pro­tes­tos con­tra as más con­di­ções de tra­ba­lho e ex­plo­ra­ção do tra­ba­lho fe­mi­ni­no.

Em 25 de mar­ço de 1911 hou­ve um in­cên­dio na com­pa­nhia de Blu­sas Tri­an­gle, com mor­te de 125 mu­lhe­res e 21 ho­mens (a mai­o­ria das pes­so­as  ju­di­as).

O dia na­ci­o­nal das mu­lhe­res nos Es­ta­dos Uni­dos, po­de-se con­si­de­rar que ocor­reu em 26 de fe­ve­rei­ro de 1909, em No­va York. Fo­ram 15 mil fe­mi­nis­tas na pas­se­a­ta. A re­cla­ma­ção ge­ral era por re­du­ção da jor­na­da de tra­ba­lho de 16 ho­ras por  dia, sen­do até es­ten­di­da em do­min­gos e fe­ri­a­dos.

Em agos­to de 1910 a ale­mã Cla­ra Zetkin par­ti­ci­pou da 2ª  con­fe­rên­cia in­ter­na­ci­o­nal das mu­lhe­res so­ci­a­lis­tas. A pro­pos­ta de Zetkin, era es­ta­be­le­cer uma jor­na­da anual de ma­ni­fes­ta­ções. Ou­tra ati­vis­ta que de­fen­de a igual­da­de de di­rei­tos e me­lho­res con­di­ções de tra­ba­lho é  a so­ci­ó­lo­ga bra­si­lei­ra  Eva Al­ter­man  Blay. Ela foi se­na­do­ra da Re­pú­bli­ca.

En­fim , o dia 8 de mar­ço se con­so­li­dou co­mo es­sa me­re­ci­da ho­me­na­gem e lem­bran­ça do pa­pel e iso­no­mia da mu­lher em to­dos os ce­ná­rios da vi­da so­ci­al, cul­tu­ral, pro­fis­si­o­nal e po­lí­ti­ca.

Tan­to que ho­je, em vá­rios paí­ses se co­me­mo­ra o dia da mu­lher  e se fa­zem  jus­tas re­fe­rên­cias a es­sa fi­gu­ra, a es­sa per­so­na­gem tão mar­can­te na vi­da das pes­so­as, na so­ci­e­da­de e no mun­do. Ima­gi­ne o mun­do sem a mu­lher.

Nes­se sen­ti­do a pró­pria Rús­sia, a Chi­na e os EEUU são as na­ções que mais re­co­nhe­cem o sig­ni­fi­ca­do, a atu­a­ção e a par­ti­ci­pa­ção da mu­lher na evo­lu­ção e cons­tru­ção de uma so­ci­e­da­de e um mun­do me­lho­res, mais fra­ter­nos e mais jus­tos.

O que se tem de mui­to po­si­ti­vo ho­je é que gran­des con­quis­tas fo­ram al­can­ça­das. Bas­ta re­gis­trar por exem­plo no cam­po dos di­rei­tos hu­ma­nos, nos di­rei­tos so­ci­ais e po­lí­ti­cos, na li­ber­da­de de par­ti­ci­pa­ção na vi­da po­lí­ti­ca e ad­mi­nis­tra­ti­va. Quan­tas não são as mu­lhe­res ho­je, que di­ri­gem gran­des cor­po­ra­ções, em­pre­sas e atuam co­mo es­ta­dis­tas.

Um exem­plo bem re­pre­sen­ta­ti­vo tem si­do a ocu­pa­ção de fun­ções po­lí­ti­cas co­mo par­la­men­tar ou no po­der exe­cu­ti­vo. Pa­ra tan­ta bas­ta fa­zer uma com­pa­ra­ção do nú­me­ro de mu­lhe­res no con­gres­so (de­pu­ta­das e se­na­do­ras) na dé­ca­da de 1980 e nes­se iní­cio de sé­cu­lo XXI.

Em que pes­em to­dos es­ses avan­ços, dei­xe­mos aqui al­guns con­se­lhos e pre­cei­tos às mu­lhe­res. Ei-los.

Mu­lhe­res do Bra­sil e do mun­do, pro­cu­ra­is ser mais exi­gen­tes e se­le­ti­vas em vos­sos re­la­ci­o­na­men­tos. Não vos tor­neis sa­tis­fa­ção dos de­se­jos mas­cu­li­nos, ape­nas.

A vi­da, a dois, de­ve ser pre­vi­a­men­te ex­pe­ri­men­ta­da se há co­mu­nhão de sen­ti­men­tos, idei­as, va­lo­res, prin­cí­pios éti­cos e mo­ra­is. Na­mo­ras­tes, pa­que­ras­tes, con­vi­ves­tes  um pou­co e  per­ce­bes­tes que não dá cer­to, bus­cais ou­tras re­la­ções.

Não vos dei­xeis ser en­ga­na­das por pa­la­vras, apa­rên­cias, ges­tos, ex­pe­di­en­tes ma­li­ci­o­sos e ali­ci­an­tes. Mui­tos se­rão os ho­mens, os jo­vens, os con­quis­ta­do­res e ou­tros va­rões com pa­la­vras e ges­tos me­lí­fluos. Não cai­ais  nas ar­ma­di­lhas de tais pre­da­do­res.

Mui­tas de vós apa­nham, são se­vi­ci­a­das, es­tu­pra­das, tor­tu­ra­das e mor­tas por­que se tor­nam ve­nais, in­gê­nuas e fa­cil­men­te en­ga­na­das. Não se­jais mer­ca­do­ri­as, não se­jais ob­je­tos e sa­tis­fa­ção da sa­nha de crá­pu­las, ca­fa­jes­tes, pre­da­do­res e as­sas­si­nos.  Mos­trai que não são frá­geis , mas grá­ceis , for­tes e de­ci­di­das.   Mar­ço/2018.

 

(Jo­ão Jo­a­quim mé­di­co – cro­nis­ta do DM con­sul­to­rio­jo­ao­jo­a­[email protected]  fa­ce jo­ao jo­a­quim de oli­vei­ra)

 

]]>

Tags

Leia também

Siga o Diário da Manhã no Google Notícias e fique sempre por dentro

edição
do dia

últimas
notícias