O tempo é nosso aliado ou nosso maior inimigo?

Sinceramente acho uma vergonha esses livros de auto-ajuda que trazem fórmulas mágicas de superação e desenvolvimento pessoal, como se houvesse uma receita pronta para se superar todos os problemas! Se realmente fosse fácil assim, bastava um comprimido na prateleira de uma farmácia com uma logo bem grande, dizendo: tomou “Doril” e o problema sumiu!

Para a evolução não basta sentar e esperar ou muito menos procurar métodos paliativos para tudo resolver como um passe de mágica. O tempo em si não cura nada, na verdade pode ser um ato de procrastinação causando um efeito cascata, desabando outras áreas da vida em detrimento de algo mal resolvido. O tempo tira o foco de algo que precisa ser resolvido, e esse mesmo “tempo” que te dispersou, te conduziu para um atalho, num momento oportuno vai te trazer novamente “aquele” problema que parecia estar resolvido, e jogar tudo bem na sua cara.

Eu já caminhei por essa estrada, pisei em espinhos e chutei pedras. No inicio da jornada também acreditei que o tempo fosse o soberano das curas. Que eu seria curada das minhas dores, o tempo amenizou, mas a cura não aconteceu. Concordo com a frase de Martha Medeiros que diz assim: O tempo não cura tudo. Aliás, o tempo não cura nada. “O tempo apenas tira o incurável do centro das atenções.”

Em um momento de introspecção e reflexão sobre a vida, percebi a minha ingenuidade ao pensar que o tempo seria somente meu aliado! Ele também pode ser uma cilada… ou até mesmo nosso maior inimigo. Pense comigo: A cada avanço do ponteiro estamos perdendo um minuto de vida? Ou ganhando a oportunidade de sair do lugar e seguir em direção ao caminho do crescimento? Da transformação, da transcendência e cura?

Talvez pensar que tudo passa, seja apenas um ato de covardia perante a vida, jogar a culpa para o tempo é como assumir a posição de fracasso. O tempo foi emprestado e está nos sendo tirado, e continuamos sentados vendo a vida acontecer.

Não é somente o tempo, a cura não está somente nos livros de auto-ajuda, é bem mais que isso, é um esforço consciente, um ato de dignidade e de amor para com nós, e, respeito com a vida. Caso não tome essa verdade para si, de repente, as velhas dores tornam-se lancinantes e pode ser definitivamente seu fim, pois o tempo haverá acabado, e será tarde demais para reconciliações.

(Josanne Gonzaga, presidente da ONG Conceito e escritora (4 livros publicados, e participação em 3 antologias), coach e administradora de empresas.E-mail [email protected])