O transplante de órgão prolonga e melhora a qualidade de vida?
Diário da Manhã
Publicado em 24 de outubro de 2016 às 23:58 | Atualizado há 8 anosNo mundo, o primeiro transplante renal no homem foi realizado em 1933 por Voronoy, um cirurgião ucraniano, para tratar uma insuficiência renal aguda causada por envenenamento com mercúrio. Barnard, em 1967, realizou o primeiro transplante cardíaco e Starzl, em 1963, o primeiro de fígado. No Brasil, o primeiro transplante de fígado foi realizado pela equipe do Dr. Marcel Machado, em 1968.
Os primeiros experimentos sobre transplante de pulmão foram relatados por Carrel, em 1907, mas o primeiro caso clínico foi descrito por Hardy e seus colaboradores, em 1963. Em 1966, Kelly e seus colaboradores fizeram um transplante de rim e pâncreas em um paciente portador de nefropatia diabética em fase terminal.
Apesar do avanço das técnicas cirúrgicas, tais cirurgiões se deparavam com problemas relacionados à rejeição. Em 1978, a introdução da ciclosporina – droga imunossupressora (antirrejeição) revolucionou os transplantes clínicos em todo o mundo. E na década de 1980, as retiradas de múltiplos órgãos foram padronizadas, surgiram novos medicamentos imunossupressores e foi desenvolvida uma solução de conservação de órgãos que aumentaram o sucesso dos transplantes no mundo. O transplante de córnea é o procedimento de maior sucesso entre os transplantes e temsido o mais realizado na atualidade. Recentemente (março, 2016) nos Estados Unidos, houve o primeiro transplante de útero, em uma mulher de 26 anos diagnosticada com fator de infertilidade uterina.
O Brasil possui um dos maiores programas público de transplantes do mundo,com uma política fundamentada nas Leis n° 9.434/1997 e 10.211/2001,tendo como diretrizes a “gratuidade da doação, a beneficência em relação aos receptores, não maleficência em relação aos doadores vivos”.Os registros da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO) mostram crescimento de 15% nas taxas de doações e transplantes no país em 2008, contudo, ainda existe uma fila de espera com mais de 60 mil pacientes.
A lista das pessoas que esperam o transplante é maior que a captação de órgãos e tecidos.Os transplantes de órgãos e tecidos são considerados uma terapêutica em diversas patologias crônicas e incapacitantes e oportunizam reabilitação e aumento da expectativa de sobrevida.
O transplante de órgãos ou tecido pode prolongar e melhorar a qualidade de vida do transplantado. O transplante poderá oferecer a cura da doença ou transformar um problema de saúde incontrolável em outro sobre o qualse tem controle.Milhares de pessoas com alguma doença cujo único tratamento é o transplante podem ser beneficiadas, sejam elas crianças, jovens ou adultos. Em geral, são aquelas que apresentam uma doença irreversível, crônica ou aguda, mais comumente no rim, fígado, pâncreas, pulmão ou coração, além de tecidos como a córnea e a medula óssea.
O sucesso do transplante depende de inúmeros fatores, primeiramente necessita do doador. Infelizmente não são assuntos abortados em escolas, onde aprendemos na infância a importância da doação de órgão e/ou tecidos, dificultando assim as doações. Pesquisas apontam como problema grave, que impede o maior crescimento dos transplantes, a recusa dos familiares de potenciais doadores para a doação de órgãos e tecidos.
Entre os impeditivos para a doação encontram-se: conhecimento limitado do conceito de morte encefálica,desconhecimento do desejo do potencial doador, crenças,demora na liberação do corpo e medo da comercialização de órgãos.Outros obstáculos na efetivação do processo de doação têm sido citados como não-identificação e manuseio inadequado do potencial doador e contraindicação clínica.
O sucesso do transplante depende da doação dos familiares etipo de órgão a ser transplantado, causa da doença, condições de saúde do paciente, características do doador e sua compatibilidade com o receptor.
(Tainara de Santana Sardeiro, mestra em Enfermagem e docente na Faculdade Estácio de Sá de Goiás / Sue Christine Siqueira, mestra em Atenção à Saúde e docente na Faculdade Estácio de Sá de Goiás)
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