Os cravos da democracia de Mario Soares
Diário da Manhã
Publicado em 18 de janeiro de 2017 às 00:53 | Atualizado há 8 anosPopulares têm como uma de suas caraterísticas marcantes sua resistência, conservando-se em perfeito estado por dias.
Estas flores estão conexas aos anseios de amor, admiração e apreço. Símbolo da Revolução Portuguesa, ou popularmente conhecida como a Revolução dos Cravos. Movimento este que pôs fim a mais antiga ditadura europeia, abrindo caminho para a democracia e para uma nova era aos portugueses.
Três dias depois dos perfumes exalados da Revolução, um dos filhos mais ilustres, Mario Soares, retorna a Portugal depois de anos de exílio.
Militante ativo desde de sua puberdade, Mario Soares serviu ao seu país como Ministro de Negócios Estrangeiros, Primeiro-Ministro, e Presidente. Liderou o processo de descolonização na África, dentre outros importantes feitos.
Combatente do Partido Socialista Português, venho destacar os predicados deste grande vulto do século XX com o Brasil e suas lutas, em especial, com o Trabalhismo tupiniquim.
Irmanado aos que sofreram perseguições assim como ele, abriu as portas de Portugal aos que eram perseguidos pelo regime ditatorial e militar no Brasil. Um desses que sofrera dupla expulsão, pois também sofrera a perseguição do autoritarismo uruguaio, Leonel Brizola, encontrou um amigo e um abrigo seguro com Mario Soares.
Brizola com o amparo de Mario Soares aglutinou a resistência ao regime brasileiro, e seu sonho de retornar à sua pátria, e libertar o seu povo do jugo autoritário o levou à Internacional Socialista e a organização da primeira reunião de exilados brasileiros no exterior, realizada em junho de 1979, conhecida como Encontro de Lisboa, que originou um dos documentos mais importantes da história brasileira contra o regime dos generais.
Esta reunião foi o embrião do futuro PTB que Golbery tirou de Brizola em uma ação subterrânea, mas que culminou com a fundação do PDT, com Brizola na sua presidência e os autênticos trabalhistas.
Vale ressaltar que sem o auxílio do Partido Socialista Português, e em especial do amigo Mário Soares, seria impossível esse encontro em Lisboa.
Mario Soares, pelegrino da liberdade, do socialismo e da solidariedade. Tornou-se uma referência indispensável na análise crítica da globalização excludente, e geradora de injustiças sociais.
Amigo dos oprimidos dedicou sua existência ao povo português e aos que ousaram sonhar um mundo novo.
O Trabalhismo brasileiro é grato a esse gigante português, às suas lições de solidariedade, irmandade e amizade.
São homens assim que enobrecem a existência humana e o sonho de justiça e equidade.
Obrigado, Mario Soares!
Os cravos perfumados de Portugal exalam os libertários do mundo.
(Henrique Matthiesen, bacharel em Direito)
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