Opinião

Os portugueses roubaram o nosso ouro?

Diário da Manhã

Publicado em 13 de novembro de 2015 às 21:35 | Atualizado há 9 anos

Essa mentira desgraçada, ensinada nas escolas e propagada nos púlpitos em sermões “eletrizantes”, em debates entre intelectuais que não leram nem sequer mil livros, em piadinhas escarnecedoras, tornou-se tema de livros, filmes, peças de teatro, música, escultura, pintura, enfim, incrustou-se no nosso folclore repudiando e maldizendo os nossos irmãos portugueses, acusando-os de terem-nos roubado durante a época da colonização. Já afirmei por aqui e por todos os lugares onde estive, desde que tomei conhecimento dos “verdadeiros” fatos, que tudo que os portugueses levaram do Brasil, incluindo todo o pau-brasil e o ouro é mixaria, trocadinho, merreca, perto da grandiosidade da “nossa” Amazônia, conquistada pelo “imperador” em inúmeras guerras com os espanhóis, constituindo o Brasil no que é, ou seja: o maior país em extensão territorial do mundo, do planeta, abaixo da imaginária Linha do Equador e, atualmente, a oitava potência econômica do mundo, com possibilidades, tranquilamente, de ser a quarta ou terceira sob um governo competente.

Outra coisa. Os portugueses seriam responsáveis pela corrupção e a criminalidade reinante por terem enviado para cá os bandidos, ladrões e criminosos, fazendo daqui uma colônia penal também. Para contestar esse absurdo utilizo-me apenas de um exemplo: A Inglaterra não fez a mesma coisa quando colonizou a Austrália, ou os bandidos ingleses são mais – o que dizer? – mais inteligentes? Além disso, entre os bandidos banidos vieram também, para cá, pessoas de boa índole, consideradas criminosas devido às disputas ideológicas e religiosas. Os judeus, que também foram banidos de Portugal e tanto contribuíram e contribuem para o engrandecimento do nosso país, são um dos exemplos e, além disso, outro fator significativo foi a fuga da “família real” para o Brasil. Sendo uma das cortes mais imponentes de toda a Europa, D. João VI trouxe consigo cientistas, escritores, líderes religiosos, poetas, músicos, bibliotecas e objetos artísticos, transformando o Rio de Janeiro numa, não exagerando muito, “metrópole”, numa “Lisboa” para o mundo de então. Além de tudo isso o brasileiro, o carioca D. Pedro II (1025-91), o imperador que regeu por quarenta e oito anos, diga-se de passagem, o imperador que mais reinou em toda a história da humanidade, quase meio século, realizou um governo magistral, progressista e expansionista aonde, por exemplo, a liberdade de imprensa era muito maior, mais ampla do que a hodierna.

Essa vergonhosa mentira produz a ingratidão, na minha humilde opinião a pior das traições porque só pode ser perpetrada pelos “amigos”, nunca pelos inimigos. Gostaria de mencionar a importância fenomenológica do idioma português na formação e “formatação” das nossas idiossincrasias, constituições e instituições, sua estrutura e beleza, mas, o assunto iria encompridar demais, então que “vivam” os portugueses, “com certeza”. Até.

 

(Henrique Dias é jornalista)

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