Os significados das pesquisas eleitorais
Diário da Manhã
Publicado em 24 de agosto de 2018 às 03:41 | Atualizado há 6 anosAnteontem e ontem foram publicados resultados das pesquisas do Ibope referentes às eleições de presidente da República e governador de Goiás. Mais uma vez o ex-presidente Lula aparece em primeiro lugar nas intenções de voto relativas ao pleito presidencial. É um fato impressionante, eis que o líder operário se encontra preso em Curitiba desde abril deste ano, condenado que foi pelo juiz Sérgio Moro à pena de doze anos de reclusão por sentença confirmada por desembargadores da 8ª turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Todas as pesquisas eleitorais, mesmo com Lula preso, têm esse significado extraordinário: vitória do ex-presidente já no primeiro turno. A certeza de que o operário pernambucano voltaria para o Palácio do Planalto na eleição de 2018 foi a causa determinante do golpe civil de 2016. Sentiram os adversários dele que somente um golpe de Estado evitaria o terceiro mandato daquele que governou o país de 2003 a 2011. O golpe foi então adrede planejado e executado. Com Dilma Rousseff na presidência ele não seria viável. A primeira etapa, então, tinha de ser o afastamento definitivo da presidenta. A fim de consegui-lo, por meio de impeachment, fazia-se necessário um esquema poderosíssimo. Tal esquema foi planejado e executado com perfeição. Constituiu-se de impressionante complexo midiático – televisão, maiores órgãos da imprensa escrita (jornais e revistas) – e falada, escolheu-se a dedo um juiz federal, arranjou-se um funcionário do TCU, contou-se com um contingente de quase dois terços da Câmara e do Senado. Explorou-se o descontentamento ideológico causado pela importação de quatorze mil médicos cubanos, escolheram-se dois juristas respeitáveis para ingressar com pedido de impeachment baseado em “crime de responsabilidade” pela prática de “pedalada fiscal” e se executou uma campanha solerte de enfraquecimento político da presidente Dilma Rousseff.
Alcançado o impeachment foi declarado por seus autores que pedalada fiscal não é crime. E veio o plano de destruição contra Luís Inácio Lula da Silva, plano este que teve o juiz federal Sérgio Moro como elemento decisivo para a sua execução. Lula exercera a presidência por dois mandatos e nunca sofrera acusação alguma no plano moral. Mas a partir do impeachment de Dilma Rousseff o golpismo desfechou contra ele várias formas de perseguição no objetivo de alijá-lo completamente.
A terceira eleição de Lula revestia-se de tanta certeza que mesmo estando ele preso desde abril deste ano o percentual de sua vitória na eleição de 7 de outubro próximo, atestado inclusive pela pesquisa de anteontem do Ibope lhe assegura – vale repetir – vitória já no primeiro turno. Isto, obviamente, se a sua candidatura fosse admitida, no que não acredito, apesar da manifestação da comissão de Defesa dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU).
Quanto à eleição para governador do Estado a aferição das tendências do eleitorado situa o senador Ronaldo Caiado na posição de vencer já no primeiro turno. Está ele, segundo Ibope com 38% na preferência do eleitorado, mantendo-se assim no patamar projetado desde as primeiras pesquisas. Os candidatos adversários, por sua vez continuam na faixa próxima de dez por cento revelada desde o início.
Tudo está a indicar que o candidato dos Democratas será o próximo inquilino do Palácio das Esmeraldas.
(Eurico Barbosa, escritor, membro da AGL e da Associação Nacional de Escritores, advogado, jornalista e escreve neste jornal às sextas-feiras)
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