Pão Nosso
Diário da Manhã
Publicado em 12 de junho de 2016 às 02:00 | Atualizado há 9 anosParábolas são narrações alegóricas que trazem, implicitamente, um ensinamento moral. Costumam assustar, impactar, encabular aqueles que as estudam. Realmente, é esse o propósito: sensibilizar quem as lê, fazendo com que sejam analisadas para serem entendidas, e guardam ensinamentos para a vida eterna.
Quanto mais intrigado você ficar, mais precisará de buscar-lhes o significado.
Na parábola do Mordomo Infiel, registrada no Evangelho de Lucas, 16: 1-13, encontramos. no versículo de número 9, instigante comentário de Jesus: “Granjeai amigos com as riquezas da injustiça”.
Afirmativa que a interpretação nem sempre consegue abarcar o profundo significado. Estaria o Cristo incentivando a proximidade do justo com as tramoias da injustiça?
A lucidez de Emmanuel, que pode ser considerado o quinto evangelista, pela percuciente análise dos textos bíblicos, afirma de forma precisa, ao comentar essa passagem: “a maioria dos recursos materiais à disposição dos caprichos humanos procede da injustiça”.
A frase assusta, mas também desperta para a análise e a reflexão.
Procuremos, antes de tudo, entender o que seja “riquezas da injustiça.” As conquistas e legados da humanidade, ao longo da história, advém na maioria dos casos – em si tratando sobretudo das extensões territoriais e das vitórias guerreiras – do espólio e da usurpação. Assim se originaram impérios e potentados. Ou você tem como concluir que não foi bem assim?
Ao longo dos séculos e milênios, nações e povos se formaram a partir da barbárie. E de igual forma se esfacelaram no corredor do tempo.
Se o passado espiritual apresenta-se sombrio e doloroso, insinua a Suprema Misericórdia que é possível amenizar as consequências buscando simplificar necessidades, dedicando-se ao trabalho justo, altruísta e honesto, na reconstrução dos próprios passos.
Ao agir dessa forma, por maior hajam sido as quedas e fracassos, é imperativo que a mudança de hábitos registre novas escolhas que resultem em atitudes mais cordatas e amenas.
Aquele que foi rude, agressivo e irascível, pode tornar-se benevolente e compassivo.
Quando a capa do egoísmo dá lugar à vestimenta da indulgência, reza a lei que tudo conspire à favor daquele que se transforma em instrumento da benemerência.
Quanto maior a dedicação às necessidades do próximo, maior a resposta da simpatia em favor do que se converte em arrimo da negociação pela paz.
É assim que podemos também interpretar o cerne da parábola do “Mordomo Infiel”, narrada por Lucas, na citada fração de seu evangelho.
O homem rico da história, que aborda o seu servidor questionando sobre a propriedade do trabalho para o qual havia sido contratado, exemplifica a prestação de contas a que todos estamos submetidos.
A administração da vida e dos próprios atos, distante dos parâmetros das leis universais, que preconiza a lisura e a agilidade no concerto dos mundos, oferece a chance renovada de se fazer sempre o melhor. Significando isso que sempre é tempo de retomar a retidão e consertar os desatinos.
O servo da parábola, considerado infiel pela sua negligência para com as ordens que deveria cumprir, soube retomar, em tempo hábil, as rédeas das obrigatoriedades.
Num plano de metas incontestáveis, usou de sagacidade. Viu o risco que corria, ao ver retirada suas mordomias. Não parou no tempo e nem se entregou à lamúria e ao desânimo. Correu atrás do tempo perdido.
Negociou com os que estavam em débito com o seu senhor. Ofereceu-lhes condições de acerto, com facilitação de meios e recursos. Organizou a linha de trabalho e procurou o seu superior com a realização do serviço que estava por fazer.
Foi rápido e sagaz. Recuperou a confiança e a credibilidade. Ajuizou em favor da causa dos devedores. Agiu em consonância com a misericórdia e com os vínculos da simpatia.
Angariou agradecimentos dos que foram favorecidos e o reconhecimento de seu senhor, pela sua ação inteligente e pacificadora.
Foi esperto! Você pode concluir. Mas foi mais que esperto. Foi expert em abrir caminhos onde não havia estradas e criar saídas onde tudo parecia estancado.
Busque mais informações. Delicie-se com o texto de Emmanuel, que interpreta, de forma magistral, o versículo de número 9 do capítulo 16 do evangelho de Lucas, no capítulo 111, do livro psicografado por Chico Xavier e editado pela Federação Espírita Brasileira, em 1950, ganhador da medalha de bronze na categoria literária “Christian Thought”, no 2015 llumination Book Award! (Prêmio do Livro Cristão Iluminado), nos EUA, onde foi traduzido como “Our Daily Bread” e que no Brasil é conhecido pelo título: Pão Nosso.
(Elzi Nascimento, psicóloga clínica e escritora. Elzita Melo Quinta, pedagoga, especialista em Educação e escritora. São responsáveis pelo Blog Espírita: luzesdoconsolador.com. Elas escrevem no DM às sextas-feiras e aos domingos. E-mail: [email protected] (062) 3251 8867)
]]>