Parque Ecológico Altamiro de Moura Pacheco
Diário da Manhã
Publicado em 20 de março de 2018 às 22:11 | Atualizado há 7 anosO grande e saudoso Altamiro de Moura Pacheco foi um grande benfeitor de Goiás. Várias foram suas contribuições para o Estado, destacando-se a doação da área de terra para a construção do aeroporto Santa Genoveva. Entretanto, já em idade avançada, ciente de que seus dias estavam contados, fez mais. Como ele havia preservado uma imensa área verde em ambas as margens da rodovia que liga Goiânia a Anápolis e Brasília, tomou a iniciativa de vender o terreno para o Governo do Estado, a fim de que fosse mantido como preservação ecológica. Vendeu por menos da metade do preço de mercado. E, fazendo justiça à sua memória, o Estado deu ao parque o merecido nome de Altamiro de Moura Pacheco, retirando o de Ulysses Guimarães que havia batizado o local de forma inadequada, já que, mesmo portador de muitos méritos como patriota, político e comandante da oposição ao regime militar, jamais teve em defesa de preservação ambiental, jamais defendeu temas ecológicos. A sugestão em prol do nome Altamiro de Moura Pacheco partiu do ilustre goiano Euclides Leão Cunha, em carta publicada no jornal O Popular, em 1997, mais tarde acatada pelas autoridades competentes, e, em 2001, a justiça foi feita. De uma maneira geral, todos, em Goiás, aplaudiram a mudança do nome do Parque Ecológico. As cartas dos leitores inseridas nos jornais são prova dessa assertiva. O Popular, de 1º de junho daquele ano publicou as seguintes cartas dos leitores:
ALTAMIRO PACHECO I
“Louvo a atitude da Assembleia Legislativa, que homenageou Altamiro de Moura Pacheco, colocando seu nome no Parque Ecológico de Goiânia. Homem competente e valoroso, ele demonstrou apreço imenso por Goiânia e por Goiás, chegando a doar propriedades suas para importantes construções nesta capital.
Não se trata de agredir a memória de ninguém na substituição do nome do parque, mas valorizar homens que dignificaram e honraram o Estado, visando preservar a história de Goiás.”
Adhemar Antônio dos Santos Júnior
Centro-Goiânia
ALTAMIRO PACHECO II
“Os grandes benfeitores da humanidade não possuem latitude nem língua ou nação – transcendem, pertencem ao mundo, por isso, não vejo motivos para se preocupar com o nome de Ulysses Guimarães, trocando-o pelo de Altamiro de Moura Pacheco.
Por quê? Ulysses é do País e existem inúmeras homenagens à sua memória. É patrimônio brasileiro. Altamiro é nosso, doou grandes áreas de terra para o Estado e para Goiânia (o Aeroporto Santa Genoveva). O Parque Ecológico ele doou praticamente (preço mínimo, simbólico) para o Estado, com a condição de preservar as matas nativas, as águas e os animais – nada é mais que justo que ele receba uma homenagem de sua terra de berço.
Onde ele será homenageado se não o fizermos? Fora daqui há algo com seu nome? Por isso é questão de justiça defender o nome de Altamiro para o Parque Ecológico – é uma forma de mostrarmos gratidão e, sobretudo, defendermos nossa identidade e goianidade, ambas profanadas toda hora, a cada dia.”
Augusta Faro Fleury Curado
Setor Marista – Goiânia.
Na edição de 23 de junho de 2001, novamente o então conselheiro da AGI, Euclides Leão Cunha, voltou ao assunto, com mais uma missiva no jornal O Popular:
PARQUE ECOLÓGICO
“Enfim corrige-se a injustiça que se praticara contra o Dr. Altamiro de Moura Pacheco quando da criação do Parque Ecológico, dando àquela área, que se constitui na principal referência de preservação da natureza em nosso Estado, outro nome que não o de quem a conservou por mais de meio século e a entregou ao Estado por menos da metade do preço.
Em carta publicada neste espaço em 16 de janeiro de 1997 manifestei a opinião de que o grande líder nacional que foi Ulysses Guimarães, o qual, com sua coragem, patriotismo e inteligência privilegiada, soube conduzir a oposição à ditadura militar de triste memória, merece todas as nossas homenagens. Mas nada mais inadequado que dar seu nome àquele parque, que não poderia ter outro nome senão Altamiro de Moura Pacheco.
Não se deve, entretanto, simplesmente cancelar a homenagem prestada a Ulysses Guimarães. Por quê não se dar seu nome a outro local, por exemplo, a rodovia que liga Goiânia a Brasília?”
Euclides Leão Cunha
Setor Sul – Goiânia.
O QUE É O PARQUE ECOLÓGICO
O Parque de Preservação Ambiental e Florestal Altamiro de Moura Pacheco foi criado pela lei 11.471 de 3 de julho de 1991 e regulamentado através da lei 11.878 de 30 de dezembro de 1992. Dentro de seus limites está conservada uma ampla extensão de floresta do tipo Mato Grosso Goiano ou Mata-Seca. Esta unidade possui uma área de aproximadamente 3.100 hectares, localizada às margens da Rodovia BR-060.
As obras de estruturação e apoio turístico tiveram início em 5 de junho de 2001 (Dia Mundial do Meio Ambiente) e o Parque foi reaberto ao público em 2001, para que todos pudessem desfrutar com conforto e segurança de um dos mais importantes remanescentes de mata do Estado de Goiás.
O Parque abriga o sítio arqueológico de uma antiga aldeia indígena da sub-fase Mossâmedes da fase Aratu, um grupo ceramista e horticultor que se estima ter vivido na região entre 15 e 5 séculos atrás. De outro lado, parte da área de que hoje se constitui o Parque foi, há tempos, uma grande fazenda voltada principalmente para a criação de gado. Dessa fase de ocupação humana, o Parque ainda guarda testemunhos, como a casa do proprietário, um curral e a pequena casa de um funcionário agregado.
Ali era a sede da fazenda Dois Irmãos, muito bem cuidada quando vivia Altamiro Pacheco. Na reserva desliza o Rio João Leite que abastece a captadora d’agua do esquema Saneago, responsável pelo abastecimento da grande Goiânia.
(Walter Menezes, ex-presidente, conselheiro permanente da Associação Goiana de Imprensa e diretor do Jornal da Cultura Goiana)
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