Opinião

Paternidade, excelência de Deus

Diário da Manhã

Publicado em 14 de agosto de 2016 às 03:23 | Atualizado há 8 anos

O Papa Francisco afirma que toda família necessita do pai. Proximidade, doçura e firmeza, são atitudes necessárias, e que só podem ser manifestadas com um pai presente na família. Para o pai cristão, há apenas um caminho para não desanimar de viver plenamente a sua paternidade: ter a certeza de que os filhos não são somente dele, mas, também, e, sobretudo, de Deus; confiá-los a Ele, que os conhece melhor, que conhece os tempos de cada um e a capacidade de cada um; não para se descomprometer, mas para não fazer de um insucesso, neste campo, uma tragédia que apague qualquer alegria e comprometa toda a vida familiar. Pode-se fracassar como pai mesmo sem nenhuma culpa própria. E quando não se consegue mais falar ao próprio filho de Deus resta ainda uma possibilidade: falar a Deus do próprio filho, isto é, rezar.

Uma coisa que o pai deve corrigir é precisamente esta. Seu verdadeiro papel na família não é, com efeito, se ocupar da parte financeira, mas ser a imagem de uma bondade forte. O pai não é chefe do jeito de quem dirige um trabalho ou um exército, e deve reconhecer, também, a contribuição da esposa e externar esse reconhecimento com gestos e palavras.

O pai deve estar próximo da mulher para compartilhar tudo, alegrias e tristezas, fadigas e esperanças. E deve estar próximo dos filhos em seu crescimento: quando brincam e quando se empenham, quando ousam ou hesitam, quando erram e voltam atrás. Pai, presente sempre, e presente não significa controlador, pois, pode anular o filho. O pai que sabe corrigir sem humilhar, é o mesmo que sabe proteger sem poupar-se. Depois de experiências e falências, os filhos voltam para casa e se não encontrarem o pai podem sofrer feridas difíceis de serem curadas.

A paternidade deve-se enriquecer, em relação aos filhos, pela amizade. Isso exige que se fale livremente com eles; que não se continue a tratá-los como crianças, como acontece muitas vezes; que não se apegue demais para a autoridade e nem para o paternalismo; que se tenha a paciência necessária de esperar que amadureçam para que descubram por conta própria a razão de certas decisões. É importante ressaltar que a autoridade do pai tem dimensão cósmica, aos olhos de Deus, o pai é o gerente daquilo que está sob sua responsabilidade.

O problema hoje não é mais a presença invasiva do pai, mas a sua ausência: o pai está foragido, concentrado em si mesmo. A ausência do pai é muito nociva às crianças e aos jovens, produz lacunas que podem ser muito graves; e sem perspectivas e sem valores, eles ficam vazios e propensos a buscarem ídolos que preencham os seus corações. Mas, também, quando está em casa, muitas vezes não se comporta como pai, não cumpre o seu papel educativo, não dá a seus filhos, com seu exemplo, os princípios, valores e regras de que precisam.

Em certos casos, o pai não sabe bem que lugar ocupa na família e, na dúvida, se abstém ou opta por uma relação de igual para igual com os filhos. É verdade que deve ser companheiro dos filhos, mas sem se esquecer que é pai. Filhos não corrigem pai, mas é obrigação do pai treinar e corrigir seus filhos.

A ausência do pai deixa os jovens sem estradas seguras, sem mestre no qual confiar. Ficam órfãos de ideias que lhes encham os corações, órfãos de valores e de esperanças que os amparem no dia a dia. São preenchidos por ídolos, mas lhes são roubados os corações, são levados a sonhar com divertimentos e prazeres, que não lhes dão a chance de trabalhar, são iludidos com o “deus-dinheiro” e privados das verdadeiras riquezas.

Somente através de Cristo a paternidade pode realizar todas as suas potencialidades, segundo o plano de Deus, nosso Pai.

“Pais, não exaspereis vossos filhos, pelo contrário, criai-os na educação e doutrina do Senhor”. Efésios 6,4.

 

(pe. Luiz Augusto, Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus)

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