Opinião

Perder a fé, jamais! – Porque não sou candidato

Diário da Manhã

Publicado em 29 de agosto de 2018 às 22:34 | Atualizado há 6 anos

Boa par­te da mi­nha ca­mi­nha­da den­tro da his­tó­ria re­cen­te do Bra­sil, a fiz pe­los cor­re­do­res e ple­ná­rios das ca­sas do Con­gres­so Na­ci­o­nal. Vi de tu­do. O que se de­ve e o que não se de­ve fa­zer. Uma es­co­la.

Ain­da al­can­cei, ho­je ex­tin­tos, mes­tres das tri­bu­nas e le­gis­la­do­res vol­ta­dos pa­ra o bem co­mum, do­ta­dos de cul­tu­ra e sen­so pa­tri­ó­ti­co.  Da­va gos­to par­ti­ci­par dos de­ba­tes e das ilus­tra­das dis­cus­sões nas co­mis­sões te­má­ti­cas na bus­ca de se che­gar ao me­lhor tex­to de um pro­je­to, pa­ra de­pois re­ce­ber o res­tan­te de luz por par­te do ple­ná­rio, e daí vi­rar lei.

Cla­ro que não es­con­do que na­que­les idos já exis­ti­am os mal­ver­sa­do­res, tais co­mo os “anões do or­ça­men­to”. Con­tu­do, fo­ram mi­nús­cu­las cé­lu­las se com­pa­ra­dos ao que te­mos ago­ra em ter­mos de cor­rup­ção.

A vi­da pú­bli­ca, com des­ta­que pa­ra as fun­ções que pa­ra se­rem ocu­pa­das de­pen­de de vo­to, per­deu o en­can­to. An­tes, era uma hon­ra­ria ocu­par a pri­mei­ra ma­gis­tra­tu­ra (leia-se, pre­si­dên­cia) da Re­pú­bli­ca; ho­je, é meio ca­mi­nho an­da­do pa­ra o cár­ce­re. Tris­te cons­ta­tar. As de­mais fun­ções, com igual si­na.

De cer­tos tem­pos até aqui, pes­so­as con­si­de­ra­das de bem cor­rem lé­gu­as de qual­quer par­ti­ci­pa­ção po­lí­ti­ca. Uma ban­car­ro­ta mo­ral. Fi­ca­mos li­te­ral­men­te ato­la­dos na fal­ta de op­ção: qual­quer um é que se apre­sen­ta pa­ra a dis­pu­ta. Já que é as­sim, os que lá es­tão, con­ti­nuam.

Mes­mo con­sci­en­te des­te fla­ge­lo, por um triz não co­lo­co meu no­me em apre­cia­ção pa­ra uma va­ga do Con­gres­so Na­ci­o­nal.

Ah, por que não o fiz, dou ago­ra, uma das mi­nhas ra­zões.

Tan­to Câ­ma­ra Fe­de­ral co­mo Se­na­do (hi­pó­tes­es que eu po­de­ria bus­car) atuam de for­ma co­le­gi­a­da, ou se­ja, os 594 são de­pen­den­tes uns dos ou­tros nas de­ci­sões.

En­tão, re­sol­vi sa­ber so­bre o per­fil, Es­ta­do por Es­ta­do, dos can­di­da­tos. De­sis­ti da dis­pu­ta (ser ape­nas mais um?). Ain­da as­sim, per­der a fé, ja­mais! Fi­ca pa­ra uma pró­xi­ma vez, em­bo­ra do de­ba­te, aqui do meu can­ti­nho, eu não abra mão.

 

(Iram Sa­rai­va, mi­nis­tro emé­ri­to do Tri­bu­nal de Con­tas da Uni­ão)

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