Pesquisas ou manipulações estatísticas?
Diário da Manhã
Publicado em 29 de outubro de 2016 às 20:33 | Atualizado há 8 anosOs números apresentados pelos diversos institutos de pesquisas relativos a próxima eleição de Goiânia tem apresentado disparidades e cientificamente inexplicáveis. O coração de qualquer pesquisa está na escolha da amostra que será usada para tratar os dados extraídos dela. Explico. Uma amostra para uma pesquisa eleitoral é o conjunto de eleitores que deverão ser escolhidas aleatoriamente, os quais para todos os efeitos de cálculos representarão o universo total de eleitores envolvidos na futura votação a ser estudada. Para extrairmos resultados confiáveis a amostra deve ser um espelho fiel de toda a população envolvida no fenômeno eleição para prefeito de Goiânia, por exemplo. Desta forma, na escolha dos eleitores que farão parte da amostra devemos considerar as mais diversas variáveis que um ser humano possui como sexo, faixa de idade ,classe social, região que habita, religião, entre outras tantas. Obviamente na prática a escolha da amostra de eleitores costuma usar variáveis básicas como sexo, idade, classe social e regiões que habitam na construção de suas proporções de eleitores pertencentes a amostra que será estudada.
Considerando os eleitores de Goiânia, em torno de 900.000 eleitores, fórmulas matemáticas permitem o cálculo do número de pessoas a serem consultados para que os resultados observados apresentem pequenos erros de 3% a 4% em relação ao que deverá acontecer no dia da eleição com grau de confiança de 95℅ por exemplo, são consultadas em Goiânia de 500 a 600 eleitores para serem estudados. Obviamente, se na escolha das amostras pelos diversos institutos fosse usado o mesmo rigor científico necessário para elas verdadeiramente representassem a totalidade de eleitores goianienses toda e qualquer pesquisa feita para a próxima eleição de Goiânia deveria apresentar resultados semelhantes independente do instituto que a apresentasse.
Ocorre que os inúmeros institutos Diagnóstico, Paraná, Veritá, Ibope, Serpe e Grupom que tem divulgado pesquisas sobre a próxima eleição da capital tem apresentado resultados bastante divergentes, indicando que está havendo manipulações puras e simples das amostras ou o rigor científico não está sendo usado no ato de suas escolhas. O instituto Diagnóstico o primeiro divulgar resultados estapafúrdios dando ampla vantagem ao candidato do PMDB há cerca de duas semanas é contratada para fazer as pesquisas internas deste mesmo candidato, logo não é isenta o suficiente. A última pesquisa do Ibope que também apresenta vantagem para o candidato 15 tem sérios problemas de data e registro e está sub judice no TRE e é bom lembrar que em delações premiadas da lava jato o nome do Ibope veio a baila numa possível atuação favorável a Dilma Rousseff na campanha de 2014,logo também carece de isenção. A última pesquisa Serpes apresenta também números bastante favoráveis ao candidato 15, mas são tantos os boatos a respeito destes números , melhor não comentar.
Finalmente os Institutos Paraná, Grupom e Paraná tem resultados convergentes e apresentam empate técnico entre os dois candidatos que parece ser a realidade para quem está nas ruas em contato com o eleitor, com leve vantagem para o candidato do PMDB. A eleição vai ser decidida nestes últimos dias. O certo é que de uma maneira geral as pesquisas estatísticas tem sido manipuladas e mais enganam os eleitores que os ajudam a se decidirem. A velha política sabe que o eleitor médio não gosta de perder e sempre aparece com números estapafúrdios que lhe dão boas vantagens para atrair os eleitores indecisos. Uma reforma política honesta deve obrigatoriamente normatizar o uso das pesquisas eleitorais ,tornando-as tão isentas quanto possível de grupos políticos, pois do jeito que está mais confunde do que esclarece o eleitor.
Arthur Otto, físico, mestre em engenharia nuclear e secretário-geral do PPS
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