Por que voto em Caiado
Diário da Manhã
Publicado em 24 de setembro de 2018 às 22:56 | Atualizado há 6 anosRecebi o e-mail de um amigo de longa data, professor da Universidade Federal de Minas Gerais. O acadêmico em questão estava curioso em saber o porquê de minha opção política favorável à candidatura do Senador Ronaldo Caiado ao governo de Goiás.
Antes de irmos em frente, esclareço: não tenho vínculo pessoal com o candidato. Estes escritos refletem meu posicionamento político no que tange ao que penso ser o melhor para construção do futuro de Goiás. Escrevo o que vivo. Posto isso, podemos, então, voltar ao foco deste artigo.
Tenho minhas razões para apoiar o Senador Ronaldo Caiado. Expus essas ao meu interlocutor mineiro apontando fatos registrados em um livro de minha autoria ? leia-se: “A Construção de Goiás”. Esse ensaio abrange a história do desenvolvimento político goiano após a Revolução de 1930. Ante a realidade dos fatos, parece que meu interlocutor, de mente altamente racional, deu-se por convencido. À luz da história, intenciono informar a você que lê estes escritos do porquê devemos fazer de Ronaldo Caiado o novo inquilino da Casa Verde.
Quem conhece a dinâmica da política goiana sabe que devemos segmentar o desenvolvimento político de Goiás em dois grandes ciclos. No primeiro deles ? de 1930 a 1979 ? o estado cresceu a taxas não muito distantes do que hoje cresce a China. No segundo ? de 1980 a 2017 ? embora com taxas mais modestas, o estado continuou crescendo, mas esse crescimento deu-se com perdas significativas de ativos estatais. Em ambos os ciclos, os governos fizeram-se presentes ? seja para construir instituições, seja para dilapidar estas ao ponto de deixarem de existir. Muito contribuíram para isso as contínuas ações predatórias de sucessivos governos. Governos que fizeram uso político de nossas empresas e nossos bancos estatais ao ponto dessas instituições virarem fumaça.
O primeiro ciclo do desenvolvimento institucional goiano foi decisivo para o surgimento das nossas empresas públicas e dos órgãos públicos que construíram o Goiás moderno. A vontade política de planejar emanada desde o governo do esforçado Juca Ludovico foi decisiva para o surgimento da Secretária de Planejamento (Seplan). Num contexto de planejamento, surgiram as Centrais Elétricas de Goiás (Celg), o Banco do Estado de Goiás (BEG), o Departamento de Estradas e Rodagens (Dergo), o Banco de Desenvolvimento (BD) e por aí vai. E, assim, as instituições goianas tornaram-se os alicerces de nosso desenvolvimento conduzido pelo estado.
A partir dos anos 1980, ocorreu o contínuo e proposital esvaziamento da Secretaria de Planejamento, e o que isso significou para nosso desenvolvimento político: a perda do sentido de direção. Sem a Seplan, que tanto se fez presente em governos como o de Mauro Borges e Irapuan Costa Júnior, Goiás perdeu algo precioso para construção do seu futuro: a imaginação. A partir daí, o sistema político goiano perdeu o sentido de direção.
Sem a direção, qualquer caminho servia, inclusive, o de construir obras improdutivas, sobredimensionadas, que tanta alegria deu aos eternos financiadores das campanhas políticas: os empreiteiros. A lógica era perversa: estes financiavam as campanhas políticas e, depois, iam às empresas estatais cobrar, dos eleitos, a fatura.
Resultado: o uso político de nossas empresas estatais tornou estas verdadeiras usinas de deficits. Veja-se o exemplo da falida Celg. Nos últimos 35 anos de sua existência, a empresa não obteve lucros em 32 deles. Esse foi também o caso do BEG, da Caixego, do Banco de Desenvolvimento e por aí vai.
Em 1999, a Celg, sem a Usina Hidroelétrica de Cachoeira Dourada, encontrava-se em estado pré-falimentar. Pré-falimentar, mas não falida. Entre manter a empresa estatal ou privada, o novo governo optou pelo caminho mais fácil: o de privatizá-la. Naquela época, confesso que fiquei esperançoso com a recuperação de nossa maior estatal. O discurso político do candidato que se tornou governo se voltava não só contra os desmandos populistas em torno da privatização da Usina Hidroelétrica de Cachoeira Dourada, ia mais além: cantava a doce melodia da “modernização”. Cientes dos malefícios do segundo ciclo do nosso desenvolvimento, os tucanos bem que estavam , no poder, eles seriam o pontapé dado numa porta já podre do populismo, que fez de Goiás o estado mais endividado do país em termos proporcionais. Por essa razão, apoiei a chamada “era Marconi” quanto essa ainda era um traço nas pesquisas de intenção de voto.
O que era impossível aconteceu: Marconi tornou-se de fato e de direito o governador de todos os goianos. O novo governo teve logo um grande desafio a enfrentar: recuperar a Celg ou deixar o tempo correr, então, mantendo o brutal desequilíbrio econômico-financeiro que corroía cada vez mais o patrimônio líquido da empresa. O primeiro caminho era o do estadista, já o segundo era o típico da pequena política de aldeia que condena maus governos ao completo esquecimento com o transcorrer das areias do tempo.
Uma caixa de pandora abriu-se no momento que a mais importante empresa goiana foi, enfim, privatizada. Dela, saíram esqueletos de toda espécie: sobredimensionamento de obras, contratos desnecessários de consultorias e seus eternos aditivos contratuais, pacotes tecnológicos que nunca funcionaram e por aí vai. Dentro de mim, ocorreu uma mutação de sentimentos. O que era apoio se transformou em decepção.
Um contrato de gestão com metas previamente estabelecidas e gerenciadas por gestores escolhidos pela meritocracia teria evitado a privatização. Infelizmente, a Celg, tão carente da boa gestão, tornou-se uma presa fácil para o mundo globalizado em que vivemos. Com a privatização, a empresa transformou-se na globalizada Enel. A Celg agora é Enel. A história repetia-se na forma de farsa. Quem, enquanto candidato, tanto criticou a privatização da Usina Hidroelétrica de Cachoeira Dourada, então, privatizou a Celg quando se tornou o dono do poder em Goiás.
Posto isso, chegou a hora de apontarmos as razões pelas quais devemos fazer do Senador Ronaldo Caiado o novo inquilino da casa verde. Vamos, pois, a elas:
Primeira: Ronaldo Caiado tem um histórico de integridade pessoal. É essa integridade que legitima o discurso político dele em torno do combate à corrupção.
Segunda: Ronaldo Caiado foi o único político goiano de expressão a lutar contra a privatização da Celg.
Terceira: Ronaldo Caiado defendeu o único caminho que salvaria a Celg da privatização: o contrato de gestão.
Quarta: Ronaldo Caiado é preparado intelectualmente para governar com a imaginação necessária visando à construção do futuro do estado.
Quinta: Ronaldo Caiado não tem nenhuma responsabilidade quanto ao segundo ciclo que tantos prejuízos promoveu ao povo de Goiás.
Estamos no começo de novo ciclo político. O que antes era impossível hoje é perfeitamente possível de se realizar. Existe um Brasil antes e um depois da Lava Jato. No velho Brasil, nem políticos, nem ricos iam para cadeia. No Brasil de hoje, prende-se de endinheirados a políticos corruptos. Os novos tempos vêm iluminados pela luz do Sol. A transparência é o grande alicerce da cidadania. O combate à corrupção passou a fazer parte da agenda política. Nesse sentido, o veterano Ronaldo Caiado é a cara do novo estado capaz e não só forte para punir e favorecer, mas forte também para transformar.
(Salatiel Soares Correia, engenheiro, bacharel em Administração de Empresas, mestre em Planejamento Energético pela Unicamp. É autor, entre outras obras, da Construção de Goiás. Email:salatielcorreia1@hotmail.com)
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