Preenchendo lacunas
Diário da Manhã
Publicado em 30 de novembro de 2015 às 23:58 | Atualizado há 9 anosAcompanhando há anos como jornalista voltado para a economia, com ênfase para o agronegócio, percebo que as entidades privadas vão preenchendo lacunas de ordem social e econômica que tradicionalmente caberiam ao governo. Afinal é o executivo quem cobra impostos e taxas de serviços e que, atualmente, estão extorsivos e culminam por pesar no bolso do consumidor. Que o diga a Federação das Indústrias do Estado pelo seu presidente Pedro Alves de Oliveira, acompanhando a grita do setor primário, comércio, indústria e serviços.
O Sebrae contribui com o aprimoramento da mão de obra. O Brasil, de uns anos para cá, construiu escolas, sobretudo, de nível superior numa escala geométrica. O ensino, no entanto, peca na qualidade. A pessoa dispõe do diploma, obtido na maioria das vezes com dificuldades financeiras, mas não detém o conhecimento requerido pelo meio empresarial. E a decorrência direta é a frustração do recém-formado num mercado competitivo.
Há países em fase de desenvolvimento que dão show em matéria educacional. A Coréia do Sul é um exemplo clássico, reconhecido no plano internacional pelas entidades que aferem o conhecimento. No ranking ocupa o quinto lugar. E o Brasil, hein? Infelizmente, o Brasil ocupa a 60ª posição.
É terrível para quem poderia ser um dos líderes mundiais. Mas, ainda bem que a iniciativa privada vem participando de forma ativa. O bonde da história não pode parar os desafios devem ser vencidos de uma ou de outra maneira.
O Sebrae detém já uma longa história no aperfeiçoamento da mão de obra. Mas, não ficar esquecida a atuação do Senai, que promove cursos destinados à gestão de pessoas, cenários atuais e futuros, desafios ambientais, organizacionais e individuais. Mesmo em tempo de “vacas magras”, o empresário empreendedor tem que buscar ração em sabugo de milho para alimentar o gado.
O Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) está atento à família rural. Discorrendo mais sobre a sua ação no Estado, a entidade desenvolve um trabalho invejável. Se o dinheiro vem diretamente do produtor, este é ressarcido com uma série de benesses. Entre as quais a profissionalização, gestão e de bem-estar que atinge camadas pobres das cidades do interior. Nesse rol, entram, também, o atendimento médico, odontológico, regularização de documentos, entre outros em parceria com instituições oficiais.
O despertar dessa iniciativa de cunho social chegou ao conhecimento do representante da FAO no Brasil (organismo das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura). Alan Bojanic veio conhecer as ações de ordem social em Santo Antônio de Goiás e mostrou-se impressionado com o trabalho da Federação da Agricultura (Faeg) e do Senar. Trata-se, na verdade, de uma iniciativa pioneira envolvendo uma instituição privada e não governamental, como seria de esperar.
O presidente da entidade, José Mário Schreiner, teve a oportunidade de mostrar, também, ao ilustre visitante, o programa de proteção de mil nascentes em todo o País, durante 2015. Em Goiás, o programa já atinge considerável número de municípios. Entidades como a CNA e Senar querem mostrar aos brasileiros do campo e da cidade que, com apenas cinco passos, é possível proteger uma nascente em apenas um dia. Alan Bojanic ficou deslumbrando com o que viu e a tendência é que nasça uma parceria entre a Faeg/Senar e a FAO do Brasil.
Entendo que procedendo assim, as entidades classistas patronais prestam um grande serviço à sociedade.
(Wandell Seixas é jornalista voltado para o agro, bacharel em Direito e Economia pela PUC-Goiás, ex-bolsista em cooperativismo agropecuário pela Histradut, em Tel Aviv, Israel, autor do livro O Agronegócio passa pelo Centro-Oeste e assessor de imprensa da Emater)
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