Opinião

Quatro anos sem Valério Luiz

Diário da Manhã

Publicado em 12 de julho de 2016 às 02:43 | Atualizado há 9 anos

Uma dor que não passa. Há quatro anos, exatamente no dia 5 de julho de 2012, às duas horas da tarde, ao sair do meu programa na TBC Esportes, o telefone tocou. Do outro lado da linha, estava o comentarista João Batista, da Rádio Bandeirantes, que me falou: “Mané, venha correndo aqui para a Rádio que o Valério levou um tiro.” No trajeto da TV Brasil Central à Rádio Bandeirantes eu fui naquela expectativa de que um tiro poderia não ter sido fatal. Quando cheguei, por volta das 14h30, eu me deparei com a imagem dos pés do Valério fora do carro, o tênis cinza e branco que ele gostava de usar para pedalar na bicicleta. Fui a um desespero indescritível. Meu filho foi assassinado na porta da Rádio ao sair do trabalho. No mesmo instante fui amparado por amigos, as pessoas me pediram calma, cheguei a deitar no chão e então fui encaminhado para dentro de uma sala na Rádio Bandeirantes. Foi um crime bárbaro, covarde sobre todas as circunstâncias, não tinha nenhuma necessidade de chegar a tal ponto. Durante sete meses de investigação, a polícia, o Ministério Público, o Judiciário, todas as autoridades competentes chegaram à conclusão que o crime foi praticado a mando de um cidadão do esporte, por motivos e críticas relacionadas ao futebol feitas pelo cronista esportivo Valério Luiz.

Na história do esporte no mundo, especialmente no futebol, nunca um comentarista esportivo fora assassinado por críticas durante o exercício de sua profissão. O Valério Luiz foi assassinado com requintes de crueldade e covardia sem nenhuma oportunidade de defesa. Um crime não só contra a vida dele, mas contra  toda a imprensa. Uma crueldade de cinco pessoas que organizaram, planejaram e tiraram, às duas horas da tarde, em plena luz do dia, em frente a uma rádio, a vida do meu filho.

Durante todo esse tempo de investigação os órgãos competentes realizaram um trabalho exemplar.  Quando tive conhecimento das provas, não restou nenhuma dúvida, não tinha como duvidar. É bom ressaltar, que neste mesmo período, a polícia fez uma investigação paralela de todo o comportamento do Valério Luiz e não restou nenhuma dúvida para chegar à conclusão dos acusados do crime.

No momento da prisão das pessoas envolvidas, nós nos sentimos aliviados e tivemos a sensação de que a justiça tinha sido feita. Porém, veio a maior decepção: começaram a aparecer habeas corpus, contemplando os acusados sem nenhum motivo.

Nesse momento veio a segunda decepção: a falta de justiça e a impunidade. Saber que dois militares – um que executou e outro que planejou –, além do mandante do crime, o agenciador de pistolagem, todos os acusados soltos, nos fez entrar em desespero. No Fórum a minha dor foi tamanha que comoveu os envolvidos na investigação do caso. Mas o tempo foi passando e o meu neto, filho do Valério Luiz, o Valerinho, que já era especialista em Direito Tributário, deixou a especialização e emergiu nas questões criminais e durante esses quatro anos ele acompanhou todo o processo em Brasília, Goiânia, cartórios. E pelos caminhos corretos da lei, nos corredores dos tribunais,  conseguiu a primeira vitória: levar os acusados a júri popular. E que a justiça seja feita, pois estamos há quatro anos em busca dela.

Reforço que quem chegou a esta conclusão dos responsáveis pelo assassinato do meu filho Valério Luiz foram a Polícia, o Ministério Público e o Judiciário, portanto, não é possível que os três estejam errados e os acusados, certos.

Peço ao povo da minha terra que não deixe esse crime impune e nos apoie nesta luta. Com as redes sociais, acredito que a população possa nos ajudar muito, pedindo Júri Popular Já!

 

(Manoel de Oliveira, dep. estadual e pres. da Com do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Ass. Legislativa)

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