Quatro Ateliês
Diário da Manhã
Publicado em 3 de maio de 2018 às 00:55 | Atualizado há 2 semanasEles dividem o mesmo ofício–a arte–e a mesma cidade–Inhumas–e agora, após alguns anos, os artistas plásticos Dijódio Custódio, Bené Silveira, Dipaiva e Nonatto Coelho vão estar juntos novamente na mesma exposição. A mostra, em questão, chama-se “4 Ateliês”, que hoje, às 20 horas, entra em cartaz na Galeria Sebastião dos Rei, no Centro Cultural Octo Marques. Na compilação, que fica em cartaz até o dia 4 de junho, os pintores, revivem uma parceria atuante da jornada artística de Goiás, que começou na década de 1980.
Djódio, Dipaiva e Nonatto Coelho, por exemplo, formaram um trio importante para a arte goiana. Entre 1980 e 1990, juntamente com o artista Luiz Mauro, eles formaram um grupo, que foi batizado de Grupo Goiás, pelo crítico de arte do Jornal da Tarde de São Paulo, Olney Cruse. Juntos, romperam barreiras geográficas e realizaram uma série de exposições em salões e coletivas de arte em vários estados do Brasil.
Apesar do sucesso, no começo da década de 1990, o quarteto começou a se dispersar. Nonatto Coelho foi morar na Europa, como premiação da Bienal de Arte do Estado de Goiás. Já no início do ano de 2000 foi Luiz Mauro quem deixou Inhumas para morar em Goiânia. “Entretanto os laços que unem o grupo os mantém ligado conceitualmente”, comenta Nonatto.
Ao retornar ao Brasil depois de uma ausência de mais de uma década, Nonatto Coelho conta que voltou a ter seu ateliê em Inhumas e ligou-se novamente aos colegas. E essa exposição poderá simbolizar este reencontro. “O feliz aparecimento de Bené Silveira no universo desse grupo dá uma matiz de cores ainda mais tenazes à fertilidade da arte do grupo”, comenta Nonatto.
Ainda de acordo com o pintor, Bené Silveira que, mesmo sendo o mais velho entre os artistas é com menos tempo de trabalho, consegue passar muito bem o recado com uma obra que surpreende o espectador, com quadros elaborados e repletos de cores significativas.
“Ele cria, a partir do acrílico sobre tela, ou sobre papel, uma temática rica em detalhes que ora pode ser abstrata, ora figurativa. Suas telas são vibrantes com cores fortes, bem distribuídas na superfície do suporte. É um trabalho fácil de ser identificado. Por isso, apesar de não ter feito parte do Grupo Goiás, ele é uma grande surpresa de Inhumas, um artista que todos deveriam conhecer e por isso está nesta exposição”, elogia Nonatto.
FOTOGRAFIAS
Por outro lado, Divino José Custódio, o Dijódio Custódio, tem mais tempo de estrada. Com aproximadamente 40 anos de carreira, teve a oportunidade de mostrar uma alma versátil: ele pinta, esculpe, pratica a assemblage, etc. Outra vertente de Dijódio é seu trabalho com o chamado Land Art, tipo de arte em que o terreno natural, em vez de prover o ambiente para uma obra de arte, é ele próprio trabalhado de modo a integrar-se à obra.
E em “4 Ateliês”, o público vai poder ter uma bela de uma noção de suas potencialidades artísticas. Para exposição, o artista apresenta 15 trabalhos em uma série de documentos fotográficos com registros de várias esculturas feitas com pedras no pátio da Companhia Centroalcool da cidade de Inhumas.
Também vai mostrar três fotografias nas quais homenageia a história da arte, como obras como O Pensador, do escultor Francês Auguste Rodin, A Banhista de Valpinçon, do Francês Jean- Auguste Dominique Ingres e Davi, do Escultor Italiano Renascentista Michelangelo.
INTUIÇÃO E CRÍTICA SOCIAL
Dipaiva é outro veterano da arte em Goiás. Começou na pintura em 1979, e é classificado por Nonatto, como um artista “apaixonado, intuitivo e dotado de personalidade”. À mostra, ele apresenta oito trabalhos (três objetos realizados em 1998, e cinco pinturas datadas desde 1983 até 2017). Todas as obras são de coleção particular. “Eu diria que a coleção deDipaiva tem uma acentuada conotação museológica, onde o sobrenatural e o sentimento de finitude das coisas impregna a atmosfera sombria e mística de sua obra”, analisa Nonatto.
Nonatto Coelho, por sua vez, não é goiano, e sim mineiro. Mas foi aqui, especialmente em Inhumas, que se estabeleceu como um dos artistas plásticos mais atuantes de Goiás. É responsável por presidir a Associação dos Artistas Visuais de Goiás (AGAV) e, por meio da arte contemporânea, cria obras que debatem a condição, às vezes animalesca, da sociedade moderna, característica que estará evidente na mostra.
“Em 4 Ateliês, eu apresento 11 trabalhos em acrílico sobre tela da série HíBRIDOANFÍBIO, que comecei pintar em 2012, são pequenos formatos inéditos, da minha coleção que ainda não foram apresentada ao público.
LEITURA POÉTICA
A curadoria é do brasiliense Fernando Santos, que no texto para a mostra ressalta que a riqueza de estilos e conteúdos temáticos independentes, mas com a alma da cidade vizinha de Goiânia, Inhumas, circundando a obra de todos. “Dijodio, Dipaiva, Bené Silveira e Nonatto Coelho reúnem parte de suas produções iconográficas e convergem para essa mostra na qual permite uma leitura particular da poética de cada autor”, destaca o curador.
EXPOSIÇÃO “4 ATELIÊS”
Abertura: Hoje, às 20h
Visitação: até o dia 4 de junho
Onde: Centro Cultural Octo Marques (Rua 04 nº 515, sobreloja do Edifício Parthenon Center, Centro – Goiânia- GO)
Informações: (62) 3201-4687 e (62) 3201-4695
Entrada gratuita
]]>