Quem é inocente entre 400?
Júlio Nasser
Publicado em 18 de abril de 2017 às 03:32 | Atualizado há 8 anosEles já são mais de quatrocentos. Todos, claro, jurando inocência, almas puras que decidiram fazer da política um sacerdócio. Cumprem missão espinhosa de representar o povo que deles exige dedicação exclusiva, obrigando-os, em muitos casos, o abandono de sua profissão civil para ter dedicação exclusiva á causa de servir. Este é o discurso de quem resolveu fazer da política uma profissão apenas. Não são raros os que, como Sarney, Miro Teixeira, Álvaro Dias, Aécio Neves e tantos outros, fizeram e fazem da política um meio de vida. São profissionais. Nada de altruísmo, nada de abnegação. Vivem de fazer política e, para isto, pagam qualquer preço. A Lava Jato e outras operações já realizadas ou em curso mostram tanto apego tem mesmo um preço. E ele é muito alto para a sociedade.Imaginem o quanto se deixou de realizar no país, quantas obras ficaram no projeto ou inacabadas por falta de recursos que foram desviados para atender a estes profissionais.Gente que, até mais do que desviar recursos, viciou o povo em pequenos favores em troca do voto. É deste vício que sobrevivem, obtendo mandatos sucessivos. Agora que se discute tantas reformas no país, é, certamente a hora, de se buscar uma forma para mudar esta realidade. Para obstar o caminho destes que usam a política como meio de vida. Para cortar o vício do eleitor, obrigando-o a pensar diante da urna. E para acabar com a dinastia de famílias que fazem dos mandatos políticos um bem hereditário. A única forma que me ocorre é a de, por lei, sem violências, fixar um número de mandatos, dois, três no máximo, que um cidadão pode exercer de forma consecutiva. É uma ideia. Que não é nova e é ferozmente combatida por quem é político de carreira. Antidemocrática por cassar direito do cidadão de votar e ser votado? Pode parecer, mas não é. Antidemocrático, tolher direito de cidadãos, é desviar recursos públicos para assegurar mandatos espúrios indefinidamente.
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