Quem é Isabel Christina de Souza Ortiz?
Diário da Manhã
Publicado em 10 de fevereiro de 2018 às 23:15 | Atualizado há 2 semanasNeste jornal do dia 8 último vimos a alvissareira notícia de que o governador Marconi inaugurou no entorno de Brasília o 4º colégio padrão de período integral do Estado (CEPI), que leva o nome em epígrafe, como justa homenagem ao uma histórica professora que se tornou símbolo da história educacional do município de Formosa. Gentil e carismática, os familiares e os amigos a chamávamos na intimidade, simplesmente Belinha. O honroso sobrenome de Souza vem do seu legendário bisavô coronel José Balduino de Souza, ícone da tradicional família Balduino de Posse, e Ortiz, pela sua nobre mãe Dona Felicidade Ortiz, que era prima de Monteiro Lobato.
Nas palavras de saudação da atual gestora regional de ensino, professora Marília Magalhães de Castro Ribeiro, a professora Isabel era uma “mulher simples, de coragem e batalhadora, a qual trazia em si, a marca da educação. Foi professora e diretora escolar por duas vezes nos colégios Claudiano Rocha e Hugo Lôbo. Quando viúva, criou seus filhos exercendo a profissão que teve inicio aos dezessete anos de idade. Foi vereadora em Formosa de 1983 a 1988, onde contribuiu com seus projetos, sempre defendendo a educação. Além de tudo isso, deixou um grande legado de exemplo para sua família que tanto se orgulha de estar, hoje, aqui, recebendo esta merecida homenagem”.
Referências históricas
A história nos revela que no quadro das oitenta e cinco escolas existentes na província de Goiás já em 1866, constava uma escola fundamental existente em Posse, tendo por inspetor paroquial José Balduino de Souza, por sinal pai da professora Jovelina Rosa de Souza, que lecionava na mesma escola. Segue-se daí uma estirpe de intelectuais e professores membros da tradicional família Balduino, procedentes de Macaúbas/BA, os quais se destacam em todo o estado de Goiás. Dessa tradição exsurge a figura da professora Izabel Christina de Souza Ortiz, que prestou também relevantes serviços educacionais na cidade de Posse, lecionando inclusive no Grupo Escolar Doutor João Teixeira Júnior, onde por sinal este orador completou seus estudos fundamentais. Isabel Christina estudou em Formosa onde se formou como Normalista no tradicional Colégio São José, e graduou-se obtendo Licenciatura em Língua Portuguesa pela Universidade Federal de Goiás.
Letras e artes
Não só no campo educacional, mas também nas letras e nas artes destacaram-se os Balduino, dentre eles, o pai de Belinha, doutor José Balduino de Souza Décio, que foi juiz de direito em Formosa, deputado estadual de 1925 a 1928, o qual se destacou também no exercício da advocacia e no jornalismo, sendo um dos colaboradores da famosa Revista Oeste, editada em Goiânia entre 1942 e 1944. Destacou-se ainda no campo das letras o poeta José Décio Filho (Filho do Doutor José Décio), um dos principais redatores da citada Revista Oeste e autor do livro Poemas e elegias que o consagrou como um dos principais expoentes do modernismo em Goiás.
Com a mesma vocação pelas letras, destacou-se também seu irmão Dom Tomás Balduino de Souza, bispo emérito de Goiás, com invejáveis dotes literários e orador extraordinário. Seu irmão Álvaro Balduino notabilizou-se como compositor, conhecido popularmente como o Pixinguinha goiano. E Izabel Christina não perdia para seus irmãos e irmãs em dons artísticos e educacionais (sendo a quinta das irmãs entre Maria Aparecida, Ana, Maria de Lourdes, Teresa, Zélia, Anunciata e Márcia). Embora não se tenha dedicado à literatura, Isabel Christina surpreendeu Dom Tomás Balduino dedicando-lhe o poema Caminhada quando da comemoração dos seus 80 anos em 31-12-2002.
Da caminhada
(Poema de Isabel Christina de Souza Ortiz, em homenagem a Dom Tomás Balduino)
Ortiz e Jayme
Ícone da família Balduino em Posse foi coronel José Balduino Souza, casado com Anna Senhorinha, cuja ramificação pode ser conhecida no meu livro A Saga da Posse (edição de 2005), de que reporto aqui, por economia de tempo e espaço, apenas a procriação de Izabel Christina de Souza Ortiz que se casou com o primo José Balduino (na intimidade Dedé), e cujos filhos deste casamento assinam Balduino de Souza: Maria Heloisa, Nestor Neto, José Décio e Cloracy. Heloisa que se casou com Juarez. Décio (o ilustre advogado) que se casou com Mariinha (assim chamada na intimidade) e Cloracy que se casou com Vitalino.
E assim continuou a vitalidade multiplicada dos Balduino da geração de Isabel Christina (nossa Belinha). E já em segundas núpcias, seus demais filhos assinam Ortiz/Jayme (pelo pai João Batista Jayme). São eles: Oscar que se casou com Maria Helena. Consuelo que se casou com Pedro Henrique. Marina que se casou com Wérner Geraldo. Omar que se casou com Maria Olívia. Luiza que se casou com Raimundo Nonato. Magda que se casou com Moacir Lemos. E Fátima que se casou com Carlos José.
A família Balduino é tão numerosa quanto as estrelas no céu. Os Balduino de Souza foram-se expandindo desde Macaúbas para Posse, e além de Posse – Formosa, e além de Formosa – Arraias, e além de Arraias – Anápolis, e além de Anápolis – Goiânia, e além de Goiânia – Brasília, e além de Brasília, São Paulo, e além de São Paulo, Teresina/PI, e daí pelo mundo afora.
Onde houver amor e paz, haverá um Balduino.
Onde houver paz e justiça, haverá um Balduino.
Onde houver justiça e lei, haverá um Balduino.
Onde houver lei e igualdade, haverá um Balduino.
Haverá um Balduino, lá onde prevalecer o ideal de libertè, égalitè e fraternitè.
Consagração
histórica
Os Balduino estão para a cidade de Formosa como símbolos representativos de vários setores da história local: com o nome José Balduino de Souza Décio foram batizados o Fórum, um Colégio e uma Rua, além de outra Rua com o nome de seu irmão, Padre Trajano Balduino. Há também outra Escola com o nome de Ana Balduino Chaves, a irmã que precedeu a homenageada e que exerceu o importante encargo de superintendente da 15ª Delegacia Regional de Ensino sediada em Formosa, na década de 1960.
A Escola-modelo agora inaugurada, bem como a Biblioteca do Instituto Federal de Formosa, são a justa homenagem de consagração histórica da imorrível professora Izabel Christina de Souza Ortiz, que contribuiu para a formação educacional e ética da acolhedora sociedade formosense, a quem ela dedicou sua vida com amor de Mãe e Mestra, com a mesma grandeza de espírito já historicamente exaltada pelo imperador Napoleão Bonaparte, dizendo que Mãe ou Mestra, são iguais. Pois se uma lhe deu a vida, a outra lhe ensinou a usufruir dela.
(Emílio Vieira, professor universitário, advogado e escritor, membro da Academia Goiana de Letras, da União Brasileira de Escritores de Goiás e da Associação Goiana de Imprensa. Email: evn_advocacia@hotmail.com)
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