Quem não gosta da política sã, clássica, universal?
Diário da Manhã
Publicado em 1 de abril de 2017 às 01:46 | Atualizado há 8 anosCaminhando, rua, estrada afora, constata-se que, face ao momento conjuntural, atual de apuração, a principio do “Mensalão”, a seguir, no agora, a operação “Lava Jato”, do avassalador escândalo corruptivo de nosso país, a maioria de nossa gente, ao ser questionada se gosta ou não de política, responde, sem hesitar, que não gosta, acrescendo ainda, quase que de chofre, que não gosta de política, tão pouco, de políticos. Prosseguindo o diálogo, ao questionar, em complemento ao assunto, se gosta de viver feliz, todos quantos questionados, sem exceção, respondem positivamente: sim senhor, gosto muito de viver feliz.
Então, a gente complementa que a política clássica, universal, foi concebida por Aristóteles consoante o texto, “Ética a Nicômaco”, do tratado primitivo. Por meio de diálogo aluno professor, mostra ele, mestre, o viver feliz da política. Assim, leitor, o aluno pergunta ao professor, se é possível aprender a viver feliz, ao que responde, com muita propriedade, a política cuida disso, na medida em que ela realiza, na vida em sociedade, o bem supremo. Continuando, o aluno indaga, que bem supremo é esse? Ao que complementa o professor, o bem supremo, não é outra coisa, senão, a própria felicidade, tão desejada por toda criatura. Quanto mais feliz é, mais feliz deseja ser!
A Polis, cidade Estado Grega foi erigida para dar fama universal ao cidadão Grego, antes perdido, esquecido, nas aldeias, ermo sem termo. A obra vingou, concedendo-lhe fama universal, projetando a cidade estado mundo afora, o que ainda, se pode constatar, pela história, vestígios da civilização primitiva, mostrado aos participantes das Olimpíadas realizadas neste século, mas, iniciadas, na antiguidade, naquela Polis, mesmo, agora, imortalizada. A rejeição da palavra política cresceu, ao longo dos tempos, pós movimento Iluminista, em virtude de seu mau uso pelos próprios políticos, políticos politiqueiros, de calça curta, nunca preparados para exercitá-la, consoante a definição aristotélica, em Ética a Nicômaco, como delineado acima.
Todas as coisas que nos cercam, tem seu lado bom e lado ruim, o ruim, negativo, velhaco, vem cavalgando o lado bom, clássico, universal. A corrente no poder dominada pela subcultura política patrimonialista, falta de escrúpulos no uso da coisa pública, acostumou a misturar os bens públicos, com suas coisas particulares. Passou a enriquecer, dessa forma, ilicitamente, abocanhando os tributos arrecadados, as duras penas da sociedade contribuinte. Como se pode observar, claramente, na operação Lava Jato, teimando, diuturnamente, no Congresso, redimi-los do pecado escabroso cometido contra o contribuinte. O processo, na atual conjuntura, em sua fase epidêmica, começa com as campanhas eleitorais nababescas, com reflexos ultra negativos, no seio da sociedade eleitora, contudo, a ira deveria atingir apenas os politiqueiros raposas, eximindo, a política da sujeira, em prática, pelos inimigos da democracia. Resgatar sua imagem, imagem positiva, legada pela democracia direta, de fama universal, não será fácil, pois a escola, onde nossa juventude já deveria, há muito, estar estudando, sendo sobejamente instruída em política, no seu lado clássico, universal, prossegue omissa, “Tudo dantes como na corte de Abrantes”, embora, a sociedade contribuinte, seja a mantenedora, do corpo docente das escolas.
A omissão, creio, é proposital, pois se instruída, dotada de conhecimento, tornar-se-ia participativa nos assuntos públicos políticos, varrendo a cegueira atual, no tocante ao termo política, da mente de nossa gente, trocando a raiva, com certa razão da política, por um amor intenso, como se deve possuir, pela pátria, de igual modo, pela política no seu sentido correto. Isto varreria da esfera pública toda sorte de lobos, investidos em pele de cordeiro, querendo, a todo custo, com o rótulo de reforma política, tornar ainda mais enroladas, benevolentes para eles, com a diatribe do voto em lista fechada, comparado, consoante, e-mail da Mara Assaf, numa aposta em roleta viciada, onde o resultado, adrede combinado pelos interessados, abona a vitória de apenas, alguns candidatos/apostadores.
Imbróglio bem urdido leitor, pois, vai ele ao encontro do atual quadro deletério de permanência vitalícia no poder, criticada por cientistas políticos de envergadura, como responsável, pela atual crise sem precedentes na história, vivida pelo nosso país. Uma vez douto, em política, o estudante, ao formar, de posse do conhecimento, sairia motivado a participar da vida política de sua comunidade, o que, sem dúvida, assustaria os que fazem da democracia, massa de manobra, “balaio de gatos”. Na condição de espectador engajado, passaria a fazer a história de seu município, estado e país, levando os politiqueiros a exercitarem a política, como arte de promover o bem-estar da sociedade, e nunca, o que acontece, feudo de seus caprichos egoístas.
A sociedade eleitora, na qualidade de partícipe da vida política, por meio de representações sublimadas, por escolhas doutas, passaria a fazer o controle externo dos poderes constituídos, controle este, que começou a funcionar, na face interna, pelas instituições públicas: MP, pegando no pé de tudo quanto é autoridade contratada, pelo voto, ocupando funções de relevo, para servir a causa pública. O TCU, pela primeira vez na história, questionando as contas da ex-presidenta da república, o STF, por meio do “Mensalão”, condenando de forma inédita, figurões do alto escalão.
Todavia, patrício eleitor, para colocar a república no caminho certo, falta ainda o controle externo, sentinelas de um lado e outro: Interna e externa, não permitindo malabarismos, desvios de condutas, de toda sorte de representantes públicos, contratados pelo voto. Assim, quando o politiqueiro tentar maquinar em seu proveito, as contas oriundas dos impostos, estarão atentos, vigilantes, tanto o controle interno, já qualificado, como o controle externo, não tolerando, denunciando qualquer desvio de conduta da parte deles. Além do mais leitor, o conhecimento douto da política, mediante sua influencia nos assuntos pertinentes ao amadurecimento e consolidação da república, subsidiado pela participação altiva, cívica, proporcionará os meios, para acabar com o voto criminoso, vendido ou comprado, substituindo, pela instrução da sociedade eleitora, o voto subserviente leniente, pelo voto consciente sapiente. Isto consumado constituirá, por se mesmo, verdadeira revolução, mas revolução, pela cultura, a mais sublime que se pode fazer, para emancipar realmente nossa gente, das garras da servidão.
A luz, escorraçando a escuridão, ignorância, conduzindo, todos as atuais raposas da república, ao trabalho honesto, produtivo, capaz de ajudar a soerguer, até mesmo o PIB brasileiro, no lugar de subtraí-lo, extorquindo a nação. O trabalho honesto, produtivo, é um eleito de Deus, o desonesto, improdutivo, é o contrário, um eleito do diabo.
(Josias Luiz Guimarães, veterinário pela UFMG, pós-graduado em filosofia política, pela PUC-GO, produtor rural)
]]>