Quem não trabalha, atrapalha
Diário da Manhã
Publicado em 2 de setembro de 2018 às 00:12 | Atualizado há 6 anosÉ próprio do homem queixar-se. Até parece que, quanto mais se mostra insatisfeito e revoltado, maior será o público para ouvi-lo e com ele concordar.
A queixa maior é quase sempre em relação ao trabalho. Coloca-se como um pobre coitado, explorado, que precisa ser socorrido como vítima do desgaste despendido no dia a dia.
Na verdade, o que ocorre na maioria das vezes pode, ser um disfarce de preguiça embutida numa vontade de usufruir sem esforço.
Mas existem pessoas que gostam do que fazem, que agradecem o estarem ocupadas com algo que as realiza; estas podem se considerar felizes.
O trabalho costuma desenvolver e também recrudescer a capacidade intelectual, desfazendo hábitos ingênitos, aqueles que trazemos de vidas passadas: atividade inútil que gostamos de cultivar. Trabalhar minimiza as tendências nocivas do pretérito, que fazem estagnar ante o necessário progresso evolutivo.
O hábito de sermos servidos como também o descaso em relação à Lei da Evolução refletem a ignorância da importante lei que nos preside o destino: a lei do trabalho.
Esta lei natural está bem delineada nas questões 674 a 685 de O Livro dos Espíritos, FEB Editora, 2012.
Nestas onze referências encontramos dados orientadores que conscientizam desde a necessidade do trabalho ao equilíbrio do repouso, informando que toda ocupação útil é trabalho.
Infelizmente, estão distanciados desta realidade aqueles que desconhecem o prazer de atender o outro, defendendo o direito de não fazer nada. Esta atitude retarda o progresso individual e coletivo.
Emmanuel, na obra Caminho, Verdade e Vida, Coleção Fonte Viva, FEB Editora, 2014, no capítulo intitulado trabalho, afirma que Jesus veio nos arrancar da “morte no erro” com a benção do trabalho que ele denomina movimento incessante da vida. Revela-nos que o Pai não cessa de servir em sua obra eterna de amor e sabedoria em favor de sua dedicação à humanidade. Tanto que é bastante clara sua colocação no evangelho de João 5:7 – “Meu Pai trabalha até agora, eu também trabalho .”
Pelos relatos trazidos do plano espiritual, vemos que, quanto mais evoluído é o Espírito, mais ele trabalha.
Convém lembrar a situação dos que desejam intensamente ter as oportunidades de prestar o serviço de quem preenche o tesouro das horas em ocupações úteis.
Há os impedidos pelas injunções da vida; o caso de quem se acha acometido por lesões cerebrais ou preso na tortura da imobilidade ou ainda refém dos processos obsessivos, sem o comando do próprio destino.
Em maior número contam-se os que querem ignorar os grandes benefícios produzidos pelo trabalho, pela solidariedade e pela tolerância, como recursos necessários ao equilíbrio emocional.
Existem vantagens que beneficiam, mais diretamente, às pessoas que sofreram desastres fatais como mutilações, seja por acidentes que atingem o corpo físico ou os que são vítimas da calúnia ou da desmoralização e se voltam para a criminalidade, moralmente arrasados, cultivando a enfermidade da alma, desanimados e deprimidos, alimentados pela força do ódio e da revolta.
É hora de lembrar o “Vinde a mim, vós que estais desesperados e aflitos, que eu vos aliviarei”…
A palavra de Jesus faz com que os músculos paralíticos vibrem em nova vida; o tônus orgânico circule, ressurgindo o equilíbrio no cosmo celular porque ocorre a libertação das consciências humanas.
O convite do Mestre tira o enfermo do leito de provações, erguendo-o pela fé, para caminhar rumo à libertação de suas próprias sombras. Isso porque Ele se enche de compaixão e respeito às suas criaturas.
Sem questionar quanto às causas das aflições que atormentam o homem porque já as conhece, auxilia e cura por bem compreender os problemas e as lutas de cada um.
Daí deduzir, sem medo de errar: quem não trabalha, atrapalha!
(Elzi Nascimento, psicóloga clínica e escritora/Elzita Melo Quinta, pedagoga, especialista em Educação e escritora. São responsáveis pelo Blog Espírita: luzesdoconsolador.com. Elas escrevem no DM às sextas-feiras e aos domingos. E-mail: iopta@iopta.com.br (062) 3251 8867)
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