Representatividade do nordeste goiano
Diário da Manhã
Publicado em 11 de outubro de 2018 às 04:55 | Atualizado há 6 anosNa divisão política do estado, o denominado Nordeste goiano compõe-se de duas microrregiões, o Vale do Paranã e a Chapada dos Veadeiros. Na verdade, a microrregião do Vale situa-se na região Leste, que confina na divisa de Goiás com a Bahia, tendo como polo regional a cidade de Posse. Desde o período colonial, os mais antigos municípios dessa porção do estado, que chamam genericamente de “nordeste goiano” – incluindo municípios tais como Cavalcante, Flores de Goiás, São Domingos, Posse e outros – sempre tiveram representantes regionais na Assembleia Legislativa estadual. Mas não com suficiente prestigio para promover o desenvolvimento da região como um todo, nem ao menos para garantir as bases de sustentação governamental no tocante às ações avulsas e esporádicas ali desenvolvidas, não obstante a criação do programa Pronordeste no governo Henrique Santillo e o programa Nordeste Novo no governo Marconi Perillo.
PERFIL HISTÓRICO
Quando ainda indivisos os territórios de Goiás e Tocantins, emergiam do chamado “Norte goiano” as maiores expressões políticas do estado (tanto é que tiveram cacife para empreender a separação dos referidos estados), atuantes que eram tanto no parlamento quanto nos setores da administração estadual, sendo desnecessário, neste curto espaço, incluir relação de nomes dos protagonistas da política regional. Basta lembrar, por exemplo, que foi o histórico deputado filho de Posse, José de Souza Porto, quem transmitiu o governo do estado a Pedro Ludovico, na condição de então presidente da Assembleia Legislativa. De verificar-se que os destacados momentos de desenvolvimento do “nordeste goiano” estão associados com as atuações de alguns de seus representantes no parlamento estadual, haja vista a arrojada rodovia ligando Brasília a Arraias e a construção da hidrelétrica de São Domingos, tendo por trás as presenças dos históricos deputados José Freire (de Arraias) e Hagaus Araújo (de Dianópolis), respectivamente nas Câmaras federal e estadual.
NOVAS PERSPECTIVAS
Fato notório da representatividade política da região em foco, foi a criação e consolidação da Associação dos Municípios do Nordeste Goiano, que por sinal emprestara total apoio à investidura do atual deputado Iso Moreira por meio das articulações municipais no plano estadual, do grande negociador político de Posse, doutor José Éliton de Figueredo, então diretor da Agência Goiana do Desenvolvimento Regional, sem contar as moções de apoio de outros importantes lideres regionais, haja vista o aval do então prefeito de Formosa, depois deputado Tião Caroço. Antes, no entanto, foi a ação diplomática do doutor José Éliton (popularmente conhecido como Doutor Eltinho), que resultou na migração do deputado Iso Moreira para o PSDB, sob liderança do ex-governador Marconi Perillo. Tais referências, de passagem (sem entrar na trama política do jogo de poder), apenas para enfocar o fator da representatividade do nordeste goiano e do consequente peso da responsabilidade que recai sobre seus representantes regionais, tanto no sentido da promoção do desenvolvimento regional, quanto no aspecto estritamente político de sustentação das forças existentes, para se garantir a continuidade dos necessários investimentos nessa importante faixa da região geoeconômica de Brasília.
POSSÍVEIS
ARTICULAÇÕES
Não é sem razão que o nome José Éliton Figueredo (pai do atual governador José Éliton Júnior), sempre foi lembrado como um dos potencias candidatos da base governamental (mas nunca quis assumir tal encargo), posto que sempre gozou da simpatia das lideranças dos municípios circunvizinhos os quais poderiam ter assimilado sua candidatura, para somar-se ao poder de articulação do atual representante Iso Moreira. Posse não pode ficar fora da mesa de negociação, sem compor a santa ceia dos apóstolos do poder. O atual momento histórico, de transição, revela uma nova encruzilhada para o futuro político da região, em que sem a sintonia dos passos haverá uma dispersão dos rumos. A participação dos representantes regionais no governo estadual será sempre necessária, marcando presença tanto na Assembleia Legislativa quanto na Câmara federal. Agora surgem novas lideranças no espaço político regional. É fundamental que tais lideranças se reúnam e se unam em torno dos objetivos comuns, discutindo a melhor forma de participação regional no processo político estadual, principalmente agora que o nordeste goiano se destacou como uma das mais cobiçadas regiões político-eleitoreiras dos investidores em votos.
(Emílio Vieira, professor universitário, advogado e escritor, membro da Academia Goiana de Letras, da União Brasileira de Escritores de Goiás e da Associação Goiana de Imprensa. E-mail: [email protected])
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