Opinião

Resistir sempre!

Júlio Nasser

Publicado em 10 de abril de 2017 às 23:13 | Atualizado há 8 anos

É jogo de soma zero; fazer economia de um lado às custas da pauperização de milhões de brasileiros de outro é a morte das ciências sociais; contabilidade cretina que não fecha porque jamais fechará.
Temer é o maior anticlima político desde o implemento do governo norte-americano por estas bandas em trágico 1964 e que, como maldição, insiste em não terminar; onde a partir da gestão de generais corruptos e assassinos é instalado o gozo maior da autocracia brasileira: um despotismo escancarado de sangue, roubo e dependência com uma facilidade tal que a gerontocracia verde-oliva parecia dançar valsa em um baile de debutantes.
Erramos! Tudo isso é também a expressão materializada de erros da esquerda brasileira e que levou sua política de conciliação às raias do suicídio político; some-se a isso uma passividade mórbida e odienta de uma população empobrecida e que de verdade, e por estranha construção cultural, se acha classe média. Não é e ao que consta, está muito longe de sê-la!
E este governo ainda vem falar em austeridade! Ora, ora… Austeridade o quê? Tomem como exemplo as recentes quebras das economias americana e europeia? Nada se compara com o que a cleptocracia do PMDB/PSDB busca implementar por aqui. Estaríamos no melhor dos mundos se estivéssemos a tratar de pura e simplesmente “austeridade”. Nesse país de ódio, de um macartismo tupiniquim militante e de asas abertas isso tem nome, se chama genocídio.
Um genocídio de tipo novo, institucionalizado, orientado e que se avoluma para o extermínio suave, lento e gradual de milhões de brasileiros. Que por óbvio, serão inexoravelmente mortos pelas agonias certeiras e diárias na saúde, na educação ou pelo avanço imperial das milícias a operarem nas favelas, nos bairros, nas periferias e nos sertões.
É mais do que bizarro! A onda é fazer economia cortando direitos básicos de quem trabalha; são conquistas elementares e que por evidente, são os diferenciais modernos e que distingue nossa atabalhoada contemporaneidade do vexaminoso trabalho compulsório que prevaleceu em todo o Brasil colonial onde pessoas negras eram moídas em jornadas diárias de até vinte horas ininterruptas de trabalho.
Temer e esse congresso são criminosos; como são criminosos os educados e bem trajados donatários da FIESP e, aliás, como é criminosa a elite econômica e que opera pela quebrada brasileira. Talvez retomar o absurdo econômico da abolição do instituto da escravidão seja o próximo passo; que escravidão que nada, afinal, brancos e negros sempre transaram, dessa forma, nossa escravidão é, conforme alguns “pensadores”, tipo uma “escravi-branda”.
Já imaginaram sessenta por cento do povo brasileiro formado por negros e caboclos retornando para os campos, lavouras e criações apenas em troca da marmita? Sem direito a renda, patrimônio ou qualquer política pública? Seria muito bom e o defícit da previdência desapareceria no primeiro trimestre do ano; e o governo não teria que investir uma única moeda suja com saúde, moradia, segurança, educação, cultura e participação política com essa gente. Uma baita economia! Daí essa monta de recursos poderia ser transferida canina e solenemente para a conta dos gringos.
E quanto aos deficientes? Olha… Essa gente é cara! Exige adaptação de ruas e calçadas, de banheiros e acessos. Querem cotas nas universidades e nos serviços públicos! Imaginem? Na linha do “austericídio” de Temer talvez seja importante que esse “muito digno” congresso aprove alguma lei que, em primeiro, impeça o nascimento de crianças especiais e que adote, em seguida, um teto de idade para a vida desses indivíduos. No máximo quarenta anos, dependendo da gravidade da situação. Seria alternativa político-administrativa bastante viável e ligeira para os mais de dez milhões de seres humanos e que possuem algum tipo de deformação física. Muito econômico!
Quanto aos indígenas (sempre eles!), esses resquícios anacrônicos e perdidos no tempo; que emperram o desenvolvimento do nosso agronegócio a “solução final” deve ser imediata! Chega! Já são quinhentos anos de resistências! Onde já se viu isso? Esse problema e que deveria ter sido equacionado pelos bandeirantes lá bem atrás nos implica, conforme atestamos, nesse gigantesco custo. A solução? A expropriação imediata de suas terras e águas e sua conversão automática em potência a ser explorada pelo agronegócio. E ponto final! E os índios sobrantes? Todos imediatamente para o dadivoso mundo das cidades do Brasil. Não é de fácil solução?
Faríamos uma economia gigantesca; as contas públicas seriam por fim, saneadas; os defícits fiscais dos estados e da união desapareceriam e teríamos como consequência, elevados superavíts orçamentários para investimentos de real importância. Não dá pra entender que sem maldade não pode haver economia? Que quanto mais perversa a economia for mais reserva nos cofres? Quanto mais genocida mais excedente?
Hitler ensina! Todos os judeus da Alemanha nazista foram expulsos dos serviços públicos; perderam suas rendas, seus patrimônios e seis milhões deles viraram cinza nos campos de morte do nazismo. Esse expediente abriu uma quantidade enorme de possibilidades de ascensão social e econômica para os cidadãos da Alemanha. Reclamar… Pra quê?
Temer aprendeu! O que este governo desgraçado está ensaiando por meio das flexibilizações, das terceirizações, de mais precarização, do corte em investimentos necessários em educação e obrigações sociais e constitucionais está fora dessa lógica? Condenar milhões de cidadãos brasileiros bons e honestos à morte pela falência de serviços públicos não se assemelha a algo do Terceiro Reich?
E nosso silêncio? Nossa apatia? Nossa indiferença? Não? Por que resistir? Porque, vejam bem… Nós somos a humanidade e não se esqueçam disso! Fora Temer!

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