Ribeirão Preto, D. Pedro II e os Antônio – Os portugueses roubaram o Brasil?
Diário da Manhã
Publicado em 7 de abril de 2018 às 00:12 | Atualizado há 7 anosA foto, uma das preciosidades do nosso “álbum de família”, registra a audiência concedida, pelo saudoso colendo Antônio Duarte Nogueira, 1937-90, mineiro, de São Francisco de Sales, médico, prefeito de Ribeirão Preto em dois mandatos, a este escrevinhador, ainda guri, com 13 anos, no “Palácio Rio Branco”, que é sede da prefeitura até hoje. O seu filho, o ribeirão-pretano Antonio Duarte Nogueira Júnior é o atual prefeito e eu acho, só acho que a grande maioria dos eleitores votou nele fiada no provérbio: “Filho de peixe peixinho é”, entretanto, a sua predecessora, cujo nome omitirei, deixou-lhe um abacaxi dificílimo de descascar, tanto que ela está presa acusada de ter liderado a maior quadrilha criminosa da história do interior do Estado de São Paulo durante os seus mandatos, mas, não me contenho, pois, “jurei” não omitir absolutamente nada do misericordioso leitor, então, vou dar uma dica, com trocadilhos, do nome da sujeita, é fácil de decifrar, está nas palavras aspadas da seguinte frase: Ela jurava que iria “dar-se” para o povo, é “vero”. Ela e alguns distintos vereadores e empresários – um, inclusive, suicidou – delapidaram a cidade, é verdade, é a realidade, mas não estamos aqui para discorrer sobre buracos nas finanças e nos asfaltos, não estamos no “presente”, estamos no “passado”, quando a cidade era limpa e linda, as praças limpíssimas, então, voltando para o nosso passeio no passado que lá estaremos melhor, então, o lindo “Palácio Rio Branco” foi inaugurado em 26 de maio de 1917, completou, portanto, em 2017, um século, 100 aninhos. Encrustado no epicentro da cidade, nenhum muro, nem, sequer, cercas, quinze passos da “Praça XV de Novembro“, inaugurada em 1890, linda, com o seu lindo chafariz, ou “fonte luminosa” e agora, ainda mais agora, relatando, rememorando, escrevendo, ou, melhor, digitando, muitas, muitas imagens me vêm à mente como “presentes” do “passado”, reminiscências, vejo, nitidamente, as cores das águas da fonte luminosa subindo, vertiginosamente, aos céus, umedecendo o meu rosto, de 6 aninhos, vejo-me circulando à volta da fonte “pilotando” um triciclo com duas rodas, vermelho e branco, de lata e das risadas dos adultos vendo-me pedalar e pendular num veículo sem uma das rodas traseiras, não me recordo se, direita, ou esquerda e o papai – Antônio Gonçalves Dias Filho, 1933-83, mineiro de Barreiro, militar, trabalhou em São Paulo, Ribeirão e foi comandante de destacamento em algumas cidades circunvizinhas, entre elas, Araminas, Orlândia, São Simão e está sepultado aonde queria, em Ribeirão Preto – sim, o papai poderia, facilmente, consertar, recolocar a pequena roda no triciclo, mas, mas não o fez, estava me treinando, certamente é por isto não morri nos acidentes com as motos, obrigado pai, obrigado mestre Antônio Gonçalves Dias Filho, bem, com tais reminiscências chegamos na outra extremidade da imensa praça e pisamos no lindo, imenso e rígido “passeio” de pedras, na “esplanada de paralelepípedos”, defronte de um outro colosso arquitetônico ribeirão-pretano, um dos mais lindos do planeta, o maravilhoso “Teatro D. Pedro II”, homenagem àquele que governou o Brasil por 49 anos conquistando a metade do que é, hoje, o continental território brasileiro – o Brasil tornou-se, então, o maior país, em extensão territorial, do Hemisfério Sul, portanto, na melhor das terras e clima do planeta.
O brasileiro D. Pedro II, nascido no Rio de Janeiro na cidade de Petrópolis, jamais roubou um níquel da Colônia onde nasceu, amava o Brasil que governou de modo magistral, tanto que no seu governo imperou a liberdade de imprensa e a economia era mais portentosa que a economia de Portugal, além disto, foram construídos “fortes”, faróis, gastos com armamentos, vestuário e mantimentos para milhares de “soldados” espalhados pela imensidão do país, enfrentando constantes tentativas de invasões de franceses, holandeses, entre outros, entretanto, a principal herança dos portugueses, que é a maior arma de um povo, é o idioma – lógico, amalgamado, maravilhosamente, com inúmeros idiomas, especialmente o Tupi-Guarani – enfim, estamos sendo ingratos com os nossos irmãos portugueses, afinal, sabemos que houve roubo, desvios, corrupção, estas coisas ocorrem em todos os governos, mas, aposto, o que foi desviado, roubado é mixaria, troco, centavos, se comparado com a herança territorial, os território conquistados dos espanhóis, entre eles o “Grande Maranhão” – parte do nordeste, que faz fronteira com as Guianas – e, lógico, o pulmão do mundo, a Amazônia. O conquistador foi músico, poeta, exímio em inúmeras artes, conhecido e admirado por dignatários de todas as partes do planeta, tanto, que o seu funeral e sepultamento, em Paris – para onde foi banido depois da proclamação da republiqueta de araque – apesar do dia ter sido de intenso frio, até nevou, foi um dos funerais mais concorridos do século com a presença de presidentes e reis, então, para nós, D. Pedro II – cujo nome, é tão extenso que ocuparia metade deste parágrafo – é, indubitavelmente, um dos brasileiros mais eméritos da nossa história e o majestoso “Teatro D. Pedro II”, inaugurado em 8 de outubro de 1930, tombado, pelo Estado de São Paulo, “entregue” para o município dia 10 de junho de 2017 é um presente para Ribeirão Preto, que completou, nove dias depois, em 19 de junho de 2017, 161 aninhos.
Agora o pretensioso escrevinhador pegou a mania de homenagear filhos e, da última vez, no artigo publicado dia 4 passado, intitulado de “Lula e Temer presos no trânsito?”, chegou a parabenizar um amigo que aniversariava com ele, mas, desta vez, eu acho e acredito, faço, até, votos, o misericordioso leitor avaliará como correto o fato dele dedicar estas linhas ao seu filho Antonio Felipe Batista Gonçalves Dias, “gente boa demais da conta”. Até.
(Henrique Gonçalves Dias, jornalista)
]]>