Opinião

Salve, salve!

Diário da Manhã

Publicado em 30 de janeiro de 2018 às 22:03 | Atualizado há 7 anos

Já não ou­vi­mos das mar­gens plá­ci­das do Ipi­ran­ga, o som de um bra­vo he­rói­co re­tum­ban­te por­que es­ta­mos can­sa­dos, sem voz e sem for­ças pa­ra gri­tar.

O sol da li­ber­da­de ofus­ca­do pe­los ín­di­ces de de­si­gual­da­de, des­go­ver­no e cor­rup­ção só bri­lha no céu da pá­tria pa­ra li­ber­tar os que de­vi­am es­tar fo­ra do con­ví­vio so­ci­al e es­cra­vi­za os ho­mens e as mu­lhe­res de bem que não po­dem pa­gar por um lu­gar ao sol.

O pe­nhor des­ta tão cla­ma­da igual­da­de e a sua con­quis­ta com bra­ços for­tes só foi con­quis­ta­da no pa­pel, em le­tra mor­ta, mas nun­ca de fa­to.

No seio da li­ber­da­de so­mos to­dos os di­as de­sa­fi­a­dos a so­bre­vi­ver em um Pa­ís sem se­gu­ran­ça, que ex­põe nos­so pei­to à pró­pria sor­te.

Oh! Pá­tria tão mal ama­da por seus go­ver­nan­tes, ido­la­tra­da so­men­te por quem su­ga seu so­lo sem ne­nhu­ma re­tri­bu­i­ção. Que al­guém lhe sal­ve!

Bra­sil cu­jo so­nho in­ten­so de ser uma gran­de Pá­tria re­tro­ce­de em ques­tões bá­si­cas de ci­da­da­nia e por is­so não avan­ça. Seus rai­os já não são ví­vi­dos, mas pá­li­dos e sem luz. Sem amor e sem es­pe­ran­ça a ter­ra des­ce, pois teu for­mo­so céu não sor­ri e há mui­to dei­xou de ser lím­pi­do pe­la po­lu­i­ção das cha­mi­nés re­ais e sim­bó­li­cas que es­con­dem a ima­gem do cru­zei­ro.

Gi­gan­te ador­me­ci­do nun­ca sou­be apro­vei­tar tu­do o que lhe ofe­re­ceu a na­tu­re­za e, por is­so, já não é tão be­lo, nem for­te e mui­to me­nos im­pá­vi­do, só lhe res­tan­do ser um iner­te co­los­so.

O teu fu­tu­ro es­pe­lha te­mor e in­cer­te­za por de­sa­fi­os ain­da a se­rem ven­ci­dos.

Ter­ra ado­ra­da, que se dei­xou ul­tra­pas­sar por ou­tras mil, tu Bra­sil já não é tão ama­da e seus fi­lhos bus­cam re­fú­gio e opor­tu­ni­da­des em paí­ses mais prós­pe­ros e com mais pers­pec­ti­vas, pois já não és tu uma mãe tão gen­til.

Por con­ti­nu­a­res dei­ta­do e iner­te, jul­gan­do sem­pre es­tar em ber­ço es­plên­di­do, não cu­i­da de seus rios e ma­res que per­dem o som e a pro­fun­da luz.

Ful­gu­ras ó Bra­sil co­mo uma in­cer­te­za na Amé­ri­ca que vê res­plan­de­cer o sol em ou­tros mun­dos.

Sua ter­ra não é mais gar­ri­da, não sor­ri, pois seus cam­pos per­dem as flo­res e dei­xam seus bos­ques sem vi­da e nos­sa vi­da sem seu amor.

Oh! Pá­tria tão mal ama­da, que al­guém lhe sal­ve, lhe sal­ve!

Bra­sil que um amor ver­da­dei­ro, ain­da que não se­ja eter­no se­ja pe­lo me­nos pe­la es­pe­ran­ça de um re­co­me­ço o sím­bo­lo des­se lá­ba­ro de es­tre­las ofus­ca­das; e que o ver­de-lou­ro des­sa flâ­mu­la dei­xe de ser des­ma­ta­do, pa­ra que de fa­to te­nha­mos paz no fu­tu­ro, mes­mo não ten­do mui­tas gló­rias pas­sa­das a nos or­gu­lhar­mos.

Pois se er­gue­res da jus­ti­ça a cla­va for­te, ve­rás que nem to­dos os seus fi­lhos con­ti­nu­a­rão a lu­tar pois per­de­ram a es­pe­ran­ça e ho­je te­mem a mor­te.

Ter­ra Bra­sil, que pos­sas ser ver­da­dei­ra­men­te ado­ra­da e que en­tre ou­tras mil, tu Bra­sil se­ja ama­da pe­los seus fi­lhos que ape­sar de tu­do con­ti­nuam gen­tis, Pá­tria que pre­ci­sa ser ama­da! Bra­sil!

 

(Pro­fa. pós-drª Si­mo­ne An­to­ni­a­ci Tuz­zo, pro­fes­so­ra e pes­qui­sa­do­ra do Pro­gra­ma de Pós-Gra­du­a­ção em Co­mu­ni­ca­ção da UFG)

 

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