Opinião

São Jorge: um santo guerreiro

Diário da Manhã

Publicado em 12 de maio de 2017 às 02:58 | Atualizado há 8 anos

O mês de abril, no calendário dos santos da Igreja Católica, é dedicado aos santos guerreiros como Santo Expedito (19); São Jorge (23). São Jorge nasceu em 275, na antiga região chamada Capadócia. Hoje, esta região é parte da Turquia. O pai de Jorge era militar e faleceu numa batalha. Após a morte do pai, Jorge e sua mãe, chamada Lida, mudaram-se para a Terra Santa. Lida era originária da Palestina, mulher que possuía instrução e muitos bens. Ela conseguiu dar ao filho Jorge uma educação esmerada.

Ao atingir a adolescência, Jorge seguiu a sina de muitos jovens da época e entrou para a carreira das armas, pois tinha um temperamento naturalmente combativo. Tanto que logo tornou capitão do Exército romano. Jorge tinha grandes habilidades com as armas e muita dedicação. Por causa dessas qualidades o imperador Diocleciano deu a ele o título nobre de Conde da Capadócia. Assim, com apenas 23 anos, Jorge passou a morar na alta Corte de Nicomédia. Nesse tempo, ele exerceu o cargo de tribuno militar.

Quando o imperador Diocleciano declarou perseguição aos adeptos do cristianismo, Jorge protestou e acabou sendo torturado pela insolência. Ele morreu decapitado em 23 de abril de 303, mas sua história foi contada em diversas cidades do Império Romano pelos soldados que estavam em missão. Foi assim que ele ganhou fama e virou São Jorge, o santo guerreiro. Essa é, em teoria, a história verdadeira, conforme é contada pela Igreja Católica. Mas o santo também está envolvido em algumas lendas.

Sobre sua história há muitas histórias envolvidas. O dragão – que está sendo esmagado por ele com uma lança – é o símbolo de sua luta contra o demônio. O cavalo branco no qual está montado é a representação da montaria que usava como soldado. A lenda de que o santo mora na Lua pode ter raízes brasileiras: na Umbanda, São Jorge corresponde a Ogum, o santo da guerra. Esse orixá tem energia masculina, o que o faz buscar vibrações femininas na Lua – daí a relação.

A festa em sua homenagem foi estabelecida pelo Concílio Regional de Oxford, na Inglaterra, no Século XIII e, no Século XIV, o rei Eduardo III adotou São Jorge como santo padroeiro do país — tanto que a cruz do mártir forma a bandeira inglesa e faz parte da bandeira do Reino Unido. No início do século XV, o arcebispo de Canterbury decretou que a comemoração deveria ser tão festiva quanto o Natal. Mas a coisa não parou por aí.

São Jorge é santo padroeiro de uma coleção de cidades — como Roma, Gênova e Moscou— e até de regiões inteiras de Portugal, da Espanha, Lituânia, Índia, Egito, Alemanha, Bulgária, Síria e Bélgica para mencionar algumas. Com respeito ao nosso País, como fazia parte do Império Português, acabamos por “herdar” a devoção a São Jorge.

O mártir é o padroeiro da equipe paulista do Corinthians, também é ele quem dá o nome à sede social do time e ao bairro no qual se encontra – Parque São Jorge. Aliás, o endereço oficial do timão é “Rua São Jorge, nº 777”, e inclusive existe uma capela em homenagem ao santo nas dependências do clube.

Alguns locais onde a Umbanda e o Candomblé são praticados, ele corresponde a Ogum, o orixá da guerra, muitas vezes invocado para abrir caminhos. São Jorge é também invocado para solução de problemas insolúveis e questões difíceis na vida material e espiritual. No Rio de Janeiro a festividade é comemorada por centenas de devotos e fiéis.

 

(Gil Barreto Ribeiro, professor emérito da PUC-Goiás, diretor da Editora Espaço Acadêmico)

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