Segurança Pública não encanta
Diário da Manhã
Publicado em 20 de fevereiro de 2018 às 21:56 | Atualizado há 7 anosNem mesmo a chegada do Sr Irapuã Costa Júnior na pasta da Segurança Pública tem empolgado jornalista, sociedade ou às policias em Geral. Esperimentado e aprovado no trato da coisa pública, não é a competência do Sr Irapuã que é colocada em questão. Igualmente não tem encantado a substituição dos Coronéis Divino Alves e Antônio Borges pelos Coronéis Silvio Vasconcelos, Ricardo Rocha e André de Avelar. É certo que a presença dos Srs Ricardo Rocha e André Avelar (o Vasconcelos estava na equipe anterior), alavancam de alguma forma o ânimo da operacionalidade. E qualquer alavancagem na Segurança será bem-vinda. Mas utilizando as palavras de um Coronel: não está nada bem na segurança. Não se deve tapar o sol com a peneira: não está nada bem.
O primeiro motivo para não empolgar, é o fato de que tudo que tem sido feito, deixa a impressão de estar sendo feito para azeitar candidatos neste ano eleitoral. Providências que poderiam ter sido tomado ou que sequer deveriam ter sido pensadas, são tomadas às pressas não para solucionar a questão da segurança, mas para se adaptar às vontades do candidato. O segundo motivo, este mais evidente, é que o problema da Segurança não está nos nomes que a comanda, mas na estrutura em que ela se firma. Sem presídio suficiente e adequado, com legislação frouxa e incapaz de conter nas poucas cadeias o criminoso contumaz, é impensável ter uma segurança pública de qualidade só com a troca de nomes, por melhores que sejam os nomes e, repito, os nomes são muito bons. Estamos pulando no vazio.
Para piorar o quadro, o Estado também não tem feito sua parte. Nos últimos anos, o efetivo da PM baixou de mais de 14 mil homens, para algo em torno de 10 mil. Uma ótima idéia, que foi a inclusão do Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual, o SIMVE, foi desfigurada ao ser utilizada como apanágio da segurança ao ponto de, questionada pelo MP, foi destruída no nascedouro. O Governo, a despeito de leis equivocadas como as chamadas leis detefon, aquelas que expulsavam coronéis da ativa, o que fere de morte a previdência Estadual, ainda achou de colocar na tropa, a culpa pelo desequilíbrio nas contas públicas Estaduais, o que lhe drenou o respeito. Para piorar sua relação com a tropa, extinguiu promoções, algumas criadas convenientemente no período eleitoral passado, atingindo o moral da tropa, elemento abstrato que os velhos comandantes faziam questão de preservar como elemento motivador inquestionável, mesmo em tempos de salários baixos. Por fim, falta o básico. Estive presente no embarque da tropa escalada para o policiamento de Carnaval. Lá, não foram poucos os comandantes que me procuraram para dizer que suas tropas estavam indo trabalhar sem colete balístico e sem munição. Muitos utilizando o velho 38, arma aposentada de há muito da Corporação. Perguntado o que fariam, responderam que deveriam se virar. Foi assim, deixando a tropa se virar, que o Rio de Janeiro chegou onde chegou.
O Estado de Goiás não caiu nas mãos do crime organizado, porque ainda tem uma tropa agarrada aos princípios e valores nobres de outrora. Mas o descaso e desrespeito na forma de conduzi-la, mesmo com escolhas de homens valorosos para sua cúpula, pode não dar o resultado esperado pelo simples fato de não estar em suas mãos certas medidas. Ter um orçamento em sua mão poderia ser a primeira providência.
(Avelar Lopes de Viveiros, cel RR da PMGO, diretor de Unidades de Conservação da Amma, presbítero da Igreja Batista Renascer. Foi comandante de Ensino da PMGO)
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